Miguel e Davi escrita por Lola Vésper


Capítulo 10
Capítulo 10 – Hoje a noite não tem luar – 31/07


Notas iniciais do capítulo

Bom, nunca tinha escrito um capítulo na visão do Davi... Espero ter me saído bem :D



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Eram duas da manhã. Duas da manhã provavelmente não era um horário bom para estar sozinho na praia em pleno Rio de Janeiro, mas Davi não ligava. Estava ali do mesmo jeito. O mar beijava a areia branca mansamente. As únicas companhias de Davi eram as estrelas, um bêbado falando coisas sem sentido e um mendigo longe do outro lado. Era uma noite clara. A lua estava alta no céu, cheia e linda, iluminando tudo e tentando transformar a noite em dia e animar o pobre amante – no sentindo mais puro da palavra.

Miguel estava viajando. Longe demais e Davi lamentava sua ausência. Inspirou profundamente, sentindo o cheiro do sal. Perguntara se Miguel não podia adiar a viagem que faria com Bia um dia antes de ele e insistira mesmo quando fora se despedir dele no aeroporto. Miguel não podia. Ele tinha que visitar os pais de Bia como prometera que faria, em algum lugar esquecido pela humanidade onde o sinal de telefone não pegava o tempo todo. Recebera algumas ligações de Miguel, mas foram tão poucas… Ah, Davi lamentava a ausência do namorado. O pior, talvez, era que não fazia ideia de quando o veria de novo. O outro tinha algumas ausências inexplicáveis que eram tão terríveis para Davi…

Ao invés, disso, Davi estava ali, sem conseguir dormir e tentando preencher o vazio que Miguel deixara na praia, palco de tanto romance e palavras bonitas sussurradas e beijos doces.

Lembrava-se de como eles tinham se encontrado ali alguns dias depois de tê-lo conhecido e como ficou feliz ao constar que ele era amigo de Bia e, assim, fácil de contatar mais tarde. Ah, como seu coração palpitara ao vê-lo nu da cintura para cima!

Lembrava-se também de como eles tinham estendido toalhas outro dia para deitarem na areia escaldante e os óculos escuros que Miguel usava enquanto os dois se olhavam e as mãos se tocavam.

Lembrava-se dos sorrisos que tinham compartilhado e dos olhares também. De como Miguel havia lhe encarado e dito: “O mundo é nosso”.

E como eles tinham mergulhado no mar e Davi tinha rido quando Miguel pareceu tão apreensivo ao ir mais para o fundo do que estava habituado. E sobre como ele próprio tinha espalhado água por todo o lado e molhado Miguel ao sair da água.

E como eles caminharam juntos e correram juntos também, Miguel cansando-se antes de Davi, mas não querendo admitir. Ah, como Davi sentia falta do namorado!

A lua brilhava no céu, as estrelas cintilavam. Mas para Davi tudo estava escuro, como se a noite não tivesse luar. Logo a irmã ligaria, preocupada, e ele teria que voltar para casa, mas até lá…

Até lá queria apenas pensar em Miguel e na falta que ele lhe fazia.

Deitou-se na areia. Imaginou se Miguel estava vendo as mesmas estrelas e a mesma lua que ele, onde quer que estivesse. Se lhe mandasse uma mensagem por meio delas, o garoto teria ouvido?

Riu ao perceber o quanto era idiota por bancar o apaixonado. Claro que a lua e as estrelas, a anos-luz deles, não podiam interferir em seu relacionamento. Elas tinham coisas bem mais importantes a fazer.

Fechou os olhos, adormecendo antes que se desse conta. E, quando acordou novamente, estava na mesma posição e o sol começava a surgir no horizonte.

Sentou-se depois de um tempo, a blusa e o cabelo arrepiado cheios de areia. Tentou se limpar e ao virar, percebeu que uma figura diferente se aproximava.

Não era o bêbado ou mendigo. Era alguém diferente.

Davi olhou sem muito interesse para quem quer que fosse, curioso apenas em saber se não era alguém que poderia lhe causar qualquer mal de algum jeito.

Mas, não conseguiu conter a alegria ao perceber quem era. Não sabia como, mas seus olhos não mentiam. Parecia um sonho, mas tinha que ser real.

Levantou-se, saindo da praia e indo em direção à calçada, onde Miguel o esperava de braços abertos e um sorriso nos lábios. Beijou o outro repetidas vezes e perguntou como ele soubera que estava ali e quando retornara.

– Acabei de chegar – ele disse. – E simplesmente não consegui aguentar mais tempo. Daí te mandei uma mensagem. Mas você esqueceu o celular na sua casa e foi sua irmã que me respondeu. Ela disse que eu te encontraria aqui e me pediu pra te levar pra casa.

Davi pareceu chocado por um momento, procurando o celular no bolso. Achara que estava com o aparelhinho, mas não estava e Miguel devia estar certo. Céus, como estar feliz em vê-lo! Apesar do rosto abatido pelo cansaço e as orelheiras escuras embaixo dos olhos.

Selou seus lábios mais uma vez.

– Tudo bem? – Davi perguntou, ainda sorrindo, agora com certa malícia e deixando a mão deslizar vagarosamente para a bunda do outro.

– Te amo. – foi a resposta de Miguel, que beijou o outro mais uma vez. – Mas tenho que te deixar em casa. Prometi a sua irmã.

Davi riu e, lado a lado, os dois saíram da praia, voltando para o apartamento de Davi, não muito longe dali, conversando sobre a viagem de Miguel, abraçados.


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Notas finais do capítulo

Comentários? *-*



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