O dia amanheceu frio e chuvoso; Parecia que as estações haviam mudado e que estavam no inverno e não na primavera. Tom já havia se levantado e estava terminando de trocar de roupa quando ouviu o barulho de alguém batendo na porta. O estranho é que só agora ele viu que havia outra porta no quarto além da que dava a saída para o corredor. Quando ele abriu se assustou ao perceber que essa porta dava no quarto onde Mary estava.

"Eu estava me perguntando se você já tinha comido alguma coisa?" - Mary perguntou ainda desajeitada. A única coisa que passava na cabeça dele era o que poderia ter acontecido com Mary durante a semana em que ela ficou ali com Tony. Ele sorriu pra ela. "Ainda não, eu ia te acordar agora mesmo e te perguntar isso... porque esses dois quartos são ligados por uma porta?". Mary abaixou a cabeça; Não tinha acontecido nada, graças á Deus, mas talvez Tom estivesse pensando que sim e isso mexia com ela; "São quartos conectados, quartos familiares. Pra quando pais e filhos viajam juntos; Tony arrumou isso pra poder me vigiar a hora que quisesse. "

Ele chegou mais perto dela, encostando-se no umbral da porta. "Ele não machucou você, não? Me diga que ele não te machucou de nenhuma maneira..." ele disse pegando a mão dela; Mary caiu no choro e como já sabia como era reconfortante, enterrou sua cabeça no peito dele. "Não fisicamente... ele não tocou em mim, ele é do tipo que gosta de dobrar as pessoas pela mente, sabe? Ele tinha esperanças de que um dia eu iria sorrir para ele e procurá-lo apaixonada." A camisa de Tom estava toda molhada com as lágrimas dela, ele a abraçava forte e isso estava a acalmando. "Nada fisicamente? " Ele perguntou um pouco confuso.

"Nada...mas ele mexeu com a minha mente, me desestabilizou! Eu sei que alguma coisa aconteceu, tá tudo assim, tão diferente!" Tom apoiou o queixo sobre a cabeça dela. "Ainda bem que ele foi preso, ou eu seria capaz de matá-lo!"

"Se lembra quando a gente chegou a acreditar que tudo era pra sempre e certo? Sem saber que o pra sempre, sempre acaba? Eu sinto isso, como se não fosse existir mais uma felicidade duradoura pra nós e eu tenho medo!" - ela desabafou.

"Mas nada vai conseguir mudar o que ficou, aqui dentro de nós e aqui entre nós" Tom fez sinal mostrando pra ela como estar perto do outro, dando apoio e suportando tudo, sempre juntos, fosse importante. "Quando eu penso em alguém, só penso em você" - ela confessou a ele que seus sentimentos ainda não tinham mudado. Ele a abraçou novamente "Eu também.... então, estamos bem!"

"Vamos tomar café é pegar o trem das onze!" - Tom disse pegando o casaco e dando o braço para ela apoiar-se.

Ainda havia muitos motivos que o fariam ter que deixar tudo como está; O pai doente, todos esses problemas que constantemente apareciam para lembrá-los de que não poderiam ser felizes juntos. Talvez seria assim pra sempre: "Nem desistir e nem tentar" mas depois de entrar no trem e tê-lo ao lado dela, Mary descansou a mente um pouco e pensou "Agora tanto faz, estamos indo de volta pra casa!"