Between Letters and Numbers escrita por Miss Melindre


Capítulo 1
Capítulo 1 - Feliz.


Notas iniciais do capítulo

Olá!Resolvi aceitar o desafio e aqui estou - atolada de fics para atualizar - postando essa nova história que eu estou adorando a ideia de escrever. Espero que gostem.



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“Por que eu estou feliz, bata palmas se a felicidade é tudo o que você quer fazer.”

Happy – Pharel Wlliams.

Feliz.

Isso certamente descreve o meu estado de espírito no momento.

Eu estava parada na sala da minha nova casa, absorvendo o cheiro gostoso do lugar e controlando-me para não começar a pular e a gritar de alegria.

Aquilo era a realização de um sonho.

Mais do que isso. Era a comprovação de que mesmo no fundo do poço, você ainda pode alcançar a borda.

Ok, isso não fez muito sentido, mas o importante é que eu consegui!

Confesso que na maioria do tempo não colocava muita credibilidade nesta possibilidade. Não era para menos, afinal, quem imaginaria que a filha sem futuro dos Bennett fosse conseguir uma vaga na renomada universidade de Lincoln?

Absolutamente ninguém. Minha voz estava cheia de satisfação, de orgulho.

Aquela pequena casa, que me abrigaria pelos próximos anos da minha vida, significava muito mais do que um lugar para me abrigar durante a estada na cidade. Ela significa que eu finalmente tinha conseguido provar para todos, o meu verdadeiro valor.

E nada mais recompensador do que isso.

Feliz? Meu pai questionou retirando do carro a minha última mala.

Eu o encarei sorridente. Os olhos castanhos do meu progenitor estavam cheios de orgulho, emocionados, como nunca vi antes. Ao menos não destinados a mim.

Muito feliz pai! Exclamei antes de envolver meus braços em sua cintura e abraçá-lo.

Querida, seria exagero se eu dissesse pela quinquagésima vez que estou muito orgulhosa de você? Minha mãe apareceu na porta com o seu sorriso meigo de sempre.

Não, é sempre bom ouvir.

Ouvi a risada dos dois e me senti ainda mais feliz. Meu braço provavelmente teria algumas manchas arroxeadas de tantos beliscões que eu já me dei.

Sentirei saudades... Comecei a dizer quando eles se aproximaram da porta. Eu sabia que estava preparada para aquilo, mas, mesmo assim, seria difícil ficar longe deles.

Que isso, Louise? Estaremos à apenas três horas de distância! Liverpool não é tão longe assim.

Meu pai disse rindo, enquanto nos dirigíamos para o jardim em frente a casa. Nós nos despedimos e eles pegaram a estrada de volta para nossa cidade natal.

Voltei a adentrar a casa com aspectos antigos. Eu e meus pais já havíamos limpado o local em outra ocasião e tinha sido um dia bastante divertido. A mobília vinha incluída no aluguel da casa, o que nos proporcionou muito mais comodidade na hora da mudança, tendo apenas o trabalho de trazer os móveis do meu quarto.

Uma pequena escada dava acesso ao cômodo que certamente seria o meu preferido. Subi correndo e assim que adentrei o local, joguei-me na cama, aproveitando o gostinho da minha nova vida.

{...}

Acordei-me no dia seguinte com todo o vapor. Meu despertador me botou de pé exatamente às oito e meia da manhã. Minhas aulas só começariam à tarde, mas eu gostaria de dar uma volta pela pequena cidade antes de ir para a universidade.

Tomei uma ducha rápida e me vesti apropriadamente para o clima friozinho que fazia na cidade. Não tomei café, pois decidi fazê-lo em alguma lanchonete durante meu pequeno e particular tour.

Saí de casa respirando o ar puro que a cidade com cara de vilarejo me proporcionava. Liverpool era muito mais habitada que Lincoln. Os hábitos e costumes também eram diferentes.

Enquanto andava até uma tradicional cafeteria, fui cumprimentada várias vezes por pessoas simpáticas que provavelmente seriam ótimos vizinhos.

A atendente era uma jovem senhora, com um sereno sorriso no rosto.

Bom dia, minha jovem! Ela me cumprimentou com entusiasmo.

Bom dia! Eu respondi com a mesma animação, ou até mais.

Eu estava absurdamente feliz e isso era incomum.

O que deseja?

Um cream tea. Falei lendo o charmoso cardápio em minhas mãos.

Boa escolha.

Ouvi uma voz grave, mas gentil, aproximar-se de mim e olhei para trás. Um rapaz que aparentava ter a minha idade, porém a barba por fazer o deixava um pouco mais velho. Tinha olhos expressivos e um sorriso torto que o deixava com cara de bobo.

Eu sorri para ele, acenando com a cabeça e ele se sentou ao meu lado.

Vou querer o mesmo, dona Beth.

A jovem senhora sorriu para ele. Pelo que parece, o moreno já era cliente da cafeteria e a mulher parecia apreciar sua presença no local.

Oh, desculpe-me a deselegância. Meu nome é Thomas Mitchell.

Ele estendeu a mão para mim e eu entreguei a minha para um aperto amigável, mas ele a puxou, levando-a até a boca e depositando um beijo suave no dorso da mesma.

Muito galanteador.

O meu nome é Louise Bennett. Muito prazer.

O prazer é todo meu.

Apesar de parecer galanteador, Thomas mostrava-se um tremendo cavalheiro. Conversou comigo sobre assuntos do dia-a-dia, sem me invadir com perguntas da minha vida pessoal, nem ao menos soltar uma cantada barata para tentar se dar bem. Ao final do chá, ele pagou as duas bebidas, mesmo a meu contragosto e até abriu a porta do estabelecimento para que eu pudesse sair.

Obrigada pela companhia, senhorita Bennett.

Obrigada pela dose de cavalheirismo, senhor Mitchell.

Nós estamos parecendo dois velhos assim, você sabia?

Sim.

Dei de ombros rindo junto com ele. Eu não costumava fazer amizade com qualquer pessoa que conhecesse por aí, pois achava algo muito forçado, ou até mesmo perigoso. Porém, aquele rapaz tinha me deixado confortável o suficiente para que isso acontecesse.

Bom, eu tenho que ir agora.

Espero que nos esbarremos por aí!

Ele disse antes que eu saísse andando em sua direção oposta. Olhei para trás por cima do ombro e sorri para ele, que retribuiu.

Foi um bom começo!

Agora eu estava ainda mais feliz. Quem sabe aqui em Lincoln eu consiga ser uma pessoa socialmente aceita? Aqui eu não tinha passado. Era somente Louise. Sem bagagens, sem pesadelos e sem nada que pudesse me atormentar.

A tranquilidade que pairava em meu peito enquanto eu voltava a perambular pelas pequenas ruelas da cidade, era impressionantemente atípica e muitíssimo bem-vinda.

Espero continuar assim.

Espero continuar feliz.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Eu super amei escrever *-*Um beijo e até o próximo!