Crônicas de nós dois escrita por LittleHobbit


Capítulo 27
Wicked Game


Notas iniciais do capítulo

A música é Wicked Game, Chris Isaak.
Eu realmente precisava dar uma explicação do porque do House ter "rejeitado" o Wilson no capítulo 17. Embora seja bem óbvio haushau' Mas está aí, eu resolvi dar um final para minha segunda trilogia (capítulos 16 e 17).
Aproveitem.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/541894/chapter/27

–Você o quê?! - a voz de Wilson soou, alta demais, no silencio do apartamento.

Era madrugada de sexta para sábado e os dois assistiam Monster Truck no pay-per-view. Duas garrafas de cerveja, já quentes, sobre a mesa de centro. Conversavam de forma casual quando voltaram tempo demais no passado.

–O que você ouviu - o grisalho disse sem se abalar com o tom do outro, entornando o líquido amargo contra a boca. - Eu sempre soube que o que você disse era verdade, mesmo você estando quase bêbado demais pra conseguir andar sozinho.

Wilson o olhou com os olhos castanhos arregalados, a boca aberta em um "o" quase perfeito, queria argumentar algo com House, mas sua voz parecia simplesmente não sair.

Não se lembrava mais de como haviam chegado no assunto, mas voltaram ao dia em que haviam brincado de "Eu Nunca" na sacada do hospital. Um dos dias mais vergonhosos da vida de Wilson, diga-se de passagem. O dia em que o moreno havia se confessado, completamente bêbado, para House e, apenas uma semana depois, havia sido rejeitado pelo mesmo, que atribuiu a confissão apenas ao álcool.

O tempo havia passado depois daquele dia. Quatro anos, para ser exato, muita coisa acontecera desde aquela época. Coisas demais. Por Deus, ainda não sabia como haviam se acertado e resolvido que era hora de apenas aceitar que deviam ficar juntos.

E quando Wilson achou que havia finalmente deixado o que sentia por House para trás, o grisalho aparece em sua sala e simplesmente o beija, como se aquela fosse a atitude mais normal do mundo, de forma quase agressiva e despudorada. Tomando seus lábios da forma com que ele havia sonhado por tempo demais.

Havia decidido que atribuiria a atitude de House como mais uma de suas epifanias. Como se o grisalho houvesse, finalmente, se dado conta do que sentia por si, e o que Wilson sentia por ele. Mas ele sabia, sabia que House sempre soubera. Desde aquele dia. E mesmo assim, escutá-lo falando o que já sabia ser verdade , o deixara mais surpreso do que esperava.

–Calma, calma - disse mais pra si mesmo, de forma mais ou menos desnorteada. - Você está dizendo que sempre soube. Durante quatro anos, você soube que eu era apaixonado por você, e que você preferiu fingir que não sabia!

–Quando você diz dessa forma...

–Foram quatro anos, House! - exclamou de maneira irritada. - Quatro anos me corroendo por causa desse sentimento. Quatro anos sonhando com coisas que eu achava serem impossíveis! Cristo, eu achei que fosse ficar louco.

Que tipo de brincadeira era aquela? Que jogo cruel estavam jogando agora? Wilson se sentia sem fôlego, como se alguém houvesse lhe socado o estômago com mais força do que ele aguentaria. Como House pudera fazer aquilo com ele? Fazê-lo se sentir daquela forma durante quatro anos. Deixá-lo sonhando como uma garotinha apaixonada durante todo aquele tempo. Havia sido assim tão estúpido? Ele sempre era estúpido quando se tratava de House.

Mas precisava se acalmar, ele mesmo sempre sentiu que o grisalho sabia sobre seus sentimentos. Ele também havia entrado naquele jogo, no final das contas. Haviam decidido juntos, em um contrato mudo fechado com um olhar, que era melhor se nada mudasse. E agora era a sua chance de saber o porque de House ter esperado aqueles quatro anos pra se preparar, e depois apenas tomar Wilson da maneira conturbada com que havia tomado. Sem aviso prévio ou permissão.

–Eu estou aqui agora, não estou? - o grisalho disse com um sorriso nervoso.

Wilson não pode deixar uma risada fraca e amarga escapar de seus lábios. Esfregou a palma da mão contra o rosto e suspirou, tentando permitir que a raiva o deixasse.

–Por que fez isso? - perguntou de forma cansada, buscando House com os olhos.

House devolveu o olhar com o azul de seus olhos transbordados em tristeza, solidão e amargura. Riu de forma fraca, numa cópia do riso cansado do próprio Wilson, e suspirou de forma pesada, deixando a cerveja sobre a mesa de centro, arrumando o corpo contra o sofá.

–Eu não podia - disse desviando o olhar para o chão. - Não podia arriscar nossa amizade com uma coisa dessas. Não podia arriscar perder você, da maneira que fosse, eu apenas não podia.

–O quê? - Wilson foi ríspido. - Está tentando me dizer que me deixou no escuro, durante quatro anos, porque não queria me perder?

A resposta do grisalho foi um olhar. Profundo, direto e doloroso. Wilson suspirou cansado e completamente submisso.

–Você sempre foi o único que podia me salvar - a voz rouca soou. - Se eu te perdesse, seria como perder minha única salvação. Seria a mesma coisa de me afundar, deliberadamente, na areia movediça.

E Wilson pode ver como sonorizar aquelas palavras era difícil para o grisalho. Como era difícil pra ele se mostrar vulnerável e humano. E isso apenas o fez amá-lo mais. Wilson nunca quis se apaixonar por ele. Sabia que o grisalho apenas quebraria seu coração, mas era impossível. Estava preso, completamente encurralado por House.

Wilson aproximou o corpo do de House, levando as mãos para o rosto fino do grisalho e acariciando o seu rosto de maneira carinhosa, sentindo a barba por fazer lhe fazer cócegas contra seus dedos. Mergulhou naquele azul profundo, que eram os olhos alheios e suspirou mais uma vez, anestesiado com aquele olhar e com o dono do mesmo.

House segurou firmemente em seus quadris, puxando-os em sua direção. Trouxe o corpo do moreno até o seu, fazendo Wilson descansar sobre suas pernas, encaixando uma perna de cada lado do corpo do grisalho.

Wilson sentiu o calor de House contra seu corpo e fechou os olhos para que aproveitasse melhor a sensação. As mãos do grisalho dançavam por suas costas e sua boca lhe beijava o queixo com suavidade. Embrenhou os dedos nos cabelos grisalhos e puxou o rosto de House para um beijo demorado.

E enquanto ele sentia a quentura dos lábios de House contra os seus e a barba do mesmo lhe pinicando o rosto com suavidade, ele não pode deixar de achar graça na situação deliciosa que se encontravam. Quando Wilson poderia imaginar que amaria tanto alguém como Gregory House? Quando ele pensaria que perder alguém como ele seria seu maior medo?

Mas ele estava satisfeito com as coisas como elas estavam. Pertenciam um ao outro. Mesmo com os jogos, as mentiras e o fingimento durante aqueles quatro anos. Quatro anos que já haviam passado, no final das contas. E o que importava era o agora, e no agora eles estavam juntos. Mesmo que Wilson pudesse ser a pessoa mais idiota do mundo por pensar que aquilo pudesse dar certo.

–Você tem tanta sorte de eu ser um idiota - disse em tom zombeteiro, quando havia recuperado o pouco do fôlego.

–É a sua melhor qualidade - House abriu um sorriso torto nos lábios finos.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado o/
Até amanhã ♥



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Crônicas de nós dois" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.