Momentos escrita por Theeco


Capítulo 6
Capítulo 6 – Pra sonhar


Notas iniciais do capítulo

Dia 6 – Pra sonhar (Marcelo Jeneci) 06/09/2014
Capítulo UA. Eles já estão casados, e a família de Mickey não é igual como a série :v



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— Tem certeza que a gente precisa fazer isso? — Mickey perguntou emburrado porque queria voltar para a festa do casamento.

— Está com medo de falar? — Ian ajeitou a gravata borboleta de Mickey que estava torta.

— Você sabe que não. Esse Mickey já não existe mais.

Ele não hesitaria em falar nada sobre seu relacionamento com Ian, e não esconderia isso de ninguém. Não pouparia Ian de seus carinhos só porque estavam em público, como fazia antigamente... E se alguém não gostasse de ver o amor deles? Bem, Mickey não se importava.

— E eu aprecio isso — Ian sorriu e lhe deu um beijo rápido. Enfim estavam prontos para a entrevista.

Um dos assistentes do programa acenou para Mickey e Ian se aproximarem da entrada do palco, porque logo a apresentadora os chamaria para a entrevista.

Eles dariam a entrevista para o programa "Lições". Um programa onde a apresentadora, Kenushi, entrevista pessoas que tenham alguma história bacana e/ou curiosa que possa servir de inspiração, motivação ou superação para as pessoas.

Kenushi convidara Ian e Mickey para o programa para lhes fazer perguntas sobre o relacionamento deles — e exigiu que a entrevista fosse horas depois do casamento. No começo, Mickey não gostara da ideia, mas Ian era esperto. Ele decidiu cobrar pela entrevista, e como Kenushi estava muito interessada na presença deles, ela conseguiu convencer seu diretor a liberar o dinheiro.

— E essa noite, nós teremos uma entrevista exclusiva com o primeiro casal gay da cidade a se assumir e a oficializar a relação com o casamento! — A apresentadora disse com empolgação, enquanto ergueu os braços em direção ao lado direito, por onde eles subiriam ao palco. — Uma salva de palmas para Ian Gallagher e Mickey Milkovich!

Ian puxou Mickey pela mão e subiram no palco, contemplados pelos aplausos da plateia.

— Boa noite — Kenushi os cumprimentou sorrindo.

— Boa noite — disseram em uníssono.

Eles se sentaram no pequeno sofá vermelho que ficava posicionado ao lado da poltrona branca que a apresentadora se sentava.

— Bom, vamos começar do começo, certo? — perguntou a japonesa. Eles assentiram e ela continuou: — Quando foi a primeira vez que vocês se viram? Foi amor à primeira vista? Como foi o primeiro encontro? E o primeiro beijo?

Mickey engoliu em seco. Aquelas luzes, câmeras e pessoas na plateia estavam o deixando um pouco desconfortável. Percebendo isso, Ian segurou a mão deu um leve aperto na coxa de Mickey para reconfortá-lo e decidiu responder sozinho.

— Eu tinha ido comprar alguma bebida pro meu pai no novo bar que abriu no bairro e Mickey trabalhava lá. Não sei se foi amor à primeira vista, mas atração com certeza foi — Ian riu. — Tanto que nesse dia eu até me atrasei para voltar ao trabalho. Fiquei ali, admirando essa beleza. — Ian segurou o rosto de Mickey com as mãos e apertou suas bochechas, ganhando um rosnado do namorado. — Então eu comecei a frequentar esse bar. Não ficava lá porque eu não gostava muito de beber, mas eu sempre ia até lá, comprava bebidas e as levava pra casa. Minha casa só não se tornou um estoque de bebidas porque meu pai era alcoólatra, e eu dava algumas para meu vizinho, Kevin, que tinha um bar em outro bairro.

— Você comprava bebida mesmo sem beber, só por causa dele? — Kenushi riu.

— É. Eu precisava vê-lo, sabe? — Ian deu de ombros. — E eu sempre aparecia lá pra comprar todo o tipo de bebida... Tipo umas três vezes por dia, apenas para vê-lo. Num dia, o bar fecharia mais cedo e eu não sabia. Quando cheguei lá, Mickey já estava fechando o bar. Eu lhe pedi algumas bebidas e então ele perguntou se eu realmente bebia tudo o que eu comprava. É claro que eu não ia responder: "Não, eu só venho te ver". Então falei que sim, e ele disse pra eu beber com ele, porque ele não acreditava que eu bebia tudo aquilo. — Ian bebeu um gole de vinho que estava em uma taça, numa pequena mesa de vidro em frente ao sofá. — Mesmo não gostando, eu comecei a beber junto com ele, e começamos a conversar. Como eu não era acostumado a beber, fiquei muito alterado e comecei a perder o controle sobre mim rapidamente. Quando me dei conta, já estava agarrando ele.

