Between Letters and Numbers escrita por Miss Melindre


Capítulo 21
Capítulo 21 - E nunca foi dito o que eles precisavam ouvir.


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoal!
Mais um capítulo da fic!
Nesse tem um barraco básico.
Espero que gostem!



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“Eu chuto o meio-fio porque você nunca ouviu as palavras que você tanto precisava. E eu chuto a sujeira porque eu nunca lhe dei as coisas que você precisava ter.”

Sad – Maroon 5.

Estacionamos na frente da residência que já tive o prazer de conhecer anteriormente e não nos demoramos no carro. Thomas tentava me passar toda a sua confiança, sua atitude era realmente muito aconchegante, mesmo que eu não estivesse tão nervosa quanto antes. Algo dentro do meu coração aquietou-se quando o vi na porta da minha casa. Sua presença talvez. Não sei ao certo.

— Senhor Thomas. — Um mordomo de feições educadas nos abriu a porta. — Senhorita Louise.

O cumprimentei com um aceno sutil, antes de adentrar o local. A mãe de Thomas estava sentada no sofá da sala de estar. Seus cabelos loiros bem arrumados num penteado clássico, assim como seu vestido rosa claro. Ela exalava elegância e maestria, com sua pose inabalável.

O pai dele resmungava algo ao celular, andando de um lado para o outro no escritório. Eu não conseguia ouvi-lo, apenas o via por conta do vidro transparente do cômodo, porém, por suas feições, podia supor que alguém não atendeu alguma de suas ordens.

— Mãe... — Thomas chamou a loira que virou o pescoço calmamente para nos fitar, abrindo um sorriso contido em seguida.

— Olá, querido. — Ela descruzou as pernas e levantou-se, ainda sustentava a áurea de maestria que lhe circulava. — Louise! Uma moça linda, meu filho!

Eu sorri, tentando engolir o elogio que me soava levemente falso.

— Senhora Mitchell. — A cumprimentei com a máximo de formalidade que pude.

— Oh, por favor, me chame de Christine. Tenho idade para ser sua irmã! — Ela brincou e Thomas torceu o nariz, enquanto eu sorria sem graça.

— Fico agradecida pelo convite.

— Ah claro! Não que isso tenha sido praticamente uma chantagem, não é mesmo? — Ela disse sarcástica, encarando-me por alguns segundos. — Qual a dificuldade que você tem de apresentar suas namoradas para a família? — Agora ela falou direcionando-se para Thomas

— Quer mesmo que eu responda a sua pergunta, mãe?

O olhar que o moreno trocou com a sua progenitora não foi algo agradável de ver. Parecia que existia mágoa entre os dois.

— De qualquer jeito, ela está aqui e eu quero conhecê-la melhor. Saber se ela é digna de namorar o meu bebê.

— Mãe, não é você que tem que decidir isso.

— Tá tudo bem, Thomas. Tenho certeza que só foi um jeito de falar. — Eu disse tentando amenizar o clima entre os dois e então Connor chegou à sala.

— Boa noite, moça! — Ele me cumprimentou simpático, mas nem ao menos olhou para mim por mais de dois segundos. — Podemos adiantar isso aqui? — O homem falou baixo para a esposa, mas consegui entendê-lo.

Thomas sussurrou um pedido de desculpas em meu ouvido e eu acariciei suas mãos, dizendo que tudo estava bem. Seguimos para a mesa de jantar que já estava servida por Lydia, que teve que fingir que não me conhecia.

— Então, Louise, o que você cursa na faculdade? — Christine perguntou querendo puxar assunto.

— Eu faço jornalismo, senhora Mitchell. — Ela me encarou com um olhar repreensivo e eu me corrigi: — Christine.

Ela sorriu amarelo e Thomas tentou mudar de assunto.

— A Jasmine mora com a Louise, mãe. Ela também virá entrevistá-los amanhã.

