Ele ficou olhando ela por tempo suficiente para que tudo passasse diante dos olhos dele. Bem que ele queria que eles ainda fossem felizes com Sybil e Matthew, mas já não havia caminhos pra voltar; Eles estavam mortos e os dois estavam sozinhos no mundo, um segurando no outro, um sendo o suporte que o outro precisava. "O que é que a vida fez da nossa vida?" Ele disse pra ela. "O que nós vamos dizer?" ele continuou.

"Que eu também sou uma filha rebelde que se apaixonou pelo ex- chofer ! Que nós não temos culpa disso, o que é que a gente não faz por amor?"

Ele beijou a mão dela ainda com a cabeça meio tonta sobre tudo o que estava acontecendo. "Então você me ama?" ela perguntou feliz por perceber que ele realmente tinha sentimentos por ela. "Ah Mary, eu te amo mais do que você poderia imaginar, eu já me esqueci de tentar te esquecer, e se você realmente quer que eu fique e lute por você, seu desejo é meu maior prazer e é meu destino te querer sempre mais" Ele agora segurava as duas mãos de Mary beijando-as alternadamente sem parar. Mary por sua vez sorria como uma garotinha ganhando presentes no Natal. "Minha estrada vai sempre correr pro teu mar!" ela disse e puxou Tom pelo colarinho de seu casaco "Agora vem pra perto, vem....vem depressa e vem sem fim, viver dentro de mim porque eu quero sentir seu corpo pesando sobre o meu, vem meu amor vem pra mim, me abraça devagar e me beija, me faz esquecer de tudo o que a gente já sofreu até aqui..." Tom interrompeu as palavras de Mary com um beijo que começou lentamente enquanto ele colocava suas mãos na cintura tão magra e sinuosa dela, levou-a alguns passos para trás e pressionou seu corpo sobre os livros, Mary gemeu apertando mais ainda os lábios dela nos dele. Eles queriam ser mais moderados, talvez se os dois não fossem tão intensos e se não tivessem tantos sentimentos oprimidos dentro deles, conseguiriam ser mais comedidos, mas a coisa ficava cada dia mais difícil de ser controlada, não era uma paixão passageira, era um amor construído durante anos de convivência, amizade, carinho, abafado por muito tempo, tido como proibido; Era o pacote perfeito para que se tornasse incontrolável. "Eu preciso de você" ele disse enquanto beijava o pescoço dela, enquanto ela tentava dizer um "Eu também" inaudível.

Tom parou de repente e se afastou, ela ainda sem fôlego perguntou "O que foi???" Tom respirou mais um pouco e ajeitou o paletó "A babá, eu vi ela pela janela antes de você vir aqui, ela está trazendo as crianças" Os dois caíram na risada "Se ela visse a gente se agarrando assim na biblioteca ela ficaria em choque e iria embora essa mesma noite" Mary disse se recompondo. "Mais cedo ou mais tarde ela terá que saber, não é?" Ele disse satisfeito de que agora as coisas iriam se resolver. "E se ela não aceitar bem o fato teremos que encontrar uma nova babá, mas dos males que virão, esse é o menor eu lhe garanto!" Mary concluiu sabendo perfeitamente todos os obstáculos que eles teriam que enfrentar. "Nós vamos ter que terminar o que começamos aqui, você não pode escapar!" ela disse para provocá-lo. "Eu não quero mais fugir de nada" Ele disse sorrindo.

Eles eram um do outro. Já não era apenas -eles amam um ao outro - agora ambos tinham certeza de que pertenciam um ao outro e enfrentariam as consequências disso tudo, juntos até o fim. Bem que se quis que depois de tudo eles ainda pudessem ser felizes, eles encontraram a felicidade um no outro e todos teriam que compreender isso.