As canções de nossa vida escrita por Andreos


Capítulo 4
Meu erro, é não ouvi-lo


Notas iniciais do capítulo

Quarto dia de desafio. Demorei mais hoje .-. Baseado na música Meu Erro, do Paralamos do Sucesso.
04/09/2014



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Theor não tinha o hábito da leitura. Mas, raramente, de vez em quando, ele pegava um dos livros disponíveis. E ele normalmente fazia isso quando podia passar em tempo com Thommem. Era agradável aquele tempo em que passavam juntos, sem fazer nada. Extremamente agradável. Às vezes seria mais que agradável se durasse mais tempo. Mas nunca durava o suficiente. Para Theor, nunca seria o suficiente.

Mas isso não significava que ele não aproveitava. Ele tentava aproveitar ao máximo e mais um pouco. Porque todo o tempo gasto com Thommem era importante, necessário e que nunca iria substituir o tempo em que eles estiveram separados, mas que ele fazia o máximo para recuperar.

–Theor...

Theor meio que reconhecia aquele tom arrastado de Thommem. Meio arrastado e cheio de receio. Meneou com a cabeça, mostrando que estava prestando atenção no irmãozinho. E realmente estava, porque aquele tom do mais novo normalmente significava que ele estava pensando em algo problemático. Do tipo que ia deixar Theor com problemas filosóficos e uma puta dor de cabeça. Fora a preocupação. Às vezes raiva. Ok, normalmente com raiva.

–Nós estamos prestes a atingir a maioridade, certo?

Theor deixou até mesmo o livro de lado, prestando total atenção no mais novo. O tom de voz dele piorava a cada palavra, como se os pensamentos pesassem e doessem.

–Eu acho que, talvez, eu devesse arcar com as minhas responsabilidades.

Theor fitou o irmão, incrédulo. Como assim, arcar com responsabilidades? Ele sabia o que o irmão queria dizer, mas simplesmente não conseguia acreditar naquelas palavras.

Então era assim? Falsas promessas, falsas esperanças. Thommem iria mesmo abandoná-lo? Depois de tê-lo feito prometer que nunca o abandonaria? Como ele podia.

–Theor, deixe-me explicar.

Ele não deixou. Theor levantou-se rapidamente, deixando o livro onde jogara mesmo. Ele não podia simplesmente acreditar que Thommem iria fazer aquilo. Ficar com ele não bastava? Não era o que importava, afinal de contas?

Não, não era.

Theor não iria mais acreditar naquilo.

Ele estava tão puto.

–Um segundo, Theor, é o que eu peço.

...

Ele não ouviu. É claro. Ele não deu o segundo que Thommem pediu. Ele simplesmente não podia acreditar naquilo. Seu quarto destruído era um aviso de que não queria ver ninguém . Muito menos falar com alguém. Ele simplesmente não podia, principalmente, suportar a ideia de ver Thommem.

Como seu irmão podia fazer aquilo com ele, depois de tanto tempo?

E mesmo assim, ainda eram iguais. Tão malditamente iguais. Ele tinha raiva, porque ele sabia que Thommem sofria por não estar cumprindo com seus deveres. Ele sabia que o irmão não nascera para desobedecer, como ele.

E, mesmo sua desobediência era uma espécie de seguir as regras. Era genético. Sua mãe era tão rebelde quanto ele, na juventude. Eles se entendiam. Mas, mesmo assim, a dor de perder alguém tão importante era impossível.

Porque sim, ele ia perder Thommem.

Fechou os olhos e sentou-se no meio do caos que agora era seu enorme quarto. Ele estava tão frustrado. Agora que a raiva deixava-o, Theor podia finalmente sentir a dor. Ele não acreditava nisso. Sabia que o irmão sempre quisera se encontrar com sua ex-noiva, mas aquilo era demais.

Seguir com responsabilidades? Theor não pode deixar de rir. Uma risada sarcástica, magoada.

Era culpa dele. Todos sabiam, somente ele ignorou aquilo. Por tantos anos...

Talvez ele nunca devesse ter interferido no destino.

–Por que eu nunca consigo me explicar?

Thommem abriu sua porta violentamente, ajoelhando-se em frente a Theor. Os olhos verdes estavam assustadores. Pela primeira vez na vida, o mais velho sentiu medo do mais novo.

–Como pode ser tão cabeça-oca? Por que você simplesmente não me deixou terminar, Theor? Você passou as últimas horas destruindo seu quarto e se maltratando, quando um segundo teria bastado para que você me entendesse. Um maldito segundo, Theor. Que droga.

O mais novo deu um tapa bem dado na cara do outro, deixando-o com uma sensação dolorida. Ele podia ser forte quando queria, Theor sabia disso. Mas estava ainda mais impressionado com as palavras do irmão.

Ele estava irritado.

Por que ele estava irritado?

Thommem suspirou, segurando seu rosto, forçando-o a encará-lo.

–Pare de pensar besteira, meu irmão. Eu jamais vou abandoná-lo, ok? Só que eu devo arcar com minhas responsabilidades. Está na hora de voltarmos para Heltândia.

Theor nunca sentiu tanto alivio e felicidade em sua vida. Abraçou o irmão fortemente, ouvindo-o rir em seu ombro. Ele era um idiota, afinal de contas. Ele não deixou o irmão falar, como se não quisesse saber, como se não se importasse.

Thommem quis dizer, Theor simplesmente não quis escutar.

Abraçou o irmão com mais força e segurou-se para não chorar.

Ok, talvez estar ao lado dele bastasse.

...

Thommem não contou, inicialmente, todos seus motivos para voltar a Heltândia. Mas meio que Theor já sabia. Era o momento. A guerra estava prestes a começar novamente, e Tesália precisaria de seu primogênito por perto.

O mais novo não se importava de arcar com a responsabilidade. Ele havia feito com que seu irmão se afastasse, nada mais justo do que levá-lo de volta.

Mas agora ele ficaria por perto. Ele não abandonaria o irmão. Porque Theor precisava dele. E ele precisava de Theor.

Era justo. Não o abandonaria. Jamais.


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Notas finais do capítulo

Enfim, esse é o momento em que os gêmeos aparecem pela primeira vez na fic, quando Cristiano perde o controle de si mesmo para Maltimai. Capítulo 11 de Portadores do Reino.
Até amanhã



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