— Oh sim. Jasmine... Aquela garota puxou o gênio da mãe. Minha irmã sempre foi difícil de conviver.

— Na verdade eu adoro a tia Rose. Acho sua risada contagiante. — Thomas rebateu.

— Contagiante? É no mínimo desagradável. — Ela suspirou. — Mas claro que você não perderia a oportunidade de me contrariar, não é, querido?

Eu estava incomodada com o clima daquele jantar. Torcendo para que as horas voassem e que ele acabasse. Christine tinha uma superioridade surpreendente.

— Sua família é de onde mesmo, Louise?

— Liverpool!

— Oh, Liverpool. A cidade dos legendários Beatles. Já fiz várias apresentações no teatro de lá.

— E eles não se incomodam em te deixar morar sozinha em outra cidade? — Foi a vez do pai de Thomas ser indelicado.

— Meus pais e eu temos uma ótima convivência. Eles confiam muito em mim e eu nunca os desapontaria.

— Bom, julgando pelo curso que escolheu para si, creio que já os desapontou. — Christine soltou como uma frase comum. Enquanto eu fiquei me perguntando se não tinha ouvido errado.

— Mãe, por favor, não fale assim!

— Não creio que tenha desapontado os meus pais. Na verdade, eles têm sim muito orgulho de mim e do curso que escolhi.

— Cada um tem sua excentricidade, mas eu não ficaria feliz em ter uma filha que vive da desgraça dos outros, correndo atrás de migalhas para poder publicar num jornalzinho barato.

— Chega! — Thomas levantou-se e bateu na mesa. — Eu não admito que você fale assim com ela, mãe. O que há de errado com você?

A mulher continuava com sua pose inabalável. Sem demonstrar por um minuto sequer arrependimento pelo o que disse.

— Mas eu só estava falando a verdade...

— Está tudo bem, Thomas. — Eu falei levantando-me. — A minha profissão luta pela liberdade de expressão e não serei eu quem impedirá a senhora Mitchell de usar um direito dela. Porém, não sou obrigada a ficar aqui ouvindo coisas desnecessárias. Se me dão licença...

Acenei com a cabeça e me retirei da sala de jantar, sentindo as lágrimas se formarem aos poucos.

— Louise, espera. — Eu parei no lugar onde estava, mas não me virei para olhá-lo. — Eu só preciso dizer uma coisa pra vocês dois. Já que queriam tanto entender o que levou Dianna a tirar sua própria vida, deixarei aqui a minha tese: ela estava cansada desses julgamentos estúpidos e de toda essa farsa de família feliz. Vocês nunca a aceitaram do jeito que ela era e tentaram moldá-la assim como fazem comigo!

Por mais que não quisesse presenciar aquela cena, algo no meu inconsciente ansiava para ver a reação de Christine e Connor diante da declaração de Thomas. Porém tudo foi muito rápido. Bastou eu me virar para a anfitriã perder toda a sua compostura e tascar uma tapa no rosto de meu namorado, que com certeza não esperava por essa.

— Nunca mais ouse falar no nome da sua irmã, entendeu!?

Os olhos de Christine estavam cheios de raiva e indignação. Se Thomas queria tirá-la do sério, ele realmente conseguiu. A respiração descompassada da mulher denunciava que ela ainda não conseguia se recuperar.

Eu estava parada com as mãos sob minha boca, atônita para aquela cena. Perdida demais para perceber meu namorado me puxando pela mão para fora da casa.

— Thomas, volte já aqui! O que raios deu em você para agir desse jeito? — Connor andou atrás de nós dois até a porta da residência.

Quando atravessamos a rua o pai dele entrou e bateu a esquadria com força. Eu sentia a mão de Thomas tremer junto a minha e o abracei. Envolvi meus braços em sua cintura e o abracei com toda a força que eu tinha. E assim ficamos por um bom tempo, até decidirmos que o melhor seria que ele passasse a noite na minha casa.


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Notas finais do capítulo

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