Ontem minha vida era perfeita. Quer dizer, não que todos pudessem concordar, mas eu estava confortável com ela, então ela estava perfeita. O motivo? Ian Gallagher. Sempre que eu estava com ele, era como se meus problemas se dissipassem. Ele era como um escudo, sabe? Quando estava comigo, era como se me protegesse de qualquer coisa, afastando tudo o que há de ruim.

Agora ele não está mais aqui — e não estará por, no mínimo, quatro anos. Maldito exército. Maldito sonho de serví-lo. Maldito Gallagher. Eu não sei porquê ele teve que ir... Nosso amor era tão bom. Sei que eu não dizia as coisas que Ian queria que eu dissesse, e talvez por isso ele tenha ido embora, mas eu não sei porquê ele esperava (e exigia) tanto de mim. Eu sempre fui um babaca que não admitia as coisas. Não admitia nem para mim mesmo, até parece que eu diria o que eu sinto pra ele. Até parece que eu imploraria para ele ficar. Mas é como dizem... As pessoas só dão valor quando perdem, não é? É.

Droga, eu sinto tanto a falta dele. Sei que nunca fui um homem perfeito (na verdade eu estava bem longe disso) e apesar dos meus erros, eu sei que não merecia isso.

Ian se foi. Os problemas chegaram. A infelicidade chegou. E claro, o arrependimento. Eu devia ter falado o que ele queria ouvir. Eu devia ter falado "Não vá, Ian, eu te amo, fique comigo. Por favor".

Agora me sinto coberto por uma escuridão, uma sombra, que me faz mal. Trevas que apenas a luz pode fazê-la desaparecer. E minha luz? Se chama Ian Gallagher.

Eu só queria poder voltar no dia de ontem e tê-lo impedido de partir. Foda-se se implorar é humilhante — eu deveria ter feito.