"Uma hora você vai ter que parar de chorar" Tony disse para Mary ao entrar no quarto do hotel onde estavam em Liverpool. Mary não olhou pra ele, continuou olhando para a chuva que batia na janela. Já fazia mais de uma semana que estavam lá e há uma semana Mary chorava de dia e de noite. "Vamos Mary, aceite seu destino, estava escrito nas estrelas que nós ficaríamos juntos... podemos ir conhecer minha prima, ela está ansiosa." Ele fez uma pausa. "Ou quem sabe podemos ir escolher o papel do convite do nosso casamento?" ele terminou.

Mary olhou para ele "Quem é esse homem?" ela tinha medo, ele parecia insano, irreconhecível. "Eu estou com muita dor de cabeça" - ela respondeu a ele que estava parado segurando o chapéu, calmo e sereno, como se tudo o que estivesse acontecendo não fosse aterrorizante. "Querida, se você não chorasse tanto e comesse direito não ficaria assim! Eu vou dar uma volta, escolher a aliança, espero que você tenha comido tudo quando eu voltar."

Mary aproveitou o momento e ligou para Downton, sua mãe atendeu: "Oh querida, me diga, está gostando do passeio?" -Cora parecia estar feliz. Mary hesitou um pouco antes de responder "Sim mamãe, Liverpool é uma cidade litorânea adorável, como a senhora já sabe.... Como estão as crianças?" Cora percebeu que Mary não estava tão alegre como imaginou mas por enquanto resolveu não especular mais e contou como as coisas estavam indo "Elas estão bem, Tom está cuidando de George, você sabe, preparando o menino para quando ele e Sybbie forem embora para América, eles vão ficar na casa da minha mãe por algum tempo até Tom se estabelecer, com muita insistência Harold conseguiu convencê-lo a gerenciar uma das empresas dele por lá, você sabe como Tom é, não é? Mas ele é muito competente e de confiança para que Harold o perdesse, e assim, ele nunca se esquecerá da nossa família, quando mamãe vier pra cá ele e Sybbie podem vir também." Mary engoliu a seco com a simples menção do nome dele. "Ele está indo para América mesmo? É definitivo?" ela perguntou quase gaguejando. "Sim minha filha, ele me disse que já tinha conversado com você e se despedido porque teria que sair daqui alguns dias antes de você voltar, eu sei que vai ser difícil pra você, mas agora Tony estará do seu lado e poderá substituir Tom na criação de George." Um grito estava preso na garganta de Mary, um grito de socorro em desespero, um grito que ela silenciou colocando a mão sobre a boca e levando o telefone o mais distante possível de seu rosto. "Diga a ele e Sybbie que eu os amo... e diga a ele que eu só queria dizer -Obrigada por tudo- mais uma vez... agora eu preciso ir, tudo bem mamãe?" Mary desligou o telefone.

Ela não o via há uma semana, mas parecia tanto tempo, a saudade doía como se pregos estivessem cravados em seus dedos. A vontade de olhar naqueles olhos cor de mar que Tom tinha, de mais uma vez ganhar um abraço dele, como foi o último onde ele a pegou no colo e a levou até a cama, era a vontade mais verdadeira que Mary poderia ter concebido dentro de si. Ela estava em desespero, seria capaz de trocar a si mesma por ele diversas vezes se preciso, só para encontrá-lo mais uma vez. Mas ela sabia que mesmo se ela conseguisse escapar desse casamento forçado com Tony, Tom jamais a perdoaria, tudo o que ela disse para ele foi tão cruel que ela jamais se perdoaria.

"Se um dia você conseguir me perdoar, se um dia essa agonia chegar ao fim, prometo que vou fazer por onde pra nunca mais te perder!"

Em Downton, Tom continuava em estado quase que catatônico. "E agora, Mary, o que eu vou fazer da vida sem você? Você não me ensinou a te esquecer.... você só me ensinou a te querer e te querendo eu vou tentando te encontrar." Ele olhava para uma fotografia que tiraram juntos com as crianças em Ripon, se lembrou de como o fotógrafo disse que eles eram um belo casal com um lindo par de filhos e como os dois ficaram sem graça, tentando explicar para o velho senhor de que não eram um casal, até que Mary desistiu e concordou com o velho, de como riram dessa história por dias, de como ela finalmente tinha sido dele, horas antes do mundo cair sobre sua cabeça.

