Miguel tinha levado Davi para casa no dia anterior depois de encontrá-lo na praia, mas não fizera muito mais do que isso. Na verdade. Davi ficara um pouco decepcionado quando Miguel não o procurou o resto do dia, alegando ter dormido o tempo todo, ainda muito cansado da viagem.

Contudo, naqueles dias eles tinham se encontrar. Tinham que se encontrar, de qualquer jeito.

E se Miguel tivesse lhe dito que não podia por mais aquele dia, teria ele mesmo ido até o apartamento que ele dividia com Bia e o teria levado com ele para fazer alguma coisa à força.

Sua irmã disse que ele estava insuportável. E talvez estivesse mesmo, mas sentira muita a falta de Miguel. Mais do que gostaria de ter admitido. Já brigara com Miguel algumas vezes e não suportava mais a distancia.

Como estava apaixonado!

Ele estava esperando por Miguel em um pequeno café na praça alimentação do shopping. Já comprar um café e bebida devagar para não queimar a língua. Foi quando sentiu a mão no ombro e levantou-se rapidamente, percebendo que se tratava de Miguel. Sorriu para ele. Ele apenas o encarou, levando algum tempo para retribuir o sorriso também.

Eles trocaram um selinho rápido. Miguel avisou que ia entrar na fila para comprar alguma coisa para beber também e que já voltava.

Davi não conseguiu se desfazer do sorriso. Continuou olhou para o nada e feliz do mesmo jeito. Finalmente saberia como fora a viagem e se tudo passara bem. Finalmente voltaria a falar com Miguel.

– Chocolate? – Davi riu quando o namorado se sentou.

– Sei que você é um fã de café. Mas eu não gosto. Não consigo dormir! – Miguel reclamou. – E não tem problema nenhum em beber um milk shake, sabia?

Davi riu ainda mais alto. Como se sentia falta dele!

– E aí? Como foi a viagem?

– Hum? ­– ele perguntou, parecendo distraído.

Ele repetiu a pergunta.

– Ah, foi bom – Miguel forçou um sorriso. – Os pais dela ficavam falando que eu devia rezar mais – revelou, parecendo um pouco incomodado. – Sabe o quanto a Bia e a família são católicos!

Davi riu.

– Bom, podemos juntar os pais da Bia e a minha mãe e mandar os três rezar no inferno.

– Eles são legais, – Miguel o repreender discretamente. – Só têm que abrir mais a mente…

Davi entendeu, sentindo a alfinetada. Durante algum tempo, levara algum tempo até assumir para o mundo que estava namorando Miguel.

Ele esticou as mãos por sobre a mesa, o café quente e o milk shake, pegando nas mãos de Miguel.

– Sabe que eu te amo, irmão.

Miguel sorriu.

– Claro que sei. Também te amo. – e, depois de um tempo, acrescentou: – Senti sua falta.

Davi riu.

Mas os dois não ficaram sentados ali no café o dia inteiro. Mais tarde levantaram e foram dar uma volta no shopping lotado, rindo e conversar, algumas vezes sem se tocarem e em outras fazendo questão de pegar as mãos e se divertindo com os mais diversos olhares que lhes querem lançados.

Foram até o cinema também e, desta vez, Davi não apenas beijou Miguel, mas também pegou na sua parte de trás, vendo o sorriso safado que lhe foi dirigido logo depois, daqueles olhos escondidos pelos cabelos castanhos que lhe encaravam com certa timidez e uma ânsia escondida e contida, que fazia Davi se derreter.

Adorava ouvir Miguel falando, apesar de o outro ser um pouco reservado. Davi preencheu cada silêncio com elogios e brincadeiras, vendo Miguel olhar para o lado, sorrindo, como se não acreditasse que ele podia ser tão bobo, mas achando graça ao mesmo tempo.

Céus! Como sentira falta daquilo!

Por fim, quando Davi deixou Miguel na frente do apartamento dele, os dois se abraçaram com força, e Davi sentiu o cheiro do outro, o perfume forte que brincava com seu nariz e que ele aprendera a gostar. Precisava perguntar algum dia qual o nome daquele perfume. Era gostoso no final das contas.

Com mais um selinho, se despediram, e Miguel prometeu não sumir de novo tão cedo. Por fim, Davi voltou para casa, sorrindo e se divertindo sozinho enquanto as lembranças da tarde voltavam.

Definitivamente caíra na teia de Miguel. Era só dele.