Eva estava deitada em sua cama com seu fone no ouvido, digitando simultaneamente no celular, cantarolava baixinho a musica que ouvia. Anastácia arrumava seus livros na pequena mesinha de canto branca que estava havia no canto da parece, o pequeno notebook passava uma banda de rock que ela amava.

–Eva- Anastácia olhou para a irmã que não a ouviu- Eva!-falou um pouco mais alto.

Sem sucesso ela andou até onde estava sua irmã mais velha e retirou os fones brancos de seus ouvidos.

–você viu meu livro de literatura?

–não vi Tásia, já procurou no guarda roupa?

–já procurei em tudo e não acho, minhas anotações estão todas naquele livro, amanhã eu terei prova na escola, preciso estudar.

A menina se sentou ao lado da irmã frustrada.

–onde foi o ultimo lugar em que você esteve com ele?

–hm...foi na casa de Regina acho, eu tinha levado pois achei que seria um tédio passar o final de semana la, pensei em estudar, mas acabou sendo divertido eu nem toquei no livro, achei que tinha deixado na minha bolsa.

–tem uma capa vermelha?

–sim.

–Tásia, me desculpa, eu fui para pegar minha escova de dentes na sua bolsa e acabei tirando o livro e colocando em cima da mesinha do quarto, deve ter ficado la.

–tudo bem, eu vou chamar o papai para irmos busca-lo, tenho que estudar.

–eu vou junto- Eva se levantou- assim posso falar oi para Regina.

–eu não entendo porque nossos pais não permitem que a vejamos, ela é uma pessoa tão legal.

–eu também não- Eva disse colocando a blusa de frio.

As meninas saíram do quarto, Mary Margareth estava na cozinha, David estava sentado no sofá vendo o jornal.

–pai preciso que me leve até a casa de Regina- Anastácia disse meio receosa.

David desviou o olhar e viu suas duas filhas paradas em sua frente. Mary Margareth estava distraída na cozinha e não ouvia a conversa dos três.

–porque?

–eu esqueci meu livro de literatura no quarto e amanha tenho prova, todas as minhas anotações estão la, preciso estudar.

–tudo bem, mas eu quero que sejam rápidas, nada de ficar de papinho com a Regina entenderam? Sua mãe já esta com os nervos a flor da pele não quero dar mais motivos pra ela ficar nervosa.

As meninas não disseram nada, David colocou a jaqueta preta e se dirigiu ao carro com suas duas filhas.

–eu não entendo porque vocês não gostam de Regina, ela pareceu ser uma pessoa tão incrível, tratou a mim e a Tásia muito bem- Eva interrompeu o silencio.

–é uma história complicada minha vida, história da qual você e sua irmã não precisam saber.

–porque?

–porque aconteceu a muito tempo atrás meninas, não quero desenterrar uma coisa que já esta esquecida.

–se tivesse esquecida vocês não agiriam dessa maneira- Eva completou- e se aconteceu há muito tempo e Regina fez algo errado porque ela não pode ser perdoada? As pessoas cometem erros, se arrependem, seguem em frente, buscam o perdão, ela não merece o perdão?

David não disse nada, na verdade não havia nada a ser dito ali, nesses últimos dias em que conviveu com Regina algumas vezes não sentiu a morena como sua pior inimiga, não conseguia sentir o mesmo ódio que sentiu por ela a mais de cem anos atrás e ele não sabia o porque, na verdade só o que ele conseguia enxergar atrás daqueles olhos castanhos era uma mulher com medo, solitária e infeliz por estar a tanto tempo sozinha, talvez suas filhas tenham razão, pessoas cometem erros, se arrependem e precisam do perdão de das pessoas para poder seguir em frente.

–pai olha aquilo!- Eva entrou em pânico ao olhar o que estava contecendo na grande casa branca de esquina- é casa de Regina!

David acelerou o carro chegando em poucos segundos na frente da casa em chamas, os três desceram do carro rapidamente.

–será que Regina esta la dentro?- Anastácia disse apavorada.

–liguem para a ambulância agora! E não entrem nessa casa em hipótese alguma! Liguem para Emma também peça pra ela vir praça imediatamente!- David disse indo correndo em direção a casa em chamas.

Tudo estava tomado pelas chamas e pela fumaça, alguns segundos dentro da casa já começaram a provocar as tosses em David, tentava a todo momento encontrar Regina, só que ele pedia era para que a morena não estivesse dentro daquela casa em chamas.

–Regina! –ele gritou- mas nenhuma resposta lhe foi dada.

Andou mais a frente da casa chegando a cozinha, viu varias coisas caídas no chão indicando que ali havia acontecido algo, mais a frente viu uma mesa de vidro estilhaçada no chão, ali havia vido uma resistência, seu coração se apertou ao pensar o quanto Regina havia resistido, talvez um ladrão, foi a única coisa que veio em sua mente, mais algumas tosses, a casa ainda não estava totalmente invadida pelo fogo mas certamente em alguns segundos não restariam mais nada alem de cinzas e ele precisava saber se Regina estava na casa, andou mais uns passos a frente e avistou o que estava torcendo desesperadamente para não ver, um corpo pequeno e magro jogado ao chão, sem nenhuma reação. David então correu até onde Regina estava, visivelmente desacordada.

–Regina- ele abaixou até a mulher -o que fizeram com você?- ele então pegou em seus pulsos e tentou achar algum batimento, sem nenhum sucesso, sem pensar duas vezes começou a fazer massagens cardíacas tentando conseguir alguma reação, uma, duas, três e vezes e nada, David já estava entrando em desespero- Regina, você não pode morrer- ele pedia enquanto tentava fazer seu coração voltar a bater- Regina volte- ele pedia- você é mais forte do que pensa, preciso que volte para mim, volte Regina!

