Tom & Mary - jornada musical escrita por IsaOli


Capítulo 14
Eu realmente não me importo


Notas iniciais do capítulo

Capítulo inspirado na música "Really don't care" da Demi Lovato



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Mary correu para o quarto logo que percebeu o dia clareando. Tom olhou para o lado logo que acordou e a única coisa que encontrou lá era o cheiro dela que ainda exalava do travesseiro. No café da manhã os dois não se viam, Mary tomava café no quarto. Ele tinha que resolver coisas logo cedo e saiu apressado.

Mary encontrou Carson ao descer as escadas "Bom dia Carson, alguma carta pra mim?" Ele costumava entregar as cartas de todos logo que desciam mas nesse dia o carteiro havia atrasado e ele estava atordoado distribuindo as correspondências. "Há uma para o Sr. Branson , uma para Lady Edith e uma para o Conde" ele deu mais uma fiscalizada para se certificar "Eu entrego a do Tom, pode deixar comigo. Mary foi a procura dele na biblioteca mas encontrou somente sua mãe bordando uma almofada. "Ele saiu cedo com seu pai" sua mãe a informou.

O telefone tocou, era Rosamund e queria falar com Mary. "Mary, você está sozinha? Tom está perto de você?" ela perguntou no telefone. "Eu estou sozinha, tia, qual é o problema?" ela estranhou o tom de voz da tia. "Fiquei sabendo de uma coisa grave a respeito de Tom" ela disse impaciente, Mary congelou, achou que alguém já estava sabendo sobre eles, talvez a enfermeira tivesse tido alguma coisa. "Você não quer saber? Precisa saber, eu preciso contar para um de vocês, antes que isso saia nos jornais!". Mary estava um tanto assustada, quase sem fala "Fale então tia Rosamund, você está me deixando nervosa!"

"A criada da sra Phillips está de mudança para a América, ela é ex-criada pessoal de Cora, se chama Braithwait, você se lembra?" ela perguntou. "Vagamente, ela ficou pouco tempo com mamãe, saiu ás pressas e nunca mais voltou" Mary afirmou. "Pois é, é exatamente sobre isso! Como ela está indo embora desse país, não se importou de contar para criadas pessoais de várias damas de Londres sobre o que Tom fez com ela. Disse que as pessoas precisavam saber quem era esse homem que estava agora infiltrado dentro da família Crawley, para que todas tomassem cuidado." Era difícil para Mary digerir tais palavras confusas "Mas o que Tom poderia ter feito com ela, tia? Ela só pode ser uma doida!" Mary estava exaltada. "Ele a seduziu Mary, a seduziu! Disse que a primeira vez que esteve aí, ele a levou para passear no parque em frente de toda a criadagem, mas a Sra Hughes percebeu o que ele estava fazendo e a demitiu, antes que vocês chegassem da Escócia; Como ela era uma boa profissional, e estudou para se tornar uma criada pessoal, sua mãe a contratou quando O'Brien a deixou e foi aí que Tom começou a persegui-la; Ela disse que ele dizia estar carente, que um homem viúvo não podia ficar sozinho, teve o disparate de dizer que ele detestava mulheres como você, a seduziu e dormiu com ela; No outro dia quando ela ficou assustada e perguntou para ele o que ele faria se ela engravidasse, ele disse que se arrependera, que estava bêbado e chamou a sra Hughes de novo, do qual a ameaçou e a mandou embora antes que ela perdesse todas as referências, pediu que ela fosse embora imediatamente, tudo isso enquanto Tom assistia com um sorriso malicioso nos lábios" Mary pôs a mão na boca, essa mulher só podia estar delirando! "Tia, é a palavra de uma empregada que trabalhou pouquíssimo tempo aqui e que nem conhecemos, contra a palavra de Tom, ela está querendo seus cinco minutos de fama, deve ter saído magoada com a Sra Hughes e está querendo queimá-la antes de ir embora"

Era isso, só podia ser isso, não tinha cabimento nada daquilo. "Ela afirmou que quem quisesse saber a verdade perguntasse para seu segundo mordomo, o Sr. Barrow, ou até que apertasse a Sra Hughes que eles confirmariam tudo o que ela diz. " Rosamund retrucou e continuou "Você precisa averiguar isso Mary, eu nunca desconfiei que Tom fosse esse tipo de homem, mas será que nós o conhecemos de verdade? Ele cuida de tudo para vocês, mas se isso for verdade ele pode manchar o nome dessa família!" Mary ouvia tudo balançando a cabeça totalmente cética. "Não se preocupe tia, eu vou averiguar, por hora, se alguém surgir com esse assunto diga que provavelmente é intriga dessa Braithwaite, depois nos falamos"

Mary ficou um tempo encostada no móvel tentando entender o que estava acontecendo, tentando se lembrar exatamente do que Tom estava sendo acusado; -Ele dormiu com a empregada, disse que nos detestava, depois pediu que a sra Hughes calasse a empregada , esse não pode ser o Tom!

Thomas apareceu "Tudo bem com a sra Milady?" Mary recobrou os pensamentos "Oh sim, eu só estava pensando" ela olhou pra ele, ele poderia saber de alguma coisa "sr. Barrow, você se lembra de uma empregada chamada Braithwait?" Thomas começou a ficar interessado. "Sim, Milady, lembro-me muito bem dela" Mary raspou a garganta, não queria dar bandeira "Você se lembra exatamente da época em que trabalhou aqui e quando foi embora?" Thomas chegou mais perto "Sim Milady, me lembro que a senhorita Braithwait trabalhou aqui quando vocês deram uma grande festa onde o Sr Guillingham e a Condessa compareceram e ela foi embora no mesmo dia em que a sra e o sr Branson voltaram de Londres" Mary se lembrou como Tom estava estranho e bebendo demais naqueles dias, do silêncio, da conversa que tiveram ao pé da escada de que ele não queria lhe contar de maneira alguma, se lembrou que assim que chegaram em Downton ele foi para os fundos, na área dos empregados, se lembrou que ele quis ir para América também, disse que não pertencia a aquele lugar "E eu burra ainda disse que não queria o perder" ela pensou. "Vou lhe fazer uma pergunta estranha e espero que você não me entenda mal - Você viu ela em algum momento perto do Sr. Branson? Ele a tratou mal ou diferente dos empregados?" ela estava apreensiva, não confiava tanto assim em Thomas. " Eu não quero falar contra o Sr. Branson, mas sinto que devo ser sincero já que a sra me pergunta; Vi eles tendo uma conversa estranha aqui no Hall, depois vi ela subindo para o quarto dele, nesse dia ela parecia muito feliz, mas depois que o Sