50/50/51 escrita por Lari B Haven


Capítulo 6
Dia 41: "Ao menos a sua promessa, é minha morfina..."


Notas iniciais do capítulo

Bom, como vou começar um intensivo do Enem resolvi aproveitar a minha pequena folga e atualizar a fic logo. Provavelmente vou ir adiantando o máximo de capítulos que consegir.
Playlist de hoje:
FanficPlaylist: 50/50/51:"Ao menos a sua promessa, é minha mofina...": http://www.youtube.com/playlist?list=PL8F9qP3wven3jLtZ0-GhlM-3Ky5e7w8na



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Dia 41

Eu decidi esquecer a noite passada já que meu pai acordou estranho.

Eu por um milagre acordei mais cedo e passando pelo seu quarto o ouvi tendo uma conversa estranha com Júlia.

—Não podemos perdoá-la Júlia! -ele disse mais alto- Ela destruiu e destroçou essa família e ainda admite isso!

—Fale mais baixo! Vai acordá-lo! -ela começa a murmurar- Nirvana era uma criança! Uma criança que não teve culpa do que fez! Que consciência crianças tem? Esqueça! -ela suspirou.

—Eu não vou esquecer! Se ela sequer pensar em… -ele se calou, parecia engolir uma magoa enorme- Eu não vou conviver com isso! O pior não é o que aconteceu com ela, mas ele, ele a adorava e ela o abandonou! E isso eu não perdoo!

—Espera…. -ela pareceu me ouvir do outro lado da porta- Não… -eu estava pronto para correr quando ela se afastou- O João vai ficar bem…. Marcina vai aceitar ele de volta, com toda a certeza… O João é um bobo apaixonado e a Marcina… Ela é uma idiota que nunca fica com raiva….

Era só uma conversa chata sobre como um possível colega de trabalho do meu pai tinha traído alguem com alguma mulher mais nova. Por um momento achei que iam discutir novas maneiras de me colocar em um manicômio mais cedo. Por que a essa altura eu mesmo questionava minha sanidade.

Os constantes desmaios, as tonturas, minha crise de raiva, todos esses sintomas voltando e eu querendo uma falsa normalidade em minha vida. Por isso quero tentar esquecer a manhã desconfortável que tive com ambos me olhando com cara de enterro. Desde que foi confirmado que a conta que meu pai batalhou para ganhar se fechou com aquela reunião no domingo, e ele e Júlia tiveram uma noite especial, eu tinha ficado feliz, mas então algo aconteceu e todo o encanto se quebrou me deixando desolado e perdido.

Então vou me concentrar em citar o que aconteceu antes dos cursos da tarde. Perto do ultimo sinal.

Eu me lembro de estar na sala, me tornando a pessoa mais anti-social do planeta. Eu não queria ver nem a sombra de Cássio, estava evitando Paulo por uma rasão bem obvia e apenas fingindo que não ouvia ele explicar sobre como resolver a equação de física era ridículo. Fábio parecia muito relaxado, mas Marcos estava um pouco tenso desde de manhã. Eu estava terminando de ler 1984 com os coração aos pulos por Winston, já que ele estava sendo torturado e eu não estava acreditando no que estava acontecendo. Goldstain existia mesmo? Ou tudo aquilo foi uma ilusão? Eu simplesmente não sabia. Eu ainda estava chateado com o O’Brien e com o que aconteceu no livro.

Eu estava lendo as ultimas linhas quando ela me olhou de um jeito que me deu um pouco de medo. Mas era só curiosidade. Era difícil admitir, mas ela era realmente bonita com aqueles olhos negros. Seus olhos era a melhor descrição do poema de Poe “O corvo”. Acho que ela já leu este livro. Isso me fez pensar que era chato ser o único que lê na sala. Eu gosto de falar com os outro sobre o que eu li, as impressões que eu tive e pelo visto ela seria a única que iria me entender.

Ela se levantou e achei que ela viria até mim. Pois na minha mente já observava a cena clichê de seus cabelos negros esvoaçando em direção a mim. Em uma cena demasiadamente romântica e melosa demais, porem ainda sim, não custava nada idealizar um pouco. Afinal eu precisava entrar na mente dela, embora também achasse aquilo exagero até para ela. Mas então o Marcos me acordou do meu devaneio me chamando para um canto quando o sinal bateu e ela desviou o percusso indo em direção a porta. Não sabia o que ela queria comigo, mas eu estava quase me sentindo feliz por ela me escolher para algo.

—Daniel! - Marcos me cobrava atenção enquanto ela levava um pouco da luz daquele dia consigo- Daniel me escuta! -ele sentou do meu lado e observou se tinha mais alguem prestando atenção.

