Miguel e Davi escrita por Lola Vésper


Capítulo 17
Capítulo 17 – Pra ser sincero – 28/02




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Pra ser sincero, Miguel não esperava muito de Davi. Queria poder imaginar que os dois ficariam bem e juntos. Mas não era no que realmente acreditava. Como todos os outros garotos com quem ele já ficara, esperava alguns beijos e só. Talvez eles não se vissem nunca mais depois daquilo. Afinal, fora só isso que Miguel conhecera até então.

Alguns beijos, umas passadas de mãos e olhadas. Com o tempo, tudo se evanescia e ele tinha que procurar emoção em outro lugar.

Com Davi seria a mesma coisa, provavelmente.

Saíra algumas vezes com o outro, depois de ele ter conseguido seu número atrás da irmã, que por sua vez, o conseguira com Bia. Trocaram mensagens por alguns dias antes de resolver sair juntos, desta vez só os dois, apenas para conversar.

E tinham ficado de novo. Até que tinha sido romântico, Miguel refletiu mais tarde. Tinham passado a tarde no shopping e, quando foram ao banheiro, sem que houvesse mais ninguém lá, Davi o empurrara para uma das cabines, fechara a porta e lhe tascara um beijo na boca. Miguel não teria reagido nem que quisesse. Fora pego de completa surpresa e não soube como reagir até que os lábios de Davi já estivessem sobre os seus.

Nunca passara por isso antes. Nunca fora beijado com tanta veemência. Mas gostou. Voltou para casa naquele dia contente e observou enquanto Bia surtava ao lhe contar o que acontecera.

Pra ser sincero, não esperara que Davi fizesse aquilo. Não tinha grandes esperanças de ficar com ele outra vez, mas acontecera e fora bom.

E, pra ser sincero, também não esperava receber tantas mensagens depois daquilo.

Nem sair de novo com Davi.

E, quando se encontraram de novo mais cedo, Miguel não esperara de Davi mais do que um aperto de mãos e um sorriso. Mas o outro o pegara de surpresa ao cumprimentá-lo com um selinho que não aceitava “não” como resposta.

E, agora, sentados um de frente para o outro, naquele café novo que abrira no shopping, Miguel observava enquanto Davi ria alto de alguma coisa que ele dissera, sem que tivesse a intensão de ser engraçado.

– Fico feliz que tenha arranjado tempo pra me encontrar, então, senhor futuro engenheiro.

Por algum motivo, Miguel se sentiu corar. Estava lhe contando sobre sua faculdade e era verdade que fazia Engenharia, mas nunca pensara em si mesmo como um engenheiro. Tinha acabado de começar a ter aulas…

– E você? – Miguel perguntou.

– Eu? – Davi repetiu, olhando para ele. Os olhos mel pingados de verde deixando Miguel um pouco nervoso. – Eu o quê?

– Está fazendo alguma faculdade?

– Não. – foi a resposta, acompanhada por uma olhada que Miguel não conseguiu decifrar. – Cursinho, por enquanto. Mas estou tentando arranjar um emprego. Não sou como você, Miguel. Você consegue fazer tudo!

Era quase engraçado, ele pensou. Se o outro soubesse a verdade…

Os dois continuaram conversando. Apenas dois amigos sentados para colocar o papo em dia. Os beijos que eles tinham trocado algumas vezes pareciam pertencer a um lugar distante e nunca tinham acontecido em lugar nenhum que não na mente de Miguel.

Pra ser sincero, Miguel imaginou que nunca mais tocassem no assunto beijos, romance ou amor depois daquele dia, depois de Davi ter ido com ele até a portaria de seu prédio e então ido embora. Era isso. Foi divertido brincar de beijar Davi, mas era o fim. Eles seriam apenas amigos a partir dali.

E, quando bateram em sua porta, momentos depois, ele imaginou que fosse Bia. Afinal, a menina não estava em casa e se fosse um estranho, o porteiro teria ligado para avisar.

Mas, assim que abriu a porta, percebeu que não era Bia. Era Davi novamente, que ao que tudo indicava, ficara dentro do prédio mesmo depois de Miguel já ter subido para seu apartamento.

– Oi, – Miguel falou, forçando um sorriso e esperando que Davi lhe falasse o que queria. Talvez tivesse se esquecido de falar alguma coisa. Talvez tivesse perdido alguma coisa e queria saber se não deixara com ele. – Algum problema?

Pra ser sincero, Miguel ficou um pouco assustado quando Davi avançou para ele, sem dizer uma única palavra, beijando seus lábios demoradamente.

Ele se permitiu aproveitar o momento mesmo assim. Correspondeu, coloco a mão na nuca de Davi e sentiu o arrepio na própria coluna enquanto o outro colocava as mãos por baixo de sua blusa, procurando os músculos de sua barriga.

Eles não foram mais afundo do que isso. Na verdade, Miguel se afastou quando sentiu a mão de Davi descendo para lugares que ele não queria que fossem explorados ainda.

Mesmo assim, o outro parecia satisfeito. Sorria aquele sorriso que fazia as pernas de Miguel tremerem.

– Agora sim – disse simplesmente. – Consegui o que queria. Até depois, Miguel! O dia foi ótimo! Espero te ver mais tarde.

E ele chamou o elevador, desaparecendo alguns momentos depois, os cabelos arrepiados, os olhos mel pingados de verde, o sorriso fácil.

Miguel fechou a porta de seu apartamento só quando o elevador fechou, levando o outro para o térreo.

Suspirou, ainda sentindo o coração acelerado.

Pra ser sincero, nunca esperava encontrar alguém como Davi, que o fizesse se sentir tão estranho em tão pouco tempo…


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Notas finais do capítulo

Comentários? *-*



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