Crônicas de nós dois escrita por LittleHobbit


Capítulo 17
Say Something


Notas iniciais do capítulo

A pedido - Fá ♥ - está aqui a continuação do capítulo de ontem. A música é Say Something, do A Great Big World. Gostei bastante do resultado. Ficou meio grande e, mesmo estando atrasada com a postagem, eu não queria deixar de postar. Por isso estou aqui, as 03h00 da madruga postando o capítulo aushuahs'
Uma coisa importante: estou com problema no teclado e a tecla do "n" está meio emperrada, ele nem sempre saí quando eu clico, então, me avisem se eu tiver "comido" algum "n" XD
Espero que gostem ♥



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You're the one that I love

And I'm saying goodbye

Say something I'm giving up on you

Fazia mais de uma semana que agia como uma pessoa paranoica. Deixava as portas de sua sala sempre trancadas. Não atendia o celular quando estava em casa. Parara de frequentar a lanchonete. Olhava para os dois lados do corredor sempre que precisava deixar sua sala para alguma coisa. Tudo para não ter que encontrá-lo.

E fazia mais de uma semana que haviam feito aquele jogo idiota. Que Wilson ficara vergonhosamente embriagado e que dissera, em algum surto psicótico resultado pela quantidade absurda de álcool em todas as partes de seu corpo, que estava apaixonado por seu melhor amigo.

Só lembrar-se disso fazia Wilson sentir vontade de se bater. Como pudera ser tão patético? Como conseguira ultrapassar o grau de idiotice que já tinha apenas por ser amigo daquele homem?

Suspirou de forma cansada, enquanto ajustava o medidor de morfina.

–Melhor? - perguntou de forma doce.

A garota de 14 anos sorriu de forma fraca.

–Obrigada - ela disse.

Wilson aproximou-se da cama da garota, levando uma das mãos até a cabeça da menina, acariciando a pele sem os fios que seriam dourados se a quimioterapia não os tivesse feito cair.

–Você vai ficar bem, Meggie - disse com toda a firmeza que tinha. - Como está se sentido hoje?

–Melhor do que ontem, pior do que amanhã - a garota disse enquanto sorria.

Wilson sabia que era mentira, mas apenas sorriu de forma carinhosa.

–Fico feliz.

–Não parece feliz - ela disse. - Onde está o Dr. House?

Wilson levou as mãos até a cintura enquanto olhava Meggie com um olhar indagativo.

–Não sei onde ele está, por quê?

–Você sempre parece mais feliz quando ele está do seu lado - ela deu de ombros. - Deveria ir vê-lo.

O que Meggie disse o perturbou durante horas. House realmente tinha o dom de lhe fazer sentir como a pior pessoa do mundo. O moreno se sentia sempre preocupado e estressado na companhia do outro. As palavras de House sempre lhe doíam, o sarcasmo, a ironia e o descaso. Mas ele estaria mentindo se dissesse que o grisalho não o fazia feliz.

Mas quado Wilson se lembrava de suas palavras embriagadas sentia a já conhecida vontade de se bater.

Não queria mais ver o grisalho. Sabia que não podia evitá-lo o restante de sua vida no hospital e não era como se ele pudesse simplesmente desaparecer, mas, por enquanto, estava feliz por House estar tão entretido com o caso novo que havia arrumado. O quebra-cabeça não o deixava com tempo para perturbá-lo.

E House tinha Cameron. O grisalho quase surtara quando a morena se demitira de uma hora para outra. Ele até mesmo aceitara ir em um encontro com ela. E claro que Wilson o apoiara nisso. Era o certo, no final das contas.

E mesmo se as coisas não dessem certo com a mais nova, ele ainda teria Stacy. A ex-mulher do grisalho havia voltado a pouquíssimo tempo, mas já estava claro que eles ainda sentiam algo um pelo outro - mesmo que Stacy houvesse se casado novamente. - House nunca conseguia se desligar, completamente, do passado. E a morena passara por muitas coisas ao lado do mais velho.

Wilson se recostou na cadeira macia, achando graça da forma como House era disputado. Cameron, Stacy, ele mesmo. O que aquele homem tinha que o tornava quase irresistível?

E sorriu ainda mais com a certeza de que House adoraria ouvir algo assim. Mas seu sorriso ficou amarelo pouco depois. Ele não era a pessoa mais sortuda do mundo, certo?

Estava apaixonado pelo canalha do House, e quando ele finalmente teve coragem para dizer algo ao mais velho - mesmo que por culpa de toda aquela vodka. - ele tinha duas mulheres lindas em seu caminho. E não era muito difícil adivinhar quem House escolheria.

Como ele terminara daquela forma? Ele, um homem casado, chefe dos oncologistas do hospital, no auge dos seus trinta e poucos anos, acabara assim, apaixonado por seu melhor amigo, trancado em sua sala por ser medroso demais.

Aquilo beirava ao ridículo.

Suspirou de forma pesada e deixou a cabeça cair sobre sua mesa de cor escura. Sentiu a frieza da madeira contra sua testa quente e ficou envergonhado consigo mesmo. Por agir como um adolescente inexperiente. E lá estava novamente a vontade de se bater.

Precisava se distrair. Parar de pensar em House ou no que aconteceria amanhã, quando sua tática de se esconder em lugares óbvios não desse mais certo. O caso do grisalho não duraria pra sempre.

E teria, de fato, começado seu trabalho se alguém não houvesse tentado abrir a porta, fazendo a maçaneta balançar.

Quase de imediato o nervosismo tomou conta de si. Sentiu suas mãos suarem, seu coração acelerar suas batidas de forma considerável e seu estômago embrulhar.

Levantou-se de sua cadeira confortável e caminhou até a porta, tentando agir da maneira adulta que lhe convinha, mesmo que sentisse vontade de se esconder embaixo da mesa.

–Quem é? - perguntou com a voz hesitante.

–Papai Noel - a voz rouca soou sarcástica. - Por que a porta está trancada?

Wilson passou a mão pelo rosto. Tudo o que ele menos precisava era de House lhe enchendo.

–O que quer? - questionou com a voz cansada.

–Entregar seus presentes, mas não vou conseguir se não abrir a porta.

Wilson teve que respirar fundo algumas vezes antes de juntar força emocional para levar a mão até a maçaneta. Virando a chave na fechadura e abrindo a porta de madeira. House o encarava com os olhos azuis.

–O que quer? - repetiu a pergunta de forma mais ríspida do que pretendia.

–Se queria se esconder de mim deveria ter se enfiado debaixo da mesa - escarneceu. - Isso ou ficado em um lugar menos óbvio do que trancado na sua sala.

House passou pelo moreno e foi sentar-se no sofá que se despunha ali.

–Achei que tivesse um caso - Wilson o ignorou.

Seu coração batia forte contra a sua garganta e seu estômago revirava de forma desconfortável em sua barriga. Puxou o ar pelas narinas de maneira profunda, tentando se acalmar.

–O cara está estável a mais de uma hora - ele respondeu.

–Então... Você veio até aqui para o que mesmo?

–Conversar sobre o que aconteceu da última vez.

Wilson esperou que uma continuação chegasse, mas ela não veio. A sala caiu em um silencio desagradável e nenhum dos dois parecia saber o que dizer. Wilson umedeceu os lábios de maneira nervosa e, tirando uma coragem que ele não sabia ter, voltou os olhos para os do outro. Castanhos nos azuis.

Olhou aqueles olhos e esperou. Esperou que ele dissesse algo. E ele precisava ouvir - fosse o que fosse. - Ele precisava ouvir a voz dele, a resposta dele. Mas por minutos só houve silencio.

E aquilo o corroeu. Por que ele não dizia algo? Qualquer coisa. Onde estava aquele sarcasmo idiota num momento como aquele? Onde estava toda a casualidade que ele conseguia transmitir em horas desconfortáveis? Por que ele apenas não dizia algo?

E então, a rouquidão se fez audível em meio ao silencio da sala.

–Olha, sei que não quis dizer aquilo - o grisalho começou. - Sei que a brincadeira saiu do limite e sei que você não sabia o que estava dizendo.

Aquilo era mentira. Wilson olhou House com uma mistura de surpresa e incredulidade. Era mentira. House não podia acreditar no que dizia. Ele conhecia Wilson bem demais pra saber que o que dissera não era apenas efeito do álcool. Como ele podia olhar em seus olhos e não ver a verdade estampada em seu olhar? Que ele o amava.

A não ser que ele visse. E que mesmo vendo a verdade ele preferisse, simplesmente, não a enxergar. Porque aquilo nunca daria certo. Porque aquilo era impossível. Porque House não o amava.

E Wilson pode ler isso tudo naquela maré intensa que eram os olhos de House. E ele soube que tudo seria melhor se nada simplesmente mudasse. Ele havia dito o que precisava dizer. E havia escutado o que House tinha para lhe sentenciar.

E finalmente sentiu o ar lhe faltar com aquelas palavras. Fechou os olhos por alguns instantes e suspirou de forma pesada e lenta. Seu peito pareceu apertado, mas ele engoliu toda a tristeza que sentia. Entortou os lábios com dificuldade e sorriu.

–Claro, graças a Deus você entendeu - ele disse num suspiro aliviado. - Fiquei com medo de que você levasse toda aquela baboseira a sério.

House sorriu de volta, como agradecendo pelas palavras ditas.

–Quem sabe, se fosse mais parecido com o Chase - disse de forma sarcástica. - Quem resistiria àquele cabelo loiro?

Wilson rolou os olhos.

–Vamos, agora que já conversamos, eu preciso voltar ao trabalho.

–Certo, certo - o grisalho disse enquanto levantava-se do sofá. - Jantar hoje, na minha casa.

Não fora exatamente uma pergunta e, antes que o moreno pudesse contestar, House já havia desaparecido porta afora.

Suspirou, de repente se sentindo muito cansado. A única coisa que queria era ir pra casa e desaparecer para sempre entre os lençóis de sua cama. Como desistiria de House se ele não o deixava se afastar?

Conseguira as palavras que queria, mesmo que agora, talvez, preferisse não tê-las escutado.


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Notas finais do capítulo

Desculpe DD:
Eu já tinha planos de escrever esse final meio broxante, e com a música então aushuahs' Apesar de ter ficado deprimente eu gostei de ter escrito o final assim. Ficou coerente, sei lá asuhash' Enfim, espero que tenham gostado. Comentem o/



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