—Eu não sou surdo Marcos… Não é por que estou lendo que não estou te ouvindo… -mentira. Eu tinha terminado aquele livro e estava apenas o ignorando gentilmente, por que realmente não estava afim de conversar.

—Eu queria falar sobre o Paulo… -ele me murmura ao ver que Fábio saiu- Ele anda meio estranho… -ele diz tenso.

Droga! O assunto proibido. Eu vinha evitando isso a tempos, mas uma hora seria inevitável não mencioná-lo, preferia que o pequeno segredo morresse conosco, já que eu nunca teria coragem o suficiente de enfrentá-lo diretamente. Eu iria procurar seus pais quando eu tivesse provas concretas sobre o caso. No entanto o assunto agora era sério e isso significava prestar toda a minha atenção a ele.

—Merda! Fala logo Marcos! Parece que você vai explodir cara! -eu digo largando o livro na mesa e me virando para ele.

—Foi muito estranho… Sério cara! Foi horrível! -ele tentava esconder o pavor crescente- Eu estava subindo a rua de casa de bicicleta ontem a noite, como eu sempre faço para voltar para casa, mas então…. -ele observou a sala novamente procurando alguem- Eu vi ele e o Freitas… Naquele beco da rua 10, que as pessoas usam para juntar o material de reciclagem.... Mas...

—E o que mais? -pergunto rangendo os dentes.

—Eu vi os dois, o Freitas estava fechando o zíper da calça e o Paulo ajoelhado rindo! Depois eles se abraçaram… -ele fechou os olhos por um momento- Eles estavam trocando pacotes com uma coisa branca dentro, um tipo de pó! Depois o Paulo deu dinheiro pro Freitas. -ele diz mordendo os lábios- Eu fiquei com medo, por que cara… Você conhece o Paulo! Ele nunca foi disso! Precisamos fazer algo…. O pior é que eu achei que era só piração minha até o Cássio ouvir ele conversando naquele mesmo beco sobre preferir o pó branco a coisa verde!

—Precisamos de algo concreto contra ele… Se falarmos que apenas ouvimos…. Ele não vai aceitar e os pais deles não vão acreditar! -eu respirei tenso- Vamos fingir que nada aconteceu e vamos procurar os pais dele quando e apenas quando, conseguirmos provas… -disse calmamente, querendo sair dela o mais rápido possível.

—Tudo bem! Eu e o Marcos vamos ficar de olho aberto! -ele disse e vimos ele entrar olhando para nós com um sorriso no rosto e com a pesquisa do trabalho de Geografia na mão.

—Eu vou sair, -digo- finja que nada aconteceu e não fala nada pro Paulo, ele vai negar e piorar as coisas. Avisa o Fábio… -eu me levanto com alguns livros na mão- E não o ignore, vai ficar tudo bem!

Saio quase voando da sala atropelando Paulo na entrada e todo mundo que eu encontro no caminho. Meu pesadelo era real e eu tinha testemunhas. Eu praticamente levanto voo e vou a biblioteca. Como sempre ela esta lá, e isso me acalma um pouco, nada como um incêndio controlado para me ajudar a por em ordem o furação que eu entrei. Lá estava quente e eu mal a vi da primeira vez.

Lá esta agitado, com todos pegando livros para os mais trabalhos de pesquisa, já que alguns dos nosso professores eram arcaicos e exigentes demais para aceitar algo chamado: “Google”. Eu só a reconheço pela saia vermelha e xadrez por cima de um jeans some por detrás de dois garotos na doze centímetros mais altos que eu. Contorno essa prateleira e chego na intercessão dando um susto nela, que olhava para trás.

—Olá… Escolhendo um livro novo? -pergunto respirando fundo.

—Talvez. -ela me responde enquanto ela passa rápido pelas prateleiras da oitava estante. Tinha muita gente lá naquele horário, mal podia respirar. Eu sentia ela um pouco desconfortável e respirando fundo- Que horas vamos estudar hoje? -ela disfarça o desconforto já que não a deixo passar.

—Bom… Acho que não vamos mais poder estudar aqui… Isso vai lotar por pelo menos um mês agora… -eu disfarço sorrindo e deixando ela ir até a ultima estante- Você me disse que podíamos estudar na sua casa… Eu acho que fica melhor depois dos treinos, assim você não se atrasa mais e eu… -coço a cabeça e a olho com a minha cabeça baixa- Bom de qualquer forma aqui vai ficar muito difícil…

—Tudo bem… Esteja lá as 16:00 horas. -ela desvia o olhar de modo áspero ao se virar para pegar um livro na ultima e mais alta prateleira- Droga!