Ele foi à vila, espairecer e beber, tentando esquecer de tudo. encontrou com Sarah Bunting, a professora; Ele a encontrou em frente a casa dela, colocando suas malas no carro. "Vai viajar?" ele fez uma mesura e tirou o chapéu. Sarah sorriu para ele e disse: "-Estou me mudando para Capital!" Tom sorriu de volta para ela. "Em breve serei eu a deixar Downton, vou para América!" Ela olhou surpresa "Achei que você jamais deixaria a sua parceira Lady Mary sozinha, como eles ficarão sem você por aqui?" como sempre ela tinha um ar zombador, mas Tom não se importou :"Ela está de casamento marcado, em menos de um mês ela terá alguém mais apropriado para cuidar dos seus negócios" . Sarah deu de ombros, os assuntos de Lady Mary nunca foram interessantes para ela. "Eu acho que é aqui que nos despedimos; Espero que você tenha sorte na América, dizem que lá é a terra das oportunidades, um novo mundo!" Tom ofereceu a mão para Sarah, ela olhou para ele e disse: "Sabe Tom, eu sempre te achei interessante, não sei porque não demos certo, você é um homem valoroso, que toda mulher gostaria de ter ao seu lado e posso me incluir nessa" Sarah corou, ela sempre foi uma mulher que não usava meios termos, mas nunca fora tão sincera com um homem. Ela o puxou em um abraço. Por um momento Tom ficou perdido, buscando os braços de Mary nesse abraço, até se dar conta do que estava acontecendo. "Eu também te desejo sorte.... adeus Sarah" então ele lhe deu um beijo; "Se meu coração não pertencesse a outra pessoa, talvez nós teríamos dado certo, mas eu não consigo viver de mentiras e acho que você sabe disso" ele disse a ela. Sarah mais uma vez sorriu, fazendo sinal de que o entendia "Eu posso ver em seus olhos que você a ama, é uma pena que ao que me parece, seu amor não é correspondido... Adeus Tom!" Ela fez um sinal e continuou buscando suas coisas, caminhando para dentro da casa. As palavras que ela havia dito fez com que Tom ficasse perdido no vazio do ouvir dos passos se afastando, Tom se sentia num abismo; Um abismo que Mary havia se retirado e o atirado para dentro, deixando-o sozinho.

Quando Tom voltou pra casa encontrou com Cora na escada "Mary ligou hoje!" Tom abaixou a cabeça e ficou em silêncio "Você não quer saber se ela está bem?" . Tom olhou pra ela percebendo que estava sendo grosso: "Sim, ela está bem?" Cora deu um sorriso para ele "Ela está, mas está com voz de quem está com saudade... perguntou das crianças e parece que ficou muito triste quando disse que você estava indo para América, achei que você tinha contado para ela" Tom ficou confuso, achou isso tudo estranho. "Eu contei, ela que deve ter se esquecido, um dia antes dela ir para Liverpool eu disse que estava indo embora e que nós não nos veríamos mais" quando Tom relembrou os acontecimentos sua feição ficou triste novamente. " Por mim, você sabe, não queria que fosse embora; E eu poderia jurar que Mary estava chorando no telefone por causa disso, mas você a conhece, jamais confessaria isso para ninguém. Ela pode ter se despedido de você antes de ir e não ter lhe dito nada, mas eu sei que ela é a pessoa que mais vai sentir a sua perda, posso te garantir, coração de mão sabe dessas coisas. Tem certeza que não quer pensar mais um pouquinho?" Cora disse com seu jeitinho meigo de sempre. Tom sorriu para ela: "Prometo que vou pensar no caso, mas agora preciso descansar um pouco." Cora fez cara de vencida... "Ah, como pude me esquecer... ela me pediu que dissesse a você que ela o amava, e Sybbie também! Disse que era agradecida por tudo que você fez por ela" ela continuou a descer e então ele subiu e se trancou no quarto. "Será que Mary está escondendo alguma coisa de mim?" Ele olhava para o teto tentando caçar algumas pistas, mas as pistas que ele tinha eram todas contra Mary, exceto o que Cora acabara de dizer e das palavras doces e apaixonadas de Mary antes do passeio com Tony."Se ele a ameaçou, eu o mato!" Tom pensava furiosamente. Tom começou a ligar alguns pontos, sabia que Robert tinha perdido uma quantia grande de dinheiro para ele, sabia que Mary estava desesperada pois seu pai estava doente e ela não queria que ele sofresse mais por causa dela. Tony podia estar chantageando-a; "Mas porque ela não me falaria nada? Eu poderia ajudá-la! " Ele pensou; "Não seja idiota, como você poderia ajudá-la? Você não tem dinheiro, não tem conexões, você estragaria tudo!" Ele pensou consigo mesmo; "Preciso investigar isso melhor" ele concluiu.

Quando Tom brincava com as crianças no jardim, viu um carro estranho chegar e resolveu averiguar, pedindo que a babá cuidasse deles por um minuto. "O que está acontecendo?" Tom olhou cofuso para Cora. "Esse homem é um investigador da polícia, está investigando um assassinato!" Cora disse perplexa. "Um assassinato? Nas redondezas?" Ele perguntou preocupado. O oficial da polícia olhou para ele "Não senhor, fique calmo, é um assassinato que aconteceu longe daqui e há mais de um ano. Viemos pra cá pois esse é um dos últimos lugares onde a vítima esteve." Tom estava chocado: "E quem é esse homem, em nome de Deus???" ele perguntou.

"Se chamava Sr. Green, era o valete do Lord Gillingham, pouco depois que eles partiram de Downton, sr. Green foi morto e tudo leva a crer que foi assassinato premeditado, jogado embaixo de um trem. " A espinha de tom gelou, suas suspeitas poderiam estar corretas, Tony talvez fosse perigoso. Será que ele estava envolvido nesse ato escabroso? Mary poderia estar mais em perigo do que ele imaginava? Tom não iria sossegar agora, enquanto não tirasse essa história a limpo.