Tom & Mary - jornada musical escrita por IsaOli


Capítulo 16
Correndo atrás do Sol


Notas iniciais do capítulo

Capítulo 16 - inspirado na música "Chasing the Sun" de Hillary Duff



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Tony Gillingham voltou a frequentar Downton, era época de festas, caças e tudo o mais que a vida de aristocratas pedia. Tom estava preocupado demais com outras coisas, como por exemplo manter a propriedade funcionando e gerando lucros para poder se manter e por isso não precisou passar pela tortura de vê-la cedendo aos encantos do Lord em questão.

Preocupado demais, ele concluiu. Ás vezes ele se odiava por se esforçar tanto para manter Downton daquela forma impecável e gloriosa. Festas, banquetes, jóias, bebidas e empregados que vestiam seus patrões enquanto eles estendiam os braços olhando para o teto.

Se não fosse por Matthew, que ele sabia muito bem que iria se esforçar para fazer isso, se não fosse pela memória dele e da de Sybil que amava demais a sua família, se não fosse por George esse pobre menino que não tem culpa de nada e que será o herdeiro disso tudo um dia, se não fosse por ela, que talvez morreria de desgosto vendo o sonho de sua vida inteira desmoronar, se não fosse por tudo isso ele seria capaz de pôr fogo naquele lugar. Mas ele fazia tudo isso por um amor infinito por pessoas que ele jamais conseguiria deixar de amar.

Alguns dias ele nem voltava para o almoço, tinha tantas coisas pra fazer. Numa dessas passou muito mal, Dr. Clarckson recomendou repouso por alguns dias, um pouco de férias talvez. "Eu deixei Downton por quase um mês e parece que foi por quase um ano quando olho todo o trabalho acumulado!" Tom disse. "Nós não devemos desperdiçar nosso tempo sr. Branson, e isso muitas vezes pode significar não desperdiçar trabalhando e vendo a vida passar, olhe a sua volta, as pessoas fazem isso? Olhe para si mesmo, era o que você queria?" Aquelas palavras atingiram Tom como uma adaga afiada, parecia até que Dr. Clarckson lia mentes também.

Tom acordou pensativo, puxou as cortinas, viu aquela imensa bola de fogo brilhando e clareando tudo a sua volta, o sol ainda beijava o horizonte de uma forma que muitos juram que seria capaz de tocá-lo se conseguissem correr até lá. Emanava calor, luz e um sentimento bom, estava na hora dele correr atrás de algo como Sol. Ele olhou aquela carta de Caroline, que pairava em sua escrivaninha, ainda sem resposta. Sem pensar muito, aliás, ele já havia pensado demais, respondeu a carta da amiga. Disse que estava indo para Londres passar o fim de semana por lá. Poderia ver alguns fornecedores e depois teria 1 ou 2 dias livres para espairecer, precisava aproveitar um pouco enquanto seu coração era jovem. Escreveu seu telefone para ela, caso ela quisesse ligar; E ela ligou.

"Telefone para o Senhor" Thomas anunciou enquanto estavam todos na biblioteca. Tom saiu da biblioteca, Mary discretamente foi atrás dele na tentativa de escutar qualquer coisa por trás do pilar. "Caroline? Que bom que você ligou! Me desculpe pela demora em responder sua carta!" depois de mais algumas palavras, ela soube que ele estava indo para Londres se encontrar com ela. Ela não ia ficar sofrendo, não mais.... também iria aproveitar a vida!

Tom deixou Sybbie em Downton... era apenas um fim de semana fora e Cora queria apresentar a menina para as Condessas e Baronesas que viriam para uma festa em Downton. Festa que Tom fez questão de não estar, ele sabia que teria que dançar com as senhoras enquanto assistiria Mary dançando com outro. Não quis ficar na casa de Rosamund, disse que onde ele precisava ir era distante. Combinou de sair para jantar e dançar com Caroline no mesmo dia em que chegou.

