Between Letters and Numbers escrita por Miss Melindre


Capítulo 8
Capítulo 8 - Estou na pista rápida de Los Angeles à Tóquio


Notas iniciais do capítulo

Olá, queridos! Quero agradecer a todo mundo que comentou e desejar aos leitores novos que sejam bem-vindos!
Espero que gostem do capítulo.



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“Eu sou tão chique, você já deve saber. Estou na pista rápida de Los Angeles à Tóquio.”

Fancy – Iggy Azalea.

Nosso voo foi pontual e às oito nós estávamos prontos para embarcar na classe econômica do voo comercial, porém, fomos interceptados por uma voz bastante conhecida que me fez revirar os olhos e amaldiçoar a minha sorte.

— Ei família! — aquele tom totalmente agudo e desafinado arranhava meus tímpanos como um grunhido de um gato com o rabo pisoteado.

Minha mãe foi a primeira a virar para encarar a face chique de nossa prima Annabel que desfilava em um modelito para lá de extravagante. Sua roupa era inteira brilhante e como se não bastasse ela usava um chapéu enorme com plumas pretas.

— Olá, Annabel — minha mãe respondeu nada simpática, enquanto eu e meu pai sorrimos amarelo para ela.

Nossa prima é uma loira alta no auge dos seus 32 anos, que teve a sorte, ou azar, de se casar com um milionário que estava de passagem por Liverpool e herdar toda sua fortuna quando o mesmo teve um ataque cardíaco e morreu.

— Estão indo para Londres? — ela questionou com o nariz empinado de costume.

— Sim estamos. E por falar nisso, temos que embarcar agora. Você vai? — minha mãe perguntou sem paciência e eu prendi o riso.

— Oh, Claire, poupe minha beleza! Mas é claro que eu não vou embarcar em um voo comercial, prima. Eu estou indo com o Frido no meu jatinho particular.

Frido é o poodle de Annabel.

— Eu até chamaria vocês, mas não quero que vocês percam o dinheiro que gastaram comprando as passagens. Eu sei como é difícil conseguir.

Antes que minha mãe respondesse, eu caminhei até ela e segurei seu braço, respondendo sem um pingo de paciência em seu lugar:

— Olha, você pode ir no seu jatinho particular e nos deixar ir em paz na nossa classe econômica? Por que, sinceramente, a única que parece ligar para isso agora é você. Agora dá licença que a minha mãe tá exausta e tá verdadeiramente sentindo a perda da tia...

— Chloe — meu pai prontamente lembrou-me o nome da tia e eu continuei:

— Da tia Chloe! — ela me lançou um olhar de superioridade e eu me virei com minha mãe, caminhando para o avião — Vamos, mãe.

{...}

— E os namoradinhos, Louise? — não entendo o motivo das minhas tias sempre perguntarem isso.

Eu pensei em comentar sobre Thomas, sobre ter conhecido uma pessoa legal, mas achei por bem não contar nada, já que eles procurariam investigar a vida dele antes mesmo de termos algo.

Se é que teremos algo.

Certamente eu tenho sentimentos por ele. E não, não falaria isso em voz alta para ninguém.

— No momento estou concentrada nos estudos, tia.

Elas assentiram e começaram com a conversa de como o estudo é importante e a mesma ladainha de sempre. Eu olhei pela janela da grande casa que estávamos e observei as gotas de água que escorriam pela esquadria.

Tudo parecia funcionar bem na natureza. Todas as coisas eram sintonizadas e combinavam perfeitamente.

Ou talvez toda essa percepção aguçada fosse fruto do tédio de não ter ao menos alguém interessante para conversar. Depois de observar o nada por mais algum tempo, decidi ligar para Thomas, mas não pude, já que a minha prima Annabel decidiu contar para minha avó que fui indelicada com ela no aeroporto.

— Minha querida, precisamos conversar.

— Eu também estava com saudades, vovó Elizabeth.

Ela sorriu e me afagou a bochecha.

— Querida, eu sei que a prima Annabel não é fácil de engolir. Eu mesma já me indispus com ela, mas isso não mudou seu jeito. Ela é essa criatura metida a chique desde quando não tinha um tostão. Imagina agora? Só pisa no chão por que é obrigada.

— Eu sei, vovó. Ela é tão sem noção que chega a ser cômica. O que acontece é que ela estava deixando minha mãe sem paciência e a senhora sabe que a mamãe não anda bem.

— É verdade. Eu me surpreendi pelo estado que ela chegou aqui, querida. É certo que foi uma perda, mas ela nem era tão próxima a tia Chloe.

— A minha mãe está sofrendo calada com a minha mudança para Lincoln, vovó. Ela não diz a ninguém, mas ver sua única filha ir morar sozinha é algo que definitivamente está mexendo com ela.

— Entendo. Vou tentar conversar com ela e com o Anthony a respeito. Agora me fale, para quem estava indo telefonar?

— Para um amigo muito especial, vovó.

— Gostei do seu tom de voz, querida! Pois vá. Não quero mais lhe atrapalhar.

— É claro que não me atrapalha, vovó!

Abracei a senhora de cabelos brancos que eu costumava pentear quando era criança, numa insistente brincadeira de salão de beleza.

Caminhei até o quarto onde iríamos dormir e disquei o número de Thomas.

— Louise? — ele atendeu e ouvir sua voz me fez muito bem naquele momento.

— Thomas!

Ficamos conversando por horas e ele ficava misterioso quando o assunto era a Universidade. Suspeitei que estivesse armando algo, mas não toquei no assunto. Apenas aproveitei a sua companhia – mesmo que distante – maravilhosa.


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Notas finais do capítulo

Gente, essa música foi difícil! haha
Bom, espero que tenham gostado. Não deixem de comentar! Beijos!