Miguel e Davi escrita por Lola Vésper


Capítulo 4
Capítulo 4 – Meu erro – 10/06


Notas iniciais do capítulo

Bom, tudo isso aconteceu antes do capítulo anterior. Eles ainda estão brigados, apesar de o Davi já ter terminado com a Patrícia...



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Patrícia era o nome que Miguel mais odiava nos últimos dias. Não porque certa Patrícia tinha namorado certo Davi por um mês, mas porque ele já ouvira o nome tantas vezes que enjoara dele. Se tivesse que ouvir alguém dizendo Patrícia mais uma vez naquele dia achava que iria vomitar.

Davi terminara com a menina, mas ela continuava assombrando Miguel. Porque agora o outro parecia determinado a convencer que voltar com ele não era má ideia, apesar de Miguel saber a verdade.

Estava sentado no sofá da sala, olhando para a tevê sem realmente prestar atenção enquanto as propagandas passavam e segurando um pote de sorvete nas mãos.

– Deixe-me adivinhar, – Miguel disse assim que Bia voltou para o cômodo depois de ter levantado para atender ao telefone. – Era o Davi de novo.

– Não, – ela sorriu, sentando no sofá e pegando o pote de sorvete de Miguel. – Era o Gui.

– Ah, – Miguel permaneceu alguns momentos em silêncio antes de perguntar: – E como ele está?

Gui era o namorado de Bia que morava tediosamente longe. Bia estava sempre reclamando da distancia entre o Rio Grande do Sul e o Rio de Janeiro, mas sempre acabava sorrindo depois de conversar com o outro.

– Preocupado com você, – a menina respondeu.

– Gui não se preocupa com ninguém, Bia.

Ela riu, dando um tapa de leve no ombro do amigo.

– Sabe que não é verdade… Ele se preocupa com você. É nosso amigo!

Miguel forçou um sorriso. Odiava quando Bia se referia a si mesma e a Gui no plural, como se fossem duas parte de um todo. Ainda mais agora, que estava tão frágil por causa de certo Davi.

– Devia sair um pouco, Miguel! – ela disse, ajeitando-se melhor e com uma boa colherada de sorvete na boca. – Eu acho que você devia deixar o Davi pra lá. Ele é um idiota qualquer.

– Não era isso que você achava algumas semanas atrás.

– Hum, – a menina continuou, sem olhar diretamente para Miguel. – Mas isso foi antes.

– Eu estou bem. – ele disse, virando-se para a amiga. – Não se preocupe comigo.

Os dois ficaram um tempo em silêncio, simplesmente encarando a tevê, até que Bia pareceu irritada, agitando-se desconfortavelmente enquanto procurava o controle e apertava o botão para desligar o aparelho a sua frente.

– Eu tive uma ideia, – ela disse, enquanto Miguel lhe encarava. – Vamos os dois fazer alguma coisa legal hoje. Só nós dois. Tem esse bar…

– Não estou no humor, sério – ele sorriu, – Mas obrigado por se preocupar.

– Não foi uma sugestão – Bia informou. – Foi uma exigência. Sem desculpas, vamos. Nesse segundo. Levando desse sofá e vai se arrumar!

E foi assim que, ao recusar mais uma vez, Bia o puxou do sofá e o empurrou até o quarto, obrigando-o a se vestir.

**E o meu erro foi crer/ Que estar ao seu lado/ Bastaria**

Algum tempo depois, Miguel e Bia haviam entrado em um ônibus e parado em uma esquina do lado de um bar que abrira recentemente. Os amigos de Bia já haviam comentado sobre ele, mas ela nunca fora até lá e, a uma primeira vista, pareceu aprovar. Sorriu, pegando a manga da camiseta de Miguel e o puxando para dentro.

– Espero que não tenha nenhuma intenção de pegar bebida! – ele gritou pra ela. – Temos os dois dezessete anos.

– Só até daqui seis meses.

– Mas daqui seis meses não é agora.

– Ah, não seja pessimista! Como se você nunca tivesse bebido antes… A gente pede pra alguém comprar pra gente!

– Bia, você sabe que…

– Para, Miguel! Tente se divertir um pouco!

Mas, mesmo quando Bia sentou-se em uma mesa vazia que eles acharam no fundo e Miguel a acompanhou, ele não conseguia se animar. Foi apenas quando eles não conseguiram chamar uma garçonete que Bia se levantou e foi até o bar, tentar conseguir alguma coisa ali.

Ela pareceu demorar séculos para voltar. Miguel simplesmente apoiou a cabeça na mão e ficou esperando, arrependendo-se cada vez mais a cada minuto pode ter saído de casa.

Quando Bia voltou, ela ria. A pele morena estava iluminada pela luz do bar, que também iluminava a porção de batata frita que ela tinha em mãos.

– Não vai acreditar em quem eu encontrei! – Ela disse, sentando-se e aproximando-se dele, como para contar um segredo. – Você sabia que o Davi trabalha aqui?

Os olhos de Miguel se arregalaram, sem conseguir responder. Automaticamente colocou a mão para esconder o rosto e respondeu:

– Não, eu não sabia – cochichou o mais baixo que a conversa alta lhe permitia. – Onde ele está?

– Ele é barman, – a garota disse, sorridente. – Disse que quer falar com você. Que não sabe o que deu de errado entre vocês. Que ele quer muito ter a oportunidade de esclarecer as coisas!

Miguel olhou em volta, como para se certificar que ninguém estava ouvindo.

– Eu não quero ver ele. Eu não quero acreditar em qualquer palavra do que ele diz. Por favor, Bia, você sabe o que aconteceu com a Patrícia!

Ele adorava a amiga, mas ela podia ser tão ingênua às vezes…

– Vamos embora, – ele sentenciou.

– Por favor! – Bia falou. – O Davi queria vir aqui, mas ele tá trabalhando e não pode…

– Eu não quero saber. Melhor ainda. Vamos embora antes que ele apareça aqui. – e Miguel se levantou, mas Bia continuou parada.

– Não vou embora.

Ele suspirou. Algumas vezes tinha ganas de matar Bia.

– Tudo bem. Te vejo no apartamento.

– Você não pode… – ela o olhou com uma cara de dó.

– Eu tenho a chave – disse, sem piedade.

E, quando Miguel foi embora, Bia o acompanhou, tropeçando enquanto tentava passar pelas pessoas e alcançar o amigo. Mesmo quando ela o gritou, Miguel não parou. Eles só voltaram a ficar lado a lado enquanto ele olhava no relógio e percebia que logo um novo ônibus devia passar na esquina para levá-lo de volta ao apartamento.

– Grosso – Bia murmurou ríspida. – E eu ainda nem comi as batatas fritas!

Miguel não respondeu.

**Então não me chame/ Não olhe pra trás**

Miguel e Bia voltaram para casa, contudo isso não quis dizer que ele fora dormir.

Ele podia até estar deitado em sua cama, mas não estava dormir. Por isso, quando uma mensagem vibrou seu celular, ele viu de imediato. Pegou o aparelho na escuridão e leu o que estava escrito:

Te vi no bar hj. Tava mt gato! ;) Pode conversar?

Davi, Davi. Sempre Davi. Mas Miguel não respondeu, simplesmente colocando o celular no lugar e voltando para a escuridão solitária do quarto.


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Notas finais do capítulo

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