Between Letters and Numbers escrita por Miss Melindre


Capítulo 14
Capítulo 14 - Eu farei desse lugar seu lar...


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas lindas e maravilhosas!
Capítulo quentinho pra vocês!
Espero que gostem.



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“A dificuldade pode trazer você para baixo. Se você se perder, sempre poderá ser encontrada. Apenas saiba que você não está sozinha, pois eu vou fazer deste lugar o seu lar.”

Home – Phillip Phillips.

Eu caminhava pela Universidade sozinha. Não tinha amigos e não procurava tê-los. Talvez fosse um comportamento antissocial meu, mas era assim que eu preferia. Já tinha aberto espaço demais na minha vida permitindo que Thomas entrasse nela e agora é tarde demais para expulsá-lo.

E falando nele, acabo de avistá-lo vindo em minha direção, com um sorriso encantador e uma ruiva belíssima em seu encalço. Ela não me era estranha. Talvez fosse da minha turma, mas não podia dizer de certeza. Os dois se aproximaram sorridentes. Thomas beijou minha bochecha e introduziu a garota:

— Louise, essa é Jasmine Miller.

— Prazer, Jasmine! — eu disse amigavelmente apertando a mão da ruiva que sorria simpática para mim — Nos conhecemos de algum lugar?

— Sim. Na verdade, estudamos juntas.

Eu sabia! Tenho que ser mais atenta com as coisas ao meu redor. Como que eu estudo com a menina e não a reconheço depois? Sou alguma idiota?

— Oh, desculpe-me não ter lembrado antes. Não sou boa com isso.

— Não, sem problemas. Às vezes eu me esqueço de escovar os dentes após as refeições.

Thomas sorriu com a declaração dela e eu devo ter ficado com uma baita cara de estúpida já que ela precisou se explicar para mim:

— Foi uma brincadeira. Só pra descontrair.

— Ah... — respondi sorrindo e Thomas gargalhou, voltando a fazer parte da conversa.

— Lou, foi a Jasmine que me ajudou com a gravação das aulas.

— Sério? Muito obrigada, Jasmine!

— Que isso! Thomas me pagou um bom dinheiro para fazê-lo.

Nós três rimos e eu ficava cada vez mais curiosa para saber sobre a amizade deles dois.

— Jasmine é minha prima de segundo grau. Ela está morando na nossa casa, já que veio para Lincoln só para fazer faculdade.

— Legal! Eu também vim para cá só fazer a faculdade... — falei dirigindo-me à ruiva — De onde você é?

— Sou de Glasgow, na Escócia.

— Na Escócia?! Uau!

— Meus pais nasceram aqui em Lincoln, mas resolveram se mudar para a Escócia assim que se casaram, então eu sou escocesa e eles ingleses. Por causa dessa ligação com a Inglaterra, decidiram que eu deveria cursar uma Universidade aqui. A mesma que ambos cursaram.

Ela falava com um sotaque diferente e eu já deveria ter percebido que ela não era inglesa. No final de sua sentença, revirou os olhos, dando a entender que achava a tradição dos pais antiquada e desconfortável.

— Pais... — disse tentando ser compreensiva. Ela deu de ombros.

— Eu ficarei na casa dos pais de Thomas até encontrar alguém para dividir um local.

Acho que estou começando a entender o motivo dele ter me apresentado sua prima.

— Espero que não tenha muito trabalho procurando.

— Então... — o moreno que até então nos observava, resolveu falar: — Louise, você talvez conheça um lugar para indicar à Jasmine?

Olhei para Thomas com os olhos arregalados. Ele não estava sugerindo que eu oferecesse minha casa para ser compartilhada por alguém que eu mal conheço, estava? Não fazia sentido para mim. Então, resolvi me fazer de desentendida, enquanto Jasmine me olhava esperançosa.

Não creio que ela saiba sobre eu morar sozinha em uma casa relativamente capaz de abrigar duas pessoas.

