Seus pertences já estavam devidamente colocados na mala, não eram muitos, mas ela tinha demorado mais de duas horas arrumando aquela malinha, esperando que ele entrasse pela porta e lhe pedisse para ficar, mas ele não falava nada e ela estava cansada daquilo, estava cansada de ficar esperando por ele.

Ele deveria dizer algo, certamente deveria, mas ao olhar para ela com a mala em mãos e lágrimas nos olhos só o deixava confuso. Ele estava se sentindo pequeno e indefeso, era demais para a sua pobre cabeça já atormentada.

Ela ergueu a cabeça e passou com falsa confiança pela porta do quarto do casal, ela estava arrasada, Luke já não parava em casa há muito tempo, sempre preocupado com milhões de outras coisas, mas nunca com ela. O amor que ela sentia era grande, e os dois sabiam, mas Thalia não conseguia amar por dois, ela o seguiria por qualquer lugar, mas ele não a tinha escolhido, preferia o trabalho, assim pensava.

Ele não sabia como amar, não que ele não a amasse, mas não sabia como deixar isso claro pra ela, ele era novo no amor, aquele sentimento arrebatador e intenso nunca tinha sido sentido antes, ele não sabia o que fazer além de olhar para o quarto, agora vazio.

Eles precisavam um do outro, ele não sabia viver sem aqueles olhos faiscantes ao seu lado, precisava de sua menina, para que ela caminhasse ao lado dele, que o apoiasse, mas ela não conseguia suportar aquele peso. Luke era demais para ela, e ela estava desistindo.

Ele sentia o peso no coração de não ter corrido atrás dela naquela hora, ele ainda tinha chances, mas também tinha orgulho. Orgulho que jogou fora ao pensar no que perderia se não estivesse ao lado dela, Thalia era importante demais para que pudesse ignorar tudo e seguir em frente. A mulher era tudo e mais um pouco para ele.

O coração da menina se recusava a deixá-lo ir, mas sua mente a impulsionava para longe, ela o amava demais e estava ignorando o belo futuro que poderiam ter juntos. Ela lamentava o fato de ter que abandoná-lo, mas ela estava dizendo adeus.

Ele queria que ela dissesse alguma coisa, mas ela só caminhava para longe, para longe dele e de tudo que desejava para os dois. Ela estava causando o próprio sofrimento sem ele, se dirigindo para a própria infelicidade, pois acreditava que ele já não era mais feliz ao seu lado e isso a decepcionava, era demais para ela aguentar, já tinha passado por coisa demais nessa vida para enfrentar algo que, em sua cabeça, não iria dar resultado.

Mas ela também queria que ele falasse algo, era dizer apenas uma palavra e ela voltaria correndo sem nem pensar duas vezes, mas seu silêncio deixava claro que não era pra ser, que eles dois não eram o suficiente para continuarem.

E então ele ergueu a voz falha, tremida e verdadeira. Ela olhou para trás e sorriu. Ele tinha dito algo.