"Mesmo querendo eu não vou me enganar."

Os Paralamas do Sucesso.

Meu coração parecia pular para fora do meu peito quando ouvi o pedido de Thomas.

Me ligar. Ele queria me ligar.

Eu sentia dentro de mim que ele não era o tipo de cara que pedia o telefone de qualquer uma que aparecesse à sua frente. Muito menos à uma hora dessas.
Mas eu poderia estar enganada. Ou até mesmo querendo me enganar.

Não conhecia o moço tempo suficiente para afirmar nada, mas o seu sorriso perto de mim era verdadeiro demais para ser falso.

A minha cabeça estava uma confusão só é eu não tinha certeza do que responder para ele, que me chamou no chat por conta da minha demora.

Thomas: Louise? Ainda está aí?

Digitei rapidamente a resposta, antes de me arrepender.

Louise: Sim, estou. O meu número é...

Ele não respondeu e ficou offline na rede social. Eu procurei meu celular que não estava perto de mim e no momento exato que o achei, estava recebendo a ligação dele.

Respirei fundo. Eram duas da manhã e eu estava inclinada a falar alguma besteira. Em seguida atendi:

— Alô? Quem gostaria? — falei com voz risonha. Era óbvio que eu sabia quem era mesmo o número não estando registrado na minha agenda.

— Alô! Eu sou o príncipe William, gostaria de falar com a plebeia Louise, por favor.

Ele falava imponente ao telefone. Encarnando perfeitamente o papel que escolhera interpretar.

— Ah, e o que levaria ao príncipe ligar-me essa hora da madrugada?

— Querida plebeia, eu estou simplesmente encantado por você. Não consigo te tirar da minha cabeça.

O que eu deveria responder a isso? Não fazia ideia se era verdade, ou se fazia parte da brincadeira de ser um príncipe.

Pensei por alguns segundos e respondi:

— E onde está Kate? — uma resposta que não me comprometeria e que fazia parte da brincadeira.

— Ah, não vamos falar disso. Deixe-a para lá.

Ele sorriu e eu pude imaginar sua mão bagunçando o cabelo castanho, enquanto ele abria um sorriso de lado que não saía dos meus pensamentos.

— Como foi o seu dia, Louise? Não nos vimos após as aulas.

— Meu dia foi corrido, Thomas. Mas tive um ótimo primeiro dia de aula. Sim, eu estava apressada para vir para casa, então nem me lembrei de te procurar.

Não era verdade. Meus olhos caçaram mais a Thomas, do que costumavam caçar guloseimas na minha antiga casa.

— Ah, eu te entendo. Eu também tive que sair apressado, tinha reunião com o Grêmio Estudantil.

— Você faz parte do Grêmio da universidade?!

— Creio que sim — ele disse brincalhão.

— Então você é um super nerd popular engajado com os projetos da faculdade e por isso recepciona os alunos novos.

Concluí. Constatando que realmente havia algo suspeito na sua gentileza toda.

— Não, moça. Nós do Grêmio não temos obrigação de recepcionar os calouros. Isso é tarefa das fraternidades.

Tive que perguntar.

Claro que isso me faria parecer uma garota insegura que está interessada num garoto legal que a trata bem, mas tem medo de ele agir assim com todas. Porém, mesmo transformando-me em uma Bella Swan da vida real, perguntei:

— E qual o motivo para você me recepcionar então?

— Eu gostei de você Louise Bennettt. Simplesmente isso.

Eu estava totalmente inclinada a soltar um som fofo para tal declaração, mas eu não queria me enganar. Na verdade, eu até queria, mas não iria fazê-lo.

Ele não disse nada de mais. Só que gostou de mim.

— E estou gostando muito de te conhecer.

Agora ele estava jogando sujo.

Thomas era simplesmente um príncipe. Daqueles mesmo que sonhamos durante a adolescência. Como eu poderia simplesmente não reagir nervosamente àquelas declarações?

— Você também é legal Thomas Mitchelll.

A frase que deveria soar casual e despreocupada caiu como um desesperado: eu também gosto de você, Thomas. Agora pode trazer seu cavalo branco e vamos juntos para o seu castelo.

Ok, eu estou exagerando.

— Preciso dormir agora — falei sentindo meus olhos pesarem e meu corpo relaxando.

— Ok! Tenha uma boa madrugada, Louise.

— Você também Thomas!