— Eu não me lembro de alguém que queira dividir o aluguel, mas se me lembrar de eu te digo, ok?

— Claro! — Jasmine me sorriu simpática e em seguida falou: — Eu vou imprimir o trabalho da senhorita Jones e te encontro na sala Louise, tudo bem?

— Sim... — ela saiu caminhando com a mesma alegria de sempre — Eu acho — sussurrei vendo-a desaparecer das minhas vistas.

Thomas veio para minha frente rapidamente, com um olhar não muito amigável em seu rosto. Eu fingi não percebê-lo e comecei a perguntar coisas normais do nosso cotidiano.

— Como você está, senhor Mitchell?

— Bem e você? — ele respondeu ainda de cara fechada.

— Não sei. Devo me preocupar com essa chateação de você para comigo?

— Não. Logo vai passar.

— Thomas... Eu não quero que você fique chateado comigo, mas você entende em que posição me colocou? Sabe que eu não gosto de pessoas!

Ele riu abafado.

— Ela é super legal, organizada, quieta, gosta de ajudar, te ajudou com as gravações das aulas, é uma pessoa de confiança e está realmente querendo dar o fora da minha casa.

— Por que ela quer tanto sair de lá?

— Minha família é difícil, Louise. Eles só pensam em status e assegurar que as moças tenham um bom futuro marido.

— Eles estão arrumando pretendentes para ela?

— Vários. E todos ricos, chatos e velhos.

— Coitada...

— Já briguei tanto com eles, mas eles sempre perguntam se ela quer que eles parem e a coitada não pode dizer que sim. Ela não quer correr o risco de perder o lugar de dormir.

— Eles não fariam isso, fariam?

— Não literalmente, mas com certeza a tratariam diferente, fazendo-a se sentir desconfortável e culpada por ter negado algo a “quem tanto está ajudado” — ele fez as aspas com as mãos.

— Thomas, desculpa, mas eu não posso dividir uma casa com alguém.

— Tudo bem, Louise. É sua decisão e eu não vou ficar chateado com isso.

Ele disse e beijou o topo da minha cabeça, indo para a sua sala de aula. Eu encostei-me à parede da minha sala, enquanto meus colegas de turma passavam despercebidos por mim. Percebi que não conhecia o nome de ninguém dali, com exceção de Jasmine que acabara de me ser apresentada.

Isso talvez seja um sinal. Um sinal para ser diferente e virar a página.

— Ei! Que bom que ela ainda não chegou — a ruiva me assustou ao chegar de supetão ao meu lado — Me desculpa, não queria te assustar.

Ela era alta e tinha olhos verdes. Os cabelos eram naturalmente vermelhos e contrastavam com a pele claríssima da garota. Ela aparentava ser mais jovem que eu, com uma jovialidade incrível esbanjada em cada ato seu.

— Tudo bem, Jasmine — eu sorri simpática para ela e nós entramos na sala.

— Bom, eu posso me sentar aqui perto de você?

Olhei para ela sem saber o que dizer. Meu costumeiro medo de socializar vindo à tona, até que resolvi tomar o controle da situação.

— Claro que sim — respondi sorrindo — Eu estava pensando, talvez você pudesse ser minha colega de casa.

— Sério?

— Sim. A casa não é enorme, mas tem um quarto sobrando. Você pode se ajeitar por lá por enquanto e nós dividimos o aluguel. Não é muito caro.

— Louise, eu ficarei muito grata por isso. Muito mesmo.

— Que isso! Thomas me pagou um bom dinheiro para fazê-lo.

Falei fazendo referência à piada que a ruiva fizera anteriormente e ela me sorriu alegremente. Seus olhos visivelmente cheios de agradecimento. Senti-me bem comigo mesma. Essa decisão talvez me trouxesse arrependimentos futuros, ou talvez me fizesse voltar a confiar nas pessoas. E até, quem sabe, conseguir ter novamente uma amiga.


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Notas finais do capítulo

E então? Gostaram do capítulo?
Esperando os comentários! Beijoooos! :*