Miguel e Davi escrita por Lola Vésper


Capítulo 2
Capítulo 2 – Can’t take my eyes off of you – 16/02


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem do capítulo! :D Consegui! kkk Bom, essa parte se passa antes do capítulo tudo. Volto a reforçar, prestem atenção nas datas que cada coisa acontece.
Usei trechos da música tema como divisões entre as três partes da história, ok? E pretendo fazer isso com as outras, se houver necessidade de quebras.
Obrigada!



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A primeira vez que Miguel viu Davi, estava bêbado demais para lembrar-se de qualquer coisa. Mantinha apenas a lembrança dos olhos mel pingados de verde permanentes. Talvez, por isso, tenha sido tão estranho quando o encontrou quase um mês depois e viu todos os sorrisos e olhares que ele lhe dirigiu. Talvez, apenas mais estranho do que isso, tenha sido que Bia já o conhecia e parara para cumprimentá-lo no meio da praia, sem conhecer o passado dos dois.

Contudo, o mais estranho de tudo no final, era que Davi e Miguel estavam nus da cintura pra cima.

– Certo, – a garota disse, assim que se afastaram de Davi, que seguiu o caminho oposto a eles. – O que foi que acabou de acontecer?

Miguel olhava sobre o ombro, em direção ao garoto que se afastavam.

– Me desculpe? - ele disse, prestando atenção na amiga pela primeira vez.

– Não se faça de desentendido! - ela protestou, sorrindo. - Sabe muito bem do que estou falando!

E, de fato, ele sabia. Mas não queria falar nada sobre isso com ela. Normalmente, teria contato qualquer coisa para Bia, mas, naquele momento, sentia como se, se compartilhasse dos sentimentos que o garoto desconhecido lhe despertavam, eles deixariam de serem seus. E talvez perdesse o garoto para sempre. Era bobo, mas era assim que se sentia.

Bia riu quando Miguel não respondeu. Jogou a longa massa de cabelos cacheado para trás e disse, simplesmente:

– Se você prestou atenção, entendeu que ele é irmão de uma amiga e que vamos todos jantar juntos hoje a noite. Você está convidado, se quiser vir... - ela sorriu uma última vez pro amigo. - O nome dele é Davi.

E os dois continuaram andando pela praia carioca, o sol queimado suas cabeças e a areia entrando no meio de seus pés, mas sem tocar nenhuma outra vez no assunto Davi.

**You're just too good to be true/Can't take my eyes off you**

Miguel passou a manhã com Bia na praia, mas sua tarde tinha sido reservada para fazer um trabalho da faculdade. Tal como a amiga, esse era o primeiro ano dele, e, apesar de estarem apenas começando, ele já sentia o impacto da nova vida e as longas horas acordado durante a noite.

O problema, talvez, era que não conseguia se concentrar no que estava fazendo. Davi sempre lhe vinha a mente e ele perdeu as contas de quantas vezes acabara pesquisando o nome dele no Google, ao invés do assunto do trabalho. Tudo o que conseguia pensar era no quanto Davi parecia irreal, a pele meio bronzeada, o cabelo arrepiado, os olhos como ele nunca vira iguais. E aqueles músculos... Davi devia ser como tocar o céu.

Os olhos de Miguel começaram a ficar pesados enquanto ele pesquisava o nome do outro repetidas vezes, cansados por não dormirem bem por uma semana, e, sem perceber acabou adormecendo. Só acordou horas mais tarde, por uma Bia recém saída do banho.

– O jantar é daqui a pouco - ela avisou. - Não vai querer nos acompanhar?

Miguel olhou para ela, confuso, os olhos inchados, ainda sentado na mesa do computador.

– O que aconteceu?

– Você acabou dormindo, - Bia disse, rindo com toda a malícia. - Acho melhor se apressar. Davi vai estar no restaurante.

– Ele mede cinco metros e dezessete centímetros... - disse um sonolento Miguel.

– Do que você está falando?

– Davi. De Michelangelo. Eu vi na internet - ele disse, surpreso por ter decorado o fato.

A menina riu alto. Tinha o corpo enrolado em uma toalha e tentava colocar um brinco ao mesmo tempo que falava com o amigo. O brinco foi ao chão enquanto ela ria.

– Não é desse Davi que estou falando...

** You're just too good to be true/ I can't take my eyes off you **

Mais tarde, já no jantar com os novos amigos de Bia e devidamente sentado ao lado da irmã de Davi, Miguel ouvia as risadas sem realmente fazer parte das conversas. Comia pão sem parar, esperando por seu pedido, e encarando o sorridente Davi, com aquele seu estilo despojado e ao mesmo tempo, de alguma forma, elegante. Os cabelos castanhos continuavam arrepiados como na praia, mas havia alguma coisa a mais neles dessa vez. Miguel não sabia dizer o que era, mas o que quer que fosse, impedia-o de tirar seus olhos dele. Lembrava, envergonhado, como vira imagens e mais imagens sobre a estátua de Davi na internet mais cedo, sem conseguir pesquisar qualquer outra coisa que não o nome dele. O homem de carne e ossos sentado a sua frente teria feito a estátua de Michelangelo de traços perfeitos parecer um pouco acabada.

Em determinado momento, a irmã de Davi, uma loirinha animada, levantou-se para ir ao banheiro. Miguel tentou mesmo prestar atenção nas conversas, mas dessa vez percebeu que Davi também lhe olhava e o papo de Bia sobre o tombo que levara parecia maçante demais, apesar dos outros à mesa riem as gargalhadas.

Davi e Miguel ficaram se encaram, o segundo tentando se certificar discretamente que não havia pão em seus dentes antes de retribuir o sorriso que o outro lhe dirigia.

Quando a loirinha voltou do banheiro, Davi se levantou rapidamente, pegando a irmã pelo braço antes de ela voltar para seu lugar, e sussurrou alguma coisa no ouvido dela que a fez rir. Finalmente ela concordou, ocupando o antigo lugar de Davi e deixando a cadeira ao lado de Miguel vazia.

E foi para lá que Davi se dirigiu.

Miguel olhou constrangido para o outro. Não sabia o que fazer com o homem assim tão perto de si. Mas Davi parecia saber.

Eles começaram a conversar. Uma conversa que nada tinha a ver com o resto da mesa. Uma conversa onde descobriram interesses em comum e que fazia as mãos de Miguel suarem mais do que de costume.

Quando a comida chegou, os dois se calaram e comeram em silêncio, voltando a ouvir as conversas animadas da mesa. Mas, os outros perderam a melhor parte da noite. A melhor parte foi um segredo do qual apenas Miguel e Davi compartilharam.

Lá pela quarta garfada que dava em seu macarrão, Miguel sentiu a mão de Davi deslizando para sua perna. E ela ficou lá durante o resto do jantar, sem que ninguém soubesse e sem que ele tentasse impedir.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado! Comentários? *-*