Gayllagher.

Mickey não entendia como diabos Ian tivera a coragem de usar seu sobrenome para abrir uma boate gay. Não apenas por ele, mas Gallagher era o nome da família. Essa decisão envolvia seus irmãos também, afinal, o nome de todos estavam ligados à boate.

Mickey sabia que provavelmente Ian começara uma sociedade com algum rico para abrir essa boate gay em um de seus momentos alegres na sua bipolaridade — e provavelmente ele vivia nesses momentos, pois sempre estava lá. Dançando. Todas as noites.

Ian vivia na Gayllagher. A boate praticamente havia virado sua casa, e a única forma de Mickey se desculpar com o ruivo, era encontrando-o no trabalho.

A entrada custava muito caro, Mickey teve que juntar todo o dinheiro que ganhara o trabalho prostitutas russas e o tráfico de drogas e armas por dois meses e meio para ter o suficiente para pagar sua entrada.

Ian estava usando apenas uma tanga e um colete, ambos pretos, enquanto dançava no palco principal. Mickey começou a beber, pra ver se ele se tranquilizava. Ver Ian naquele estado, dançando para centenas de homens (principalmente idosos pervertidos) estava deixando Mickey furioso.

Vários copos de cerveja; um copo de vodca; um copo de champanhe; um copo de energético; licor direto da garrafa. Nada disso que Mickey bebeu, amenizou a vontade de arrancar Ian do palco e arrastá-lo para fora daquele lugar. Muito pelo contrário, essa vontade só aumentava porque a dança de Ian ficava cada vez mais ousada.

Ian puxou um dos clientes da boate para o palco. Em cima do palco, Ian o deixou apenas de cueca. Quem chegasse depois, acharia que o homem era um dançarino também. Ele era alto, negro e sarado; sua cueca era branca (com um grande volume notável!), em constraste com sua pele. Poderia também ser um modelo ou ator pornô, mas pela forma que dançava com Ian, estava mais para gogoboy.

Depois de um curto tempo dançando com o homem, Ian o deitou no palco. As pessoas gritaram quando ele pegou uma garrafa de champanhe e jogou o líquido por toda a parte do corpo do homem. Os gritos ficaram ainda mais fortes quando a ereção do homem ficou completamente visível pois sua cueca branca, molhada, ficou transparente. Ian pareceu não se importar, pois se sentou e começou a lamber todas as partes do corpo do homem, apreciando o gosto do champanhe.

Não era possível dizer quem se deliciava mais: O homem ou Ian.

Mickey cerrou os punhos. Aquilo já era demais para aguentar. Ele começou a empurrar cada pessoa que estava em seu caminho para que pudesse chegar até o palco. Mickey puxou Ian do palco e o levou no colo até o banheiro.

Mickey expulsou os dois homens que estavam no banheiro e o trancou, ficando a sós com o ruivo.

— Então você virou uma puta agora? — perguntou Mickey.

Ian o encarou o moreno, mas não o respondeu.

— Porra, Ian, eu sinto sua falta.

— Dois meses e meio — disse Ian. — Demorou dois malditos meses e meio pra você sentir minha falta?

— Não... — Mickey se aproximou de Ian. Segurou seu rosto com as mãos e quando estava pronto para beijá-lo, Ian o empurrou.

— Não, Mickey. Não existe mais nós dois juntos. Eu estou muito mais feliz agora. Estou ganhando muito dinheiro com as minhas danças e não estou sofrendo por alguém que adora levar no rabo mas tem medo de dizer um "eu te amo".

— Ian, você sabe que eu te amo... É isso que você queria ouvir? Pois estou dizendo.

— Tarde demais. Foda-se se você me ama, eu não preciso de você. Minha vida está ótima e não preciso de você para estragá-la.

Mickey se aproximou de Ian novamente, mas Ian lhe deu uma joelhada em seu pênis.

— Se você me quer, tem que pagar. É assim que as coisas funcionam agora. Consiga meu dinheiro, ou eu recuso qualquer aproximação sua — Ian destrancou a porta, olhou Mickey pela última vez e saiu, o deixando ali.

Ele sabia que seria a última vez que veria Mickey. Mickey não teria dinheiro para dar ao ruivo em troca de uma dança, muito menos em troca de uma noite. Mas Ian não estava se sentindo mal por isso. Afinal, essas eram as regras: Dinheiro ou nada.