Between Letters and Numbers escrita por Miss Melindre


Capítulo 7
Capítulo 7 - Todos os meus problemas pareciam tão distantes...


Notas iniciais do capítulo

Olá! Eu sei que eu descumpri o desafio, mas continuarei postando essa fic pois eu gosto muito dela e ponto final.
Esse é o capítulo da música Yesterday.
Boa leitura!



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“Ontem todos os meus problemas pareciam tão distantes.”

Yesterday – Beatles.

Eu e Thomas caminhávamos pelo pequeno parque após a nossa visita ao museu. Nossos passos lentos combinavam perfeitamente com a minha vontade de que o dia se prolongasse ainda mais. O sol já ia embora, deixando a hora de se separar mais próxima.

— Foi um dia muito agradável, Thomas — comentei enquanto cruzava meus braços para me proteger da brisa gélida que me dava frio.

— Sim. Eu gostei muito de passar um tempo com você e te conhecer melhor.

— É. Você não é tão entediante assim.

— E você até que é esperta.

Ele disse sorrindo de lado e eu belisquei seu braço de leve.

— Ei! É assim que você me agradece por uma companhia tão agradável? — ele fez uma pausa e segurou minhas mãos — Já disse que você fica linda quando fica brava?

— Thomas... — respondi envergonhada baixando a cabeça. Ele segurou meu queixo delicadamente e o ergueu.

— Está com fome? — ele perguntou ainda olhando dentro dos meus olhos.

— Um pouco.

— Quer jantar comigo em algum restaurante?

— Não — eu respondi e sorri da sua cara de decepção — Eu quero preparar um jantar para você!

— Olha que moça prendada!

— Que palavra velha, Thomas. Eu apenas aprendi algo com o meu pai. Você aceita provar da minha comida?

— Aceito. E prometo fingir que está boa.

— Não vai precisar.

Pegamos um táxi para a minha casa, pois estávamos muito cansados para voltar a pé e as bicicletas não eram mais liberadas naquele horário.

O trajeto foi bem rápido. Conversamos sobre alguns gostos culinários em comum e eu descobri que ele adora massas tanto quanto eu. Decidi ali, o que iria cozinhar para nós dois.

Quando descemos do táxi, porém, o carro de meus pais estava estacionado na minha calçada. Os dois tinham a chave de casa, mas eu não entendia o motivo de não terem telefonado.

— São seus pais?

— Sim.

— Eu devo ir embora?

— Provavelmente.

— Ok.

— Me desculpe por furar com você, mas eu posso te ligar mais tarde.

— Claro. Estarei esperando.

Ele se aproximou de mim e acabou com a distância de nossos corpos, abraçando-me apertado. Eu envolvi meus braços em torno do seu pescoço e o abracei de volta.

— Tchau, Louise.

Acenei para ele que logo se afastou. Respirei fundo e entrei em casa. Meu pai estava sentado no sofá com uma aparência cansada e pelo cheiro que vinha da cozinha, minha mãe provavelmente estava lá.

— Mas que droga! — ela resmungou após soltar um grito.

— O que aconteceu, Claire? — meu pai levantou-se e só então percebeu minha presença — Oi, querida, vamos ver o que sua mãe está aprontando, sim?

Assenti e fomos para a cozinha. O cheiro de queimado ficou mais forte e minha mãe estava encostada à pia com o dedo pressionado.

— Eu falei que era melhor eu cozinhar... — a voz de meu pai tentava soar divertida, mas minha mãe estava com uma cara péssima.

— Me contem o que houve, gente.

Pedi assim que o clima pesado se instalou no ambiente. Meu pai cruzou os braços e olhou para minha mãe, como que se pedisse ajuda para começar.

— Louise, infelizmente a tia Chloe faleceu.

— Tia Chloe? — perguntei sem saber sobre quem se tratava. Minha mãe começou a chorar e eu me sentir mal por não lembrar-me da tal tia.

— Querida, você não se lembra da tia Chloe, tia da vovó Elizabeth?

Eu não fazia ideia de quem era essa tia. Eu deveria ter a visto uma ou duas vezes. Eu também não tinha culpa. Ela era tia da minha avó! Como ainda poderia está viva?

Meu pai andou até minha mãe que estava chorando de cabeça baixa e me deu uma piscadela. Eu então fingi recordar-me da tia distante e também caminhei para perto de minha mãe.

— Eu sinto muito, mãe.

Ela me abraçou e talvez essa tia tenha sido muito importante para ela.

— Mas por que vocês vieram para Lincoln?

— Viemos te buscar. O velório será em Londres e nós queremos que você vá conosco.

— O quê? Por quê?

— Como por que Louise? Sua tia morreu e você não tem nenhum pouco de sentimento?! — minha mãe me olhava indignada.

— Claro que tenho, mãe! Mas eu não quero perder aula logo no começo do semestre.

— Isso não é uma discussão. Arrume suas malas que partiremos às oito.

— Pai... — olhei para meu pai para ver se ele me ajudava, mas ele apenas lamentou com um inaudível pedido de desculpa.

Subi para o meu quarto com raiva. Minha mãe tinha sempre essa mania de colocar a família na frente de tudo. Bem, isso não era uma coisa ruim, mas eu não precisava ir ao velório de uma tia que nem me lembro! É injusto.

Porém, não adiantava discutir. Peguei uma mala pequena e comecei a guardar algumas roupas. Levei junto o meu notebook para estudar e dois livros. Com a bolsa arrumada, peguei o celular para avisar ao meu mais novo amigo que iria viajar forçadamente.

— Alô, Louise!

— Oi, Thomas. Meus pais vieram me buscar para viajar.

— No domingo? Eles não estão um pouco atrasados não?

— Pior que não. Uma tia da mãe da minha mãe morreu e ela insiste para que eu vá ao velório.

— Sinto muito. Que chato, Louise. E suas aulas? Quando você volta?

— Eu não sei. Provavelmente vou perder a semana toda.

Falei com uma voz penosa, imaginando o trabalho que teria para recuperar aquele conteúdo.

— Não se preocupe. Tudo dará certo.

— Ok. Liguei apenas para te avisar.

— Ok. Podemos conversar por mensagem enquanto você estiver lá?

Mordi os lábios. O interesse que Thomas demonstrava estava me deixando ainda mais encantada por ele.

— Claro. Tchau.

— Tchau, Louise. Sentirei sua falta.

Sorri.

— Eu também.

Então desliguei.


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Notas finais do capítulo

Esse capítulo ficou grande - pelo menos grande para os meus padrões nessa fic, kk
Espero que tenham gostado. Um beijo!