Nessa manhã, assim como nas das últimas semanas, Mickey demorou para se levantar. Quando o fez, acendeu um cigarro, abriu uma garrafa de cerveja e zanzou pela casa por um momento, até parar em frente à janela para observar o movimento.

Não havia ninguém na rua, devido a forte ventania e chuva que caíam. Mickey se identificou com a cena. O clima ruim e vazio era uma tradução de como ele se sentia por dentro: Triste, irritado e solitário.

Quando o cigarro e a cerveja acabaram, Mickey teve que ir conseguir mais — e sair de casa era tudo o que ele não queria.

Com a presença de Ian, vida de Mickey mudara; mas depois que o ruivo foi para o exército, ela voltou ao seu normal. Mickey voltou a ser um largado cujas únicas coisas que fazia era beber, fumar e assaltar a loja de Kash.

Por mais que ele tentasse fazer algo diferente, nada parecia dar certo. E realmente, nada dava certo. Tudo desandou desde a partida de Ian.

Sua vida se tornou monótona e sem graça como sempre fora, mas ele não ligava pra isso antes de conhecer a felicidade (leia-se Ian). Depois de conhecê-la e deixá-la escapar, ele passou a odiar sua vida — e duvidava que seria capaz de suportá-la por mais, no mínimo, quatro anos.

Até Ian voltar, Mickey ficaria submerso nesse oceano de solidão.