Todo mundo sempre comentava (ou pensava) que Mickey um dia se cansaria de mim, que ele não me amava realmente, ou então que ele não teria coragem de assumir seu lado gay e enfrentar seu pai e ele acabaria ficando com alguma garota só para não ter que enfrentá-lo. Quando isso aconteceu, eu já devia estar meio preparado pra enfrentar e superar isso, mas foi algo que me surpreendeu e me abalou, porque por mais que todos esperassem isso, eu tinha uma esperança de que isso nunca fosse acontecer; que Mickey nunca me largaria.

Não adiantou me embebedar e me drogar — a dor não passou e as lágrimas não pararam de escorrer pelos meus olhos. E nem parariam, só se eu o tivesse de volta (e se ele voltasse, eu o aceitaria!), mas isso era muito pouco provável.

Mickey seguiu o caminho mais fácil; se casou com uma vadia (sim, literalmente uma vadia!). Esse maldito casamento fez com que todos os nossos momentos juntos tivessem sido em vão, porque ele parecia não ligar para o que vivemos.

Nós mal nos despedimos, as palavras que trocamos não formaram nem uma conversa — uma conversa que deveria existir.

— Você fica com ela. E eu?

Me lembro de ter feito essa pergunta que nunca fora respondida. Mas no fundo — bem lá no fundo — eu sabia que a pergunta era retória, pois a resposta era óbvia. E eu? Eu ficaria com as lembranças, afinal, minha mente era o único lugar no qual o nosso relacionamento daria certo.