Miguel e Davi escrita por Lola Vésper


Capítulo 8
Capítulo 8 - Fancy - 10/11




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Miguel não tinha uma opinião completamente formada sobre sua faculdade estar em greve. Claro, fazia duas semanas que não ia para as aulas, mas ao mesmo tempo conseguira tempo o bastante para colocar suas coisas no lugar e ainda sobrava tempo para Davi. E o outro estava ficando são próximo, que Bia chegara a sugerir uma vez que deviam lhe dar uma cópia da chave do apartamento. Fora só uma brincadeira, mas ao ser acordada às cinco da manhã naquele dia, Bia desejou que realmente tivesse feito a cópia.

– Miguel. – ela falou sonolenta, abrindo a porta, mas ainda com os olhos fechados. – Eu vou te matar.

– Desculpa, Bia – o garoto falou, parecendo alto, sorrindo um sorriso que pertencia à bebida. – Sabe que eu sempre esqueço a chave…

– Eu te odeio por isso.

Miguel riu, enquanto entrava no apartamento junto com Davi.

A verdade era que Miguel algumas vezes ia encontrar Davi em seu trabalho como barman, ficando até depois do turno desse e bebendo um pouco. Assim, bêbados, iam até a casa de Miguel e Bia, muito mais perto do que a do de cabelos arrepiados. E, agora que Miguel e Davi estavam oficialmente juntos, isso não parecia um problema tão grande.

Ou melhor, se você não considerar o quanto Bia ficava furiosa em ter que acordar no meio da noite para abrir a porta toda vez que Miguel esquecia suas chaves.

Naquele dia, pelo menos, eles haviam trazido duas garrafas para compensar tê-la acordado. Uma de vodca e a outra de cachaça. Os dois sabiam o quanto Bia gostava de beber, apesar de poucas vezes ter a oportunidade.

– Trouxemos presentes, Bia! – Davi disse, segurando a menina por trás e beijando sua bochecha delicadamente, a velha melhor amiga.

Bia sentiu o habito de álcool antes mesmo de perceber qual dos dois a segurava.

– Nada legal me acordar no meio da noite. Mesmo com “presentes” – ela ironizou. – Um “presente” seria ter me deixado dormir!

Miguel riu como apenas os bêbados riem, achando uma graça onde apenas ele conseguiu.

Tudo era confuso. Tudo fora transformado tanto pelo sono como pela bebida e dava a impressão de um cenário de sonho, com tudo soando mais surreal e extravagante do que devia.

Mesmo brava, Bia aceitou a oferta de paz, e de estômago vazio, os três deram cabo das duas garrafas e acabaram caindo na sala mesmo – Bia deitada no chão, Miguel e Davi abraçados no tapete – e dormiram o sono dos bêbados, apenas para acordarem com uma ressaca terrível no dia seguinte.

Bia foi a primeira a acordar, a cabeça latejando e rodando, os músculos do corpo implorando para que ela os deixasse descansar mais um pouco. Mas o telefone tocava irritantemente, e mesmo os outros já começavam a se mexer.

Assim, a menina saiu da sala, deixando os outros dois acordar lentamente.

Miguel e Davi estavam abraçados e, mesmo que no tapete, parecia tão confortável que eles não queriam se levantar. Miguel conseguiu abrir os olhos primeiro, a cabeça também doendo, mas eram os olhos de Davi que a luz machucava.

– Hum… – Davi murmurou.

– Bom-dia. – Miguel falou, cansado.

– Só pra você.

Miguel riu.

De repente a noite anterior começou a voltar para eles. E Miguel começou a rir mais alto, lembrando-se das besteiras que tinham feito e as merdas que tinham falado.

– Lembra o que aconteceu noite passada? – perguntou.

Ainda com a mão na cabeça, Davi respondeu, mas desta vez forçando um sorriso:

– Você disse que ia me chupar até eu gozar.

Miguel riu de novo.

– Mas foi você que me chupou.

– Foi? – Davi olhou para o namorado, que começava a se levantar. Sorria com malícia, mas os olhos cobertos com as mãos pareciam sinceramente confusos.

– Sim. – Miguel disse, agora de pé e fechando o zíper da calça. – Com a Bia na sala e tudo.

– Eu tava muito bêbado. – ele disse, enquanto aceitava a mão de Miguel para se levantar também.

Os dois sorriram, enquanto continuavam a lembrar-se o que mais acontecera.

– E você vomitou. – Davi disse, arrumando a roupa amassada.

Por um momento, Miguel não conseguiu se lembrar, mas enquanto sentiu o gosto ruim na boca e percebeu que era verdade.

– Me fala que não foi no tapete. – ele pediu, imaginando a reação de Bia.

– Não foi – Davi ria. – Foi no vaso de flores ali na entrada.

– Céus… – Miguel finalmente deu uma olhada ao redor de si. Havia bebida no chão e algumas peças de roupa, como um casaco e uma calça de pijama feminina, no chão. – A gente bebeu mesmo, hein? – Davi concordou – Que horas, são?

Mas, desta vez, Davi balançou a cabeça negativamente. Não sabia que horas eram. Porém a luz entrava na sala pela janela, mesmo com as cortinas fechadas.

Foi quando Bia entrou na sala de novo, apenas de calcinha, parecendo um pouco desesperada.

– Nós dormimos o dia inteiro! – gritou. – Já são seis da tarde!

– Seis? – Davi repetiu enquanto coloca seu casaco. – Merda. Perdi a faculdade… Merda. – repetiu, agora parecendo com pressa. – Vou perder o trabalho também!

E, dando um selinho rápido em Miguel e um abraço em Bia, ele disse tchau, ainda repetindo que estava atrasado, antes de sair do apartamento.

Bia e Miguel se encaram assim que a porta bateu. Ela sorrindo com toda a malícia, como se dissesse “eu sei o que vocês fizeram”. Miguel forçou um sorriso, mas no fundo estava constrangido. Ficou feliz pela amiga não ter dito nada. Apenas pegou a calça do pijama no chão e voltou para seu quarto, rindo o quanto podia.


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Notas finais do capítulo

Comentários? *-*



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