Miguel e Davi escrita por Lola Vésper


Capítulo 18
Capítulo 18 – Say Something – 29/06


Notas iniciais do capítulo

Hoje foi um dia puxado. Mas taí o capítulo! Espero que gostem :D



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/541814/chapter/18

Davi levantou cedo naquele dia. Bem mais cedo que seria o normal para ele. Eram três da manhã quando despertador tocou e ele se obrigou a ficar de pé. A cabeça rodou como se estivesse de ressaca, mas não estava. Acordar cedo era a pior de todas as coisas, decidiu. Queria simplesmente voltar para a cama e dormir mais um pouco…

Não, broqueou a si mesmo, levantando-se, os olhos pesados não tinham se aberto ainda.

Coçou a cabeça enquanto ia até banheiro, arrastando os pés no chão. Nem amanhecera ainda. O que diabos ele estava fazendo acordado?

Jogou água no rosto, tentando se livrar do sono. Não pareceu adiantar muita coisa, então acendeu a luz. E isso apenas fez com que seus olhos se fechassem com mais força.

Vasculhou as paredes às cegas, até que encontrou o interruptor e desligou a luz de novo.

Esfregou os olhos.

Droga, Miguel! Pensou, enquanto se despia, deixando as roupas em qualquer lugar, decidindo tomar um banho.

A água fria sobre seu corpo foi um choque que o despertou finalmente. Balançou a cabeça, fazendo gotas d’água voarem por todos os lados, mas acordado de verdade.

Abriu os olhos, piscando várias vezes, ainda com a água caindo sobre si. Estava fria, mas não ele se incomodou. Terminou de fazer o que precisava e saiu, enrolando-se em uma toalha e voltando para seu quarto, sentindo-se um pouco melhor.

Mataria Miguel mais tarde. Quando não fosse tão cedo que nem os passarinhos deviam estar acordados. Odiava acordar cedo…

Vestiu-se rapidamente, vendo que estava em cima da hora. Não podia se atrasar. Não se atrasaria. Prometera que não se atrasaria e essa era uma promessa que pretendia cumprir.

As roupas estavam espalhas por seu quarto, pouco organizado. Ele pegou as primeiras que achou, sem ter muita certa se combinavam. Não lhe importava. Desde que não se atrasasse tudo ficaria bem.

Não tinha mais ninguém acordado no apartamento quando saiu, pegando a chave do carro do pai. Recebera sua carta fazia alguns dias, mas tivera poucas oportunidades de dirigir. E provavelmente estaria de volta antes do pai sair para o trabalho, então não achou que ele fosse se importar.

Eram quatro e meia quando ele saiu de casa, meio acordado meio dormindo. Não tinha ninguém na rua que valesse a pena ser contato e o silêncio era quase absoluto. Ligou o carro. Só então percebeu que esquecer o celular, mas não havia tempo para voltar e buscá-lo. Deixou a garagem do prédio um pouco mais rápido do que devia. Céus, como odiava Miguel!

**Anywhere I would've followed you **

– Miguel, me desculpa, sei que é importante pra você, mas tempos que ir, – Bia falou, sinceramente chateada. Via o quanto o amigo parecia preocupado, ansioso e ainda cheio de esperanças. – Não podemos perder o ôni…

– Não pode me dar mais cinco minutos? – ele a interrompeu, esticando a cabeça e tentando ver ao longe, o celular encostado no ouvido e tocando mil vezes antes de cair na caixa postal pela terceira vez.

Ele suspirou. Mataria Davi quando pudesse.

Bia o olhou, chateada por ele. Finalmente cedeu.

– Cinco minutos. Se Davi não parecer, vamos embora.

Os dois estavam na rodoviária. Tinham que pegar um ônibus que os levaria ao Mato Grosso do Sul, uma viagem que os levaria de volta às raízes de Bia, para a casa dos pais dela. Era uma viagem de um mês, e tirando quando Davi estivera com Patrícia, Miguel nunca ficara tanto tempo longe do namorado. Ele prometeu que apareceria para lhe dizer tchau, mas não atendia nem o telefone…

– Miguel… – Bia tentou mais uma vez, com certa urgência agora. Não podiam perder o ônibus. Tinham que ir.

Ele também sabia disso, mas olhou uma última vez, procurando Davi no meio das pessoas corajosas que estavam acordadas àquele horário. Não podiam esperar para sempre…

Mas finalmente ele conseguiu ver os cabelos arrepiados e sorriu. Davi andava depressa, tentando passar pelas pessoas. Miguel gritou para Bia que o vira, pediu um último minuto. Davi conseguira.

Eles se abraçaram e, mesmo sentindo os olhares estranhos que lhes eram lançados, trocaram dois selinhos antes de se afastarem.

– Estava achando que não viria – Miguel confessou.

– E eu ainda estou tentando entender porque vocês tem que sair tão cedo…

Automaticamente, Miguel olhou para Bia.

– Que foi? – ela protestou. – Eu…

– Certo – Davi a interrompeu. – Não temos tempo. Eu te amo.

E ele sorriu. E Miguel sorria. E tudo parecia perfeito.

Davi esticou a mão e o outro a pegou.

– Queria poder ir com vocês. – ele falou.

– Também queria que você pudesse – Miguel confessou, forçando um sorriso. – Mas vamos nos falar. Eu prometo que ligo sempre que puder. Sabe que não vai poder ser todo dia, mas…

– Você está indo pro fim do mundo, Miguel – Davi suspirou.

Os pais de Bia moraram em uma região um pouco afastada e com uma péssima recepção de telefone. Na verdade, a menina precisara de muita conversa para convencer o amigo a acompanhá-la, alegando que ele tinha que conhecer sua cidade natal.

Miguel não queria deixar Davi. Sentiu o coração apertado enquanto se despediam, a cabeça doía. Seria um longo mês…

– Diz alguma coisa – Davi pediu quando o outro apenas o encarou.

Ele sorriu. Não sabia o que falar. O que faria para ele? Amava Davi e estava se despedindo.

– Me desculpe, – foi o que conseguiu falar. – Você é tão bonito…

Davi sorriu.

Os olhos mel encontraram os castanhos e nada mais existia.

– Me desculpe interromper você! – Bia gritou, apontando para o relógio. – Mas o tempo urge!

– Ah, sim, certo – Miguel falou, mais para Davi do que Bia. – Preciso ir. Até daqui um mês.

– Se cuida, viu? – ele disse. – E não me esquece.

– Não vou.

Os dois ainda trocaram um último selinho, antes de Miguel pegar sua mochila no chão e ir embora junto com Bia.

E Davi ficou, vendo ele ir embora e sentindo-se cada vez menor enquanto o outro se afastava.

Nunca se sentia daquele jeito antes. Foi só enquanto que percebeu o quanto era novo nesses assuntos de amor. Ele sorriu e pensou, ironicamente: Miguel, seu maldito. Olha o que faz comigo!

Definitivamente sentiria falta dele.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Comentários? *-*



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Miguel e Davi" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.