—É esse? -eu estico o braço apenas um pouco e puxo um exemplar de Janes Austen, arquivado na letra “A” (ainda acho estanho a ultima estante ser a meio que a primeira), já que organizamos pelo sobrenome- “The Beautifull Cassandra”, definitivamente é aquele tipo de livro que você bota os olhos e parece ter seu nome na capa! - caçoo dela.

Ela me analisa por alguns minutos, seu rosto parece o de uma criança custosa, apenas esperando para ver minha reação dentro daqueles lábios mordiscados e pintados de uma camada clara de vermelho alaranjado.

—Não enche! -ela diz com o olhar felino- Esteja lá as quarto! Ou amanhã vai aparecer no jornal como um corpo boiando no rio! -e some de lá.

Eu ando de volta para sala, me afastando da loucura que estava aquela escola. Então me lembro de que esqueci completamente que tinha psiquiatra para hoje. Eu espero ela se sentar na sua carteira e vou até ela meio envergonhado.

—Meu rosto vai ser muito ferido? -pergunto deixando um riso bobo escapar.

—Por que? -ela pergunta distraída.

—Por eu provavelmente não vou poder ir na sua casa hoje. Tenho médico! -respondo me sentando na sua carteira de modo relaxado. Ela se irrita puxando o caderno em que sentei em cima, de debaixo da minha bunda.

—E o que o senhorito tem? Folga excessiva? Por que já vi casos em que tiveram que operar a pessoa e tirar toda a folga dela… Elas se tornaram pessoas civilizadas que usam cadeiras! -ela diz de modo irônico guardando os livros e respirando fundo.

—Você tem claustrofobia quando se sente desconfortável… -noto ao vê-la suar um pouco e disfarçar se contorcendo pela proximidade que estávamos. Eu sem querer cheguei mais perto de seu rosto- Eu sofri um acidente a algum tempo… As vezes tenho crises de claustrofobia e preciso tomar pilulas… Muitas! -eu confesso a ela para não me sentir estanho ao invadir ela desse jeito de novo- Na verdade eu estou indo trocar essas pilulas hoje…

—Você esta dizendo a verdade? -ela cruza os braços e conta até 100 em números primos, uma técnica que todos os psicólogos ensinam para evitar momentos de crise.

—Sim… -afirmo de cabeça baixa e olho em seus olhos.

—Então pode ir… -era responde- Mas se não aparecer amanhã… -ela me olha emburrada- Vai estar em uma cova amanhã… E eu estou falando sério! -ela diz enquanto eu evito rir da sua careta séria- Não implique com a garota estranha! -começo a rir, o meu riso é contagiante, por que agora ela mesmo luta para se manter séria e sombria, mas não consegue- Você viu muito bem o que aconteceu em “Carrie, a estranha”! -eu me levanto rindo mais- Ela destruiu a cidade e matou todo mundo! -ela disfarça e diz fazendo caretas para não rir- Nos temos poderes!

Eu me levanto e ando de costas olhando para ela, eu estava voltando para a minha carteira.

—Definitivamente ganhei meu dia! -quase grito do outro lado da sala- Eu fiz você rir! E de si mesma! -ela na mesma hora agarrou um livro e escondeu nele seus rosto vermelho.

Todos olhavam meio espantados com a cena. Eu tinha despertado algum sentimento nela e me sentia incrível por isso! Eu não dava minima para os olhares, ela estava indo bem sendo até considerada “aceitável” no meio da selva que era a sala de aula. Era bom ser natural e não fingir com alguem. Mas o melhor era saber que ela estava começando a gostar de mim… Talvez fosse um sinal.

Porem essa foi a única parte boa do meu dia. Por que voltei com uma receita enorme com uns três comprimidos diferentes e sessões de diversas terapias marcadas durante a semana todas as quintas a partir de agora com um psicólogo.

Para compensar, ao menos amanhã sairia a noticia sobre como era a personagem da expansão de Tales of Fênix, que claro eu já pre-ordenei antes de perder a minha mesada para o Cássio. Eu finalmente veria como Niex é de verdade. Talvez isso melhorasse um pouco o aspecto geral dessa semana. Especialmente por que amanhã eu entraria pela primeiramente na casa dela.

Quem sabe isso me ajude a superar as partes ruins desse dia, que querendo ou não iam me obrigar a fazer algo. Afinal, ela tinha me prometido que eu ia a casa dela. Ao menos a sua promessa, é minha morfina...

Acho que isso é um boa noite... Como se você pudesse responder.

Mesmo assim finja como se estivesse me desejando sorte.


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Notas finais do capítulo

Comentem.



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