Crônicas de nós dois escrita por LittleHobbit


Capítulo 14
Oceano


Notas iniciais do capítulo

A música de hoje é Oceano, do Djavan. Confesso que o capítulo de hoje é o mais whatever em relação com a música do desafio huehue' Mas eu fiz o melhor que eu pude, então, aproveitem o/



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Era tarde. A madrugada caminhava lenta no escuro lá fora. O relógio marcava 02h15min e o vento uivava contra a janela fechada.

House estava esparramado no sofá da sala do apartamento. Os olhos azuis pregados em um programa qualquer que passava no pay per view. Uma cabeleira castanha pendia em seu ombro, os fios macios faziam cocegas em seu pescoço, mas a sensação era boa. Wilson dormia como uma criança, a respiração ruidosa escapava pelos lábios entreabertos e o peito subia e descia de maneira leve.

O grisalho sentiu o gosto amargo da cerveja gelada quando entornou o líquido dourado nos lábios muito finos. A sala estava uma bagunça e House tinha certeza que Wilson ralharia com ele pelos salgadinhos espalhados pela mesa.

Levou os olhos para a figura adormecida ao seu lado, sentindo o cheiro doce que emanava dos cabelos de Wilson, sentindo uma leve vontade de embrenhar os dedos ali. Sentira saudades. Não que fosse confessar uma coisa daquelas ao amigo, embora soubesse que o moreno sabia muito bem de tudo aquilo. Não podia esconder nada dele, no fim das contas.

Mas como sentira saudades de tudo aquilo. De sentir o cheiro dele, o calor do corpo dele, a sua presença. Sentiu saudades de apenas tê-lo ao seu lado. Sentira saudades de todas aquelas pequenas coisas e temera, durante todo aquele tempo, a possibilidade de Wilson tê-lo realmente esquecido.

Tomou outro gole da cerveja e pensou em como sua vida seria incompleta sem o moreno. Como ela seria errada, em como ela seria contra as leis da física.

E por isso agradecia pela morte de seu pai - o pai que não era seu pai de verdade. - Fora por culpa daquele bendito funeral que ele e Wilson haviam se entendido, mesmo que para isso fosse preciso ocorrer provocações quase infantis, uma gritaria na igreja, um vitral estilhaçado por uma garrafa e uma prisão. E como o grisalho se sentira feliz quando focalizara os olhos azuis na figura do moreno, no banco do motorista do carro.

Sua mãe era uma mulher esperta. Desconfiara quando Cuddy aparecera lhe falando da morte de seu pai. Duvidava que sua mãe mantivesse contato com a morena, mas tudo ficara claro quando vira Wilson. Sua mãe ligara para o moreno, e apenas para ele. Ela sabia que apenas Wilson tinha condições, paciência e força psicológica para fazer com que House comparecesse naquele funeral. Sabia que era Wilson, e apenas Wilson, quem tinha alguma influencia sobre o filho.

E fora no caminho de volta para Princeton que se agarraram de forma quase selvagem no banco de trás do carro. Tocando-se de maneira ávida, beijando-se com força e de maneira quente, dando vasão a toda a saudade que sentiram um do outro. Com toda a ânsia de um casal de adolescentes inexperientes.

E então Wilson estava ali novamente, ao seu lado.

O moreno estremeceu contra seu corpo e sua cabeça despencou de seu ombro. Wilson teve um sobressalto e House se pôs a rir.

–Que horas são? - o moreno perguntou de forma desorientada.

–02h47min - House respondeu de forma divertida.

Wilson coçou os olhos de maneira preguiçosa, bocejando logo em seguida.

–Eu não faço ideia do que estava fazendo quando peguei no sono.

–Eu posso lembrar você, se quiser - o grisalho disse com a voz carregada de malicia.

–Desculpe, tenho certeza que não se tratava disso - Wilson disse de forma irônica.

–Como pode saber? - zombou. - Tem ideia do quanto de álcool que você tem no sangue?

–Acha mesmo que eu não lembraria se fizesse sexo com você? - perguntou entrando na brincadeira indecente.

O grisalho pensou por alguns segundos e entortou um dos lados da boca, num sorriso zombeteiro.

–Tem razão, é impossível se esquecer de uma noite comigo - disse em tom de falsa modéstia.

Wilson rolou os olhos ante todo aquele ego, mas não pode deixar de sorrir quando House inclinou o corpo sobre si, empurrando-o contra o tecido quente do sofá.

House distribuiu uma série de beijos provocantes pelo pescoço do moreno, arranhando a pele parda com a barba e sorrindo com Wilson se arrepiando quase por completo. E teria aprofundado as caricias se Wilson não o houvesse empurrado para longe.

–Por que tem salgadinhos espalhados pela mesa? - perguntou com os olhos castanhos fitando a bagunça.

Mas o grisalho o ignorou, beijando os lábios vermelhos com luxúria, o impedindo, deliberadamente, de continuar falando.

Precisava fazer de tudo para que nunca mais se separassem, para que Wilson nunca mais quisesse esquecê-lo. Por que agora finalmente percebera que só sabia viver por ele.


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Notas finais do capítulo

Até.



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