Logo pela manhã quando acordou Mary colocou o anel, escolheu brincos que combinassem, talvez o salão ainda estivesse uma bagunça e isso fosse uma desculpa para os dois darem uma volta com as crianças.

"Anna, veja um vestido fresco para o passeio, quero ver se o Sr. Branson quer ir comigo levar as crianças até a vila" Mary disse logo que Anna entrou.

"Milady....eu achei que a senhora soubesse" Anna ficou um pouco apreensiva"A babá acabou de dizer que o Sr. Branson pegou Sybbie hoje cedinho e disse que estava indo para a Irlanda passar uns dias com a mãe.

"O quê? Ela não pode estar falando sério, Tom disse que não iria embora e ele não iria assim de repente, e com certeza teria me dito ontem" Mary se levantou nervosa

"Eu não acho que ela estava brincando Milady, ela parecia um pouco chocada quando nos contou, eu também tinha certeza de que ele já tinha lhe comunicado; Ela disse que George não pára de perguntar por Sybbie, acho que a senhora deveria ir vê-lo" Anna replicou

"Me dê qualquer coisa para vestir, eu vou averiguar, alguém deve estar sabendo sobre isso... talvez ele ainda esteja na estação" Mary foi para a penteadeira rapidamente, foi ver George que parecia estar um pouco triste "Dê o que ele lhe pedir hoje, Nanny, isso não é uma recomendação é uma ordem, entendeu? Não quero que meu filho adoeça!" Seu coração foi dilacerado ao constatar que Tom havia levado praticamente todas as roupas de Sybbie, ela resolveu ir até o quarto dele, ele deveria ter deixado alguma coisa lá.

Ela pensou certo, havia um bilhete sobre a lareira.

"Decidi fazer uma visita surpresa para minha mãe, não se preocupem está tudo bem com ela, saí cedinho por causa do trem e não queria incomodar ninguém, resolvi de última hora e sei que talvez alguns de vocês pudesse querer me convencer do contrário mas preciso de um tempo pra pensar sobre a minha vida. Por favor, repasse minhas sinceras desculpas a toda a família, assim que chegar lá enviarei notícias, diga a Mary que não fique muito brava comigo e que cuide bem de George"

Ela não podia acreditar no que estava lendo "Não fique brava comigo"???? Ela poderia torcer o pescoço dele se ele surgisse ali em sua frente. Ele tinha prometido que não iria embora.

"Ontem parecia que meus problemas estavam todos distantes, agora parece que eles vieram para ficar" ela matutava "Ele estava tão doce ontem, e esse anel, o abraço" passou a olhar para o anel descrente "Devo acreditar no ontem?"

Ele já estava no trem, a caminho de Liverpool onde pegaria o navio até a Irlanda. Sybbie estava dormindo, depois de algumas perguntas, uns doces e um abraço ela voltou a dormir. "De repente, não sou metade do homem que costumava ser...existe uma sombra pairando sobre mim, Oh, ontem veio de repente pra me mostrar que não sou mais corajoso como já fui um dia no passado"

Ele se lembrava das palavras de Lorde Gillingham, talvez ele tenha percebido algo, talvez tenha dito na inocência, mas para sua desgraça ele sabia que ele estava certo, era muita fantasia, ele não era nem de longe a escolha certa. essa coisa de largar tudo, não saia da mente dele mas sabia que isso era completamente errado, como esperar que uma mulher na idade dela, com um filho pequeno simplesmente largasse tudo e enfrentasse um destino tão cruel do qual eles teriam? O melhor a fazer era se afastar um pouco e ter certeza de que isso fosse bem aceito pelos dois. Ele só estava terrívelmente triste por ter de deixar não só ela, mas George sozinhos por lá.

"Será que eu disse algo errado? Porque ele foi assim tão de repente, porque ele não disse, será que o ontem pode voltar?" ela pensava.

Mary desceu, foi contar para a família, de algum modo que eles não ficassem tão chateados com ele, somente ela era quem devia ficar; "Você conhece ele mamãe, gosta de ser livre... não podemos ficar dizendo o tempo todo o que ele pode ou não fazer, ele não é como nós, temos de ter paciência" Mary consolava Cora. "Será que alguém disse algo de errado, ontem á noite? É estranho ele sair assim sem mais nem menos" Edith disse; "Eu não sei porque ele se foi Edith, ele não disse, eu apenas espero que ontem nada tenho feito ele querer nos deixar" Mary falou tentando esconder o tamanho de sua frustração. Tony observou em silêncio, estava de saída, se despediu de todos mas prometeu a Mary que iria voltar em breve, caso ela precisasse de algo.

"Ontem o amor era um jogo fácil de se jogar" ele pensava enquanto se lembrava de todos os sonhos ao vê-la tão linda descendo as escadas "Agora preciso de um lugar pra me esconder" Ele agora lembrava das palavras de Gillingham "Oh, eu queria acreditar que todos os dias seriam como ontem" ele olhava pela janela os vultos embaçados de todas as árvores, ele precisava deixá-la.

Tom chegou na Irlanda e enviou uma carta endereçada a Mary, dizendo que precisava desse tempo para que pudesse esquecê-la "Ontem significou muito para mim, mostrou-me que não poderia viver sonhando com histórias -sim, ainda não consegui me esquecer de você- prometi ser apenas seu amigo, mas isso se mostrou difícil demais para mim, ainda mais tendo que assisti-la cada dia mais linda... você precisa encontrar um homem que lhe faça feliz, Mary e eu não quero atrapalhar a sua vida! Assim que encontrar forças dentro de mim eu vou voltar, eu prometo. Minha mãe manda-lhe saudações" havia mais algumas coisas escritas, recomendações sobre a propriedade, George, e para ela; Contou sobre como estavam bens instalados e como fora a viagem.

Mas essa coisa de "Ontem" ainda estava engasgada em sua garganta.... "Ontem tinha sido perfeito para ela, e ele parecia tão satisfeito em lhe dar aquele anel, agora eu preciso me esconder dessa realidade horrível, desse pesadelo" ele a havia deixado, ela não entendia porque ele teve que ir....Marya enfim cedeu as lágrimas quando estava já sozinha em seu quarto. "Ontem" era apenas uma lembrança distante agora.