As canções de nossa vida escrita por Andreos


Capítulo 3
Can't remember to forget you


Notas iniciais do capítulo

Capítulo baseado na música Can't Remember to Forget You, Shakira feat Rihanna. Terceiro dia do desafio de songfic.
03/09/2014



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Thommem sabia. Ele não podia deixar que as outras pessoas o vissem daquele jeito. Ele era o príncipe herdeiro. Ele era o primogênito de seu pai. Ele dominara o primeiro portal. Ele era o possível escolhido de Kashya para seu Herdeiro.

Mas Thommem não podia acreditar que seu pai faria isso com ele.

–Thommem, por favor, me deixe entrar.

Thommem encolheu-se mais ainda no canto do quarto, atrás da cama. Ele era pequeno, sabia disso. Era pequeno para seus onze anos. Mas isso era uma vantagem, às vezes, quando tinha que fingir que não existia.

As lágrimas eram silenciosas. Ele sempre fora silencioso para manifestar seus sentimentos. Era uma forma de não decepcionar a todos.

Pela primeira vez na vida, ele queria abandonar tudo.

Thommem se encolheu ainda mais quando ouviu a forte batida na porta. Um único soluço escapou de seus lábios, mas ele logo fechou-os, voltando ao seu choro compulsivo e silencioso. Ele não queria aceitar aquela situação. Sua mente jovem não entendia porque tinha de aceitá-la.

Ele não queria casar-se.

Ele estava esperando o seu príncipe. Ele passara a vida inteira tendo visões com ele. Boas visões. Ele queria o seu príncipe, não aquela menina. Ele queria Theor de Heltândia.

A porta abriu-se com um estrondo e Thommem logo sentiu braços rodeando-o. O ferro contra seu rosto e a cota fria lhe informavam que era Rain, que ele podia continuar a chorar. Tudo se resolvia facilmente com seu cavaleiro por perto. Era como seu irmão mais velho, sempre tentando alegrá-lo e protegê-lo. E o pequeno gostava dele. Verdadeiramente.

Mas naquele momento ele só queria Theor.

Como ele podia esquecer de alguém que estava prometido para seu futuro?

Ele vira Theor sua vida inteira. Ele não podia simplesmente abandonar a ideia e se casar com uma garota qualquer, com onze anos. Ele tinha que esperar por Theor.

Ele não podia simplesmente esquecê-lo.

...

Theor sabia que sua mãe podia ser filha da puta. Ela era a soberana, afinal de contas. Mas ele nunca imaginou que TODOS poderiam sê-lo.

Até mesmo seus tutores.

Ele nunca sentira tanta raiva em toda a sua vida. Destruíra seu quarto antes de fugir, somente para fazer birra. Afinal, se o tratavam como criança, ele iria ser uma criança.

Eles passaram sua vida escondendo a existência de seu irmãozinho.

E, certo, eles nasceram no final de uma guerra, no momento crítico de estabilizar os reinos, de um casamento arranjado, mas não precisavam ter escondido a existência um do outro. Era crueldade. Sua mãe nunca pensara que ele talvez fosse querer ter um irmão? Hãn? Talvez ela só pensasse em si mesma, afinal de contas.

E não que ele não gostasse de Samara e Tamara. Mas elas eram mais velhas que Thana, a perdida. Como ele poderia lidar com duas garotas de quase quarenta anos que pareciam duas meninas? E, ainda por cima, falavam como duas meninas da corte?

Elas eram mais feiticeiras que Sol, isso era um fato.

“-Esqueça isso, Theor.”

Fora o que sua mãe dissera, depois de tudo que ele disse para ela. Ele não acreditava que ela tinha a cara de pau de mandá-lo esquecer-se da existência de seu irmãozinho.

Era impossível.

Talvez ele estivesse fazendo isso somente para provar que eles não mandavam nele, que o futuro era seu. Ainda não tinha certeza. Mas a verdade era que ele precisava conhecer seu irmãozinho.

Ele precisava protegê-lo e ser o irmão mais velho dele. Ele tinha uma necessidade muito forte de tê-lo para si.

E ele nem o conhecia.

Ele parou em frente a caravana, respirando forte. Aquele último homem fora o mais difícil de todos. Sentia a forte ardência sob seus olhos, onde a lâmina o cortara, e sentia o sangue abundante. Sabia, também, que aquilo deixaria uma cicatriz. Mas isso não importava.

Ele só precisava abrir a porta e olhar para seu irmãozinho.

E, com as mãos trêmulas, ele o fez.

O menino dentro da caravana sorriu. Ele levantou-se tranquilamente e aceitou a ajuda do outro para descer. Caminharam, lado a lado, como velhos amigos, cada um com seus próprios sorrisos.

Thommem fizera bem em não “esquecer e deixar pra lá”.

Theor sabia que nunca deveria “esquecer isso”.


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Notas finais do capítulo

Hmmm, quem acompanha a fic talvez não se lembre com exatidão desta parte. É um momento em que Renato relembra sobre quando os gêmeos se conheceram, agora sob a perspectiva dos dois. Capítulo 14 de Portadores do Reino.
Até.



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