— No próprio bar? Em frente às pessoas? — Kenushi perguntou.

— Não, o bar já estava fechando quando eu cheguei.As pessoas foram embora e ele fechou o bar para ficarmos sozinhos. Ele nega, mas eu sei que ele também gostou de mim logo de cara. — Mickey balançou a cabeça, negando. — Eu fiquei muito mal e Mickey me levou para dormir na casa dele...

— E aí... Já rolou? Mas esse Mickey não brinca em serviço, hein.

Entrevistadora, entrevistados e plateia riram.

— Rolou não, eu só dormi mesmo — disse Ian. — Nós nunca tivemos um "encontro" realmente. Nós começamos a nos encontrar no bar mesmo, depois que Mickey o fechava... E então meio que começamos a namorar, sem nenhum dos dois pedir. Eu já estava quase largando as coisas em casa para viver naquele bar. Meu Deus, ele tinha minha vida em suas mãos.

— Ainda tenho — Mickey disse suas primeiras palavras em frente às câmeras, e Kenushi acenou, concordando.

— E isso é óbvio — disse Kenushi, apontando para as mãos deles, que estavam com os dedos entrelaçados. — O amor de vocês é bem notável.

A entrevista seguiu tranquila, apesar de Mickey não ter falado mais nada. Ele ainda se sentiu desconfortável com toda aquela atenção que recebiam, então Ian se encarregou de contar a história deles juntos.

Dois meses depois que começaram a ficar, o patrão de Mickey o demitiu por descobrir que ele é gay. Sem arranjar emprego, Mickey precisava voltar pra sua cidade — pois também estava sem um lugar para morar, já que ele alugava a casa ao lado do bar, que o dono do bar a alugava para Mickey.

Ian não pensou duas vezes antes de juntar suas coisas e decidir ir com Mickey. Mickey nem havia lhe convidado, Ian que se ofereceu para ir junto — porque ele não queria mais ficar sem o moreno —, e claro, Mickey adorou a ideia.

Os pais de Mickey sempre aceitaram sua sexualidade, mas vê-lo com outro homem mudava um pouco as coisas. As brigas começaram, e em um mês, eles já queriam Ian fora de casa. Mickey, obviamente não deixaria Ian ir sozinho.

— Como o nosso tempo está acabando, vamos lá, eu quero ouvir Mickey falando... Você já falou demais, Ian — brincou. — Qual foi a sua reação quando seus pais quiseram Ian fora de casa? — perguntou, enquanto lia a ficha das perguntas. — De quem partiu a decisão de voltar pra Chicago? Como ficou a vida de vocês desde então? Como você se sente agora que estão casados?

Ian olhou nervoso para Mickey, achando que o moreno não responderia; mas Mickey não estava mentindo quando disse que o Mickey que tinha medo de falar sobre seus sentimentos já não existia mais.

— Eu o trouxe de volta pra Chicago porque ele voltaria para a casa da família Gallagher, e eu tinha planos de morar com ele aqui. Não na casa da família dele, é claro... Aturar aquele monte de irmãos e de bônus um pai imprevisível não seria bom — Mickey riu.

— Quando chegamos aqui, eu ainda achava que ele voltaria para a casa dos pais, então eu pedi pra ele ficar comigo — disse Ian. — Você se lembra o que me respondeu? — perguntou para Mickey, fitando-o.

— Eu vou pra onde você quiser — Mickey sorriu e se voltou para a entrevistadora. — Ian voltou para seu antigo emprego num mercado e conseguiu me colocar lá como segurança. De pouco em pouco nossa vida começou a dar certo, e conseguimos comprar nossa casa, nossas coisas... E tudo correu bem até hoje. Não é à toa que o casamento saiu e aqui estamos nós.

— Tá vendo, gente? Quando há amor, tudo é possível — Kenushi disse olhando fixamente para uma das câmeras. — É só batalhar e não desistir na primeira dificuldade. O que você acha da história de vocês, Ian?

— Eu acho que é uma boa história pra contar — Ian sorriu.

Definitivamente era. A história deles era um exemplo para todas as pessoas que amam e não são compreendidas e/ou aceitas por alguma razão, por alguma pessoa. E afinal, se a história não fosse boa, eles nem estariam ali.

— E você, Mickey?

— Uma história pra sonhar.

E Mickey tinha razão, aquela era uma história pra sonhar. Não há como realizar um sonho, sem sonhá-lo.

Independente de quais fossem os sonhos das pessoas, todos se assemelhariam à história de Mickey e Ian, pois todas têm o mesmo propósito: A felicidade.


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Notas finais do capítulo

Porque fofura nunca é demais (e não mata ninguém). ♥



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