Foi então que ele sentiu um pequeno suspiro fraco, voltou seus dedos nos pulsos e sentiu algum sinal de vida, pegou rapidamente Regina em seu colo e correu para fora da casa, segundos depois pode respirar o ar fresco e gelado, na frente da casa havia carro de policia a ambulância e os bombeiros que já iam em direção a casa para apagar o fogo, assim que viram David com Regina nos braços Eva e Anastácia correram até ele.

–Regina!- as menina chegaram mais perto.

–ela precisa ir para o hospital agora- David disse para Emma que também já estava ao seu lado, segundos depois a morena já estava sendo colocada na maca.

–eu vou com ela!- David disse indo em direção a ambulância.

As horas seguintes foram angustiantes, David, Emma e as meninas esperavam ansiosamente por noticias, o loiro já havia ido a recepção pelo menos umas quinze vezes mais ainda não tinham nenhuma informação sobre o estado de Regina, tudo que David sabia era o que ouviu dos paramédicos na ambulância e não era nada animador, o estado de Regina era grave, ela tinha 95% dos pulmões tomados pelo fogo e sua respiração estava muito debilitada e um corte profundo em sua cabeça indicava uma hemorragia cerebral.

Mais algumas horas da mais pura e torturante agonia e então Dr Whale surgiu pela porta, seu rosto estava serio e concentrado.

–Emma, Anastácia, Eva e David se levantaram e foram até ele rapidamente.

–e então Dr Whale?- Eva perguntou.

–foram horas muito difíceis, nos fizemos de tudo para salvar Regina, ela teve mais três paradas cardíacas o que nos abrigou a encubá-la, seus pulmões ainda estão muito fracos e não funcionam sem a ajuda do respirador, contemos a hemorragia mais ainda não sabemos se irá haver sequelas, as horas seguintes são cruciais, mas falando como medico suas chances são mínimas. Ela esta sedada, em coma induzido, só vamos tirar a medicação se seus pulmões firmar.

–ela pode receber visitas Doutor?- Eva perguntou- as lagrimas da menina marcavam seu rosto de anjo.

–Regina esta na UTI as visitas são restritas. Apenas uma vez no dia no Maximo duas pessoas.

Anastácia também sentia uma tristeza enorme, Emma não para nenhum minuto se quer de derrubar as lagrimas, a loira abraçou as duas meninas.

–nos temos que ter esperança- ela disse as meninas- ela vai ficar bem, Regina é muito forte.

–meninas Emma irá levar vocês para casa tudo bem? Amanhã eu trago vocês para ver a Regina- David disse.

–você vai ligar pra gente? Se houver qualquer mudança?

–é claro que sim- David deu um beijo carinho em cada uma das meninas.

–eu vou leva-las para casa e volto, temos muitas coisas para conversar David e de hoje não pode passar- Emma disse a David.

De hoje não passaria, nada lhe tirava da cabeça que Mary Margareth tinha algo com esse incêndio, ela não havia dito nada a ninguém, nem ao menos para Regina, mas desde que a morena lhe contou sobre a maldição a loira sentiu necessidade de recuperar sua memória e com ajuda de Blue conseguiu uma porção que a fez se lembrar de tudo, inclusive de todas as atrocidades que sua mãe havia cometido durante todos esses anos, ela e Blue estavam trabalhando para produzir mais uma porção para dar a David mas Blue não tinha poder suficiente para fazer outra porção, a loira não queria contar ao seu pai sem que pudesse provar a ele, mas Snow White já havia ido longe demais, David precisava saber com quem estava lidando.

David andava pelos corredores do hospital, ele estava confuso, mais do que confuso, ele não sabia de onde vinha toda aquela dor, todo aquele apego por Regina, não sabia da onde minha aquela sensação de perda horrível, de repente ele sentiu que a vida em que estava vivendo não era sua vida, que as pessoas ao seu redor eram estranhas, que nada daquilo era real, tudo parecia um sonho estranho, na verdade aquele mundo de uma hora para outra passou a ser estranho. O que estava acontecendo? Ele se perguntou. Mais alguns metros ele entrou dentro do quarto de UTI, ela estava la, imóvel, respirando com dificuldade, seus lindos olhos fechados, fios e mais fios ligados ao seu corpo e maquinas.Seus olhos azuis começaram a ficar embaraçados.

David caminhou até Regina e segurou em sua mão macia.

–Regina...eu não sei o que esta acontecendo,mas eu sinto que tem alguma coisa errada, isso que eu to sentindo ao ver você deitada ai sem qualquer reação...isso...não era pra eu estar sentido, de repente você se torna importante, de repente eu sinto que não posso ficar longe de você, porque? – David olhou a morena por mais alguns minutos- eu daria qualquer coisa para estar no seu lugar, para tirar essa dor de dentro de você, Regina, eu juro que se foi alguém que fez isso com você não irá ficar em pune, eu vou te proteger, eu sinto que devo te proteger- David então andou mais um pouco se colocando a frente da mulher, como num impulso, sem pensar ele colou seus lábios aos dela. Agora pálidos em sem vida.

E de repente, tudo voltou, memórias de toda uma vida vinham em sua cabeça cada vez mais e mais e agora ele pode entender porque todo aquele sentimento, ali era a sua mulher, a mãe de suas filhas...sua Regina, mais uma vez ela esteve sozinha, ela sofreu, ela se entregou a escuridão e mais uma vez o loiro se sentiu culpado por não estar lá para protegê-la.

–I Remember, baby I Remember and I Love you.