Crônicas de nós dois escrita por LittleHobbit


Capítulo 15
Chasing the Sun


Notas iniciais do capítulo

A música do dia é Chasing the Sun, da Hilary Duff. Sei que o esperado era algo diferente, mas eu realmente gostei da ironia do capítulo com o titulo escolhido hehe'
Escrever hoje foi fácil, mas eu acabei não gostando do resultado, mas eu espero que vocês gostem o/
Aproveitem.



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Ironicamente nevava naquela tarde. As ruas de Nova Jersey estavam cobertas de neve, o vento sacudia cabelos e casacos das poucas pessoas que se aventuravam no lado de fora. O frio congelava as peles e os rostos se avermelhavam pelo inverno rigoroso daquele ano.

Apesar do frio característico da época do ano, as ruas também possuíam um clima animado e acolhedor. Clima natalino. As lojas iluminadas, as ruas enfeitadas, "papais Noeis" pelas ruas, sem falar nas "adoráveis" músicas natalinas costumeiras no natal.

Mas nada daquela baboseira importava para ele.

House estava ocupado demais para se importar com músicas irritantes e enfeites de natal. Sua paciente estava morrendo e ele não fazia ideia do por que.

A paciente de 34 anos estava com náusea, palidez, fadiga extrema e alterações preocupantes da pressão sanguínea. Faltava alguma coisa, ele só precisava saber o que era.

Por isso estava ali, o corpo deitado no carpete de sua sala, o som ligado a uma altura considerável, um frasco de Vicodin ao seu lado e os dedos girando a bengala de madeira.

Teria continuado em seu estado de concentração intensa se a porta de vidro de sua sala não tivesse sido aberta. Continuou de olhos fechados, pronto para mandar qualquer um de seus capachos para casa, mas não era nenhum deles.

–Já é 21h35min - a voz de Wilson soou em meio a música alta. - Não vamos pra casa?

House continuou em silencio, os olhos fechados, deixando a bengala cair ao seu lado.

O moreno deu alguns passos na sala e desligou o som, fazendo com que a sala caísse em um silencio agradável.

–Estou falando com você - disse.

House abriu um dos olhos e focalizou o azul no rosto indagativo de Wilson, ele tinha as sobrancelhas unidas e os braços cruzados ante o peito.

–O que está fazendo? - Wilson perguntou.

–Estava imaginando se você me deixaria em paz se eu fingisse estar dormindo - House disse de forma sarcástica.

O moreno apenas rolou os olhos ante a infantilidade.

–Vamos, estou com frio - ele disse ignorando House. - Quero ir pra casa.

Wilson estava agasalhado com o casaco marrom e um cachecol azul escuro, sua pasta em uma das mãos e a chave do carro na outra.

–Pode ir - ele disse. - Tenho trabalho.

–House, pelo amor de Deus. Você tem trabalhado como um maluco nesse caso, precisa descansar - replicou o moreno. - E logo será natal, vamos pra casa.

–Você sabe que é judeu, certo? - zombou.

Wilson abaixou-se até o corpo deitado de House, ficando quase na mesma altura que o grisalho, enquanto suspirava.

–Tanto faz, eu só quero ir pra casa - disse fitando o outro. - Com você, de preferencia.

–Está dizendo que quer que eu deixe, deliberadamente, uma paciente moribunda para ir para casa com você?

–E desde quando você se importa com pacientes? - perguntou sarcástico.

–Eu não me importo, você que se importa - disse. - Eu sou só um canalha, não se lembra?

Wilson sorriu com o comentário.

–É, você é um canalha - disse. - Você só se importa com o quebra-cabeça, mas você realmente salva vidas assim.

House entortou um sorriso maroto nos lábios e levou uma das mãos até Wilson.

–Exatamente por isso vou continuar aqui.

Wilson apenas o ignorou, levantando-se.

–Vamos, você pode ter uma de suas epifanias em casa.

–O quão egoísta pode ser James Wilson? - tentou uma última vez. - Não conhecia esse seu lado.

Mas Wilson não pareceu se importar.

–Não tem nada que você possa fazer agora, tem? - perguntou. - E o que você está fazendo aqui, você pode fazer lá em casa, não pode? Vamos, estou te esperando no carro.

E o moreno saiu fechando a porta atrás de si.

House suspirou enquanto piscava os olhos azuis algumas vezes. Procurou o frasco laranja ao seu lado e tomou um dos comprimidos brancos, levantando-se do chão com dificuldade.

Se fosse qualquer outra situação House não pensaria duas vezes antes de seguir Wilson para irem pra casa, mas o natal era uma época desagradável aos seus olhos. Mas não podia fazer nada agora.

House engoliu mais um comprimido antes de sair do carro. Sua perna doía mais do que o comum durante o inverno, e o vento castigou a ambos no caminho do apartamento. E quando entraram, os cabelos castanhos de Wilson estavam desgrenhados no topo da cabeça.

O apartamento estava quente e aconchegante. Havia enfeites coloridos pela sala e um clima gostoso se espalhava pelo lugar.

–O que você quer pra jantar? - Wilson perguntou enquanto tirava o casaco e o cachecol.

–Carne assada seria uma boa.

Wilson sorriu e caminhou em direção à cozinha, as mãos penteando os cabelos bagunçados de forma apressada.

House suspirou e caminhou em direção ao piano disposto no canto da sala. Sentou-se ante ele e se pôs a tocar uma melodia alegre. Sua cabeça ainda rodava pelo caso da paciente, mas era bom estar em casa.

Estar em casa era bom.

Fazia muito tempo desde que "estar em casa" era sinônimo de uma coisa boa. Durante anos que isso significava apenas silencio e solidão, mas Wilson estava ali e isso era a melhor coisa que poderia acontecer pra ele. Ter Wilson ao seu lado era sinal de felicidade. Sempre.

House se pôs a tocar uma melodia natalina bastante alegre, escutando a risada do moreno vindo da cozinha e não podendo deixar de sorrir em resposta. Passou a cantar jingle bells com a voz rouca, em um tom bastante irônico, sendo acompanhado por Wilson, com a voz divertida.

Não demorou o cheiro quente de carne e batatas enchia todo o apartamento. Os enfeites brilhavam à luz pálida da lua e House ainda cantarolava a melodia doce quando sentou-se no sofá ao lado de Wilson. Ambos com os pés sobre a mesa de centro, os pratos fartos sobre os colos e garrafas de cerveja gelada para acompanhar o jantar. O frio do lado de fora e a ventania uivando contra a janela fechada.

E House percebeu que não gostaria de estar em nenhum outro lugar que não ali, e que de repente nada era tão importante assim, mesmo que isso soasse tão egoísta quando parecia. Percebeu que estava feliz e, mesmo que ele não pudesse admitir, nem pra si mesmo, era abençoado por se sentir assim e por finalmente poder ter aqueles momentos com alguém de novo.

E ele apenas queria parar no tempo e guardar aquele pequeno momento. Percebera que não precisava mais correr atrás da felicidade. Ela estava bem ali, ao seu lado.


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Notas finais do capítulo

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