Durante o jantar Tom parecia estar finalmente relaxando. "Tom eu não gostaria de ser indelicada, mas você parece tão acabado!" ela disse dando risada da cara dele. "Você ri não é?" ele sorriu de volta para ela; "Mas você tem razão, não entendo porque vivo com tanta pressa, acordando tão cedo, ás vezes o dia passa tão rápido que quando tento me lembrar de algo, em minha mente tudo parece desfocado... as horas no relógio parecem correr mais depressa do que antes, essa semana passei um sufoco por causa disso! O médico me disse que não deveria desperdiçar meu tempo vivendo assim" ele soltou tudo de uma vez, como se estivesse entalado dentro dele, e ele tivesse encontrado alguém em quem confiar. "E por isso você está aqui?" ela perguntou. "Esse é o motivo principal, mas a verdade é que eu precisava sair daquele lugar de novo!" ele continuou o desabafo "Mas você voltou faz duas semanas pra lá!" ela argumentou e depois pensou um pouco "Eu acho que entendi.... a moça que você não deveria amar está lá, não é?". Tom abaixou a cabeça, e pensar que quando voltou pra lá ele estava decidido a lutar por ela, tinha mudado de ideia; Sua amiga não precisava saber, era melhor que ninguém soubesse. "Sim, está! Assim como toda classe aristocrática desse país! Vão dar uma festa por lá esse fim de semana, sabe o que acontece? Eu tenho que dançar com todas aquelas velhas senhoras!" ele riu e voltou a beber. "Então veio pra cá em busca de um pouco de diversão? Para aproveitar a vida enquanto pode? Aproveitar que nossos corações ainda são jovens!" Tom assentiu com a cabeça "Correr atrás do Sol na linha do horizonte!" ela gargalhou "Poético, devo dizer! Melhor do que fazer motim na beira de algum castelo, lembra-se?" eles riram juntos "Oh sim, eu me lembro, isso me custou muito caro!".

Tom voltara a sentir um certo ar de liberdade, uma liberdade boa, do tipo que os homens gostam de aproveitar, mas não pra sempre; Do tipo de liberdade que os homens gostam de ter até se apaixonarem e passarem a gostar de serem laçados e presos. A liberdade que ele sabia que era ilusória. Ele queria acreditar que iria esquecê-la e por hora isso era o suficiente.

"Vamos dançar, adoro essa música!" ela pediu tão animada que Tom não seria capaz de negar. E naquele momento ele não queria mesmo negar, queria viver um pouco, abrir os olhos e aceitar o que viesse. Dançaram a noite toda enquanto os cantores de Jazz cantavam freneticamente frases como:

" Estou em busca da felicidade

Percebo agora que mais é menos

Se eu tenho amor, sou abençoado eu sei

Vou aproveitar a vida enquanto puder

E segurar esse momento em minhas mãos

Vou voar até aprender a pousar em meu lar"

Enquanto todos no salão riam e pulavam como se não houvesse amanhã.

No outro dia, combinaram de ir ao circo que estava na cidade e Tom lamentou que as crianças não estavam ali porque iriam adorar: "Mary sempre falava de como queria levar as crianças para um espetáculo no Circo, Sybbie ficava toda animada por dias e dias"

"Você vai desistir dela?" Caroline perguntou; "De-dela quem?" Tom respondeu surpreso.

"Eu não sou boba...o jeito que os seus olhos ficam quando você fala dela, você pode ate negar com os lábios, mas está escrito em seus olhos"

"Ela está seguindo em frente como deve, e eu também, já é hora de aceitarmos a vida como ela é, amar ela como é, abrir os olhos e aceitar o que vier! Ela está aproveitando a vida do jeito dela e eu vou tentar aproveitar do meu jeito! Correr atrás do Sol seguindo em frente para a linha do horizonte!"

"E você vai sempre ter uma amiga aqui quando precisar de alguém pra te animar! Precisamos aproveitar enquanto somos jovens!" Tom tinha uma amiga e isso era bom. Caroline o achava muito bonito mas sabia que o coração de Tom pertencia a outra, ela não estava nem um pouco afim de se apaixonar por um homem apaixonado por outra. Naquele momento ela também sabia que Tom precisava muito mais de ajuda do que de qualquer outra coisa, ele era muito grato por sua amizade e isso era raro no mundo, ambos estavam satisfeitos com isso.

Em Downton o dia amanhecia sem Sol, era o que Mary descobrira quando olhou lá fora, mesmo que ela negasse a todo custo, sabia que seu Sol também não estava lá.

Tom voltou de tardezinha no domingo e para seu alívio só a família restara lá. Ele estava bem revigorado por ter desabafado e se desligado de todas as preocupações e sofrimentos por pelo menos alguns dias. Ele estava pronto pra voltar ao trabalho, mas agora, não disposto a desperdiçar a vida nisso, sua prioridade seria correr atrás do Sol, e isso significava sempre seguir em frente, buscando ser uma alma feliz, de bem com a vida do jeito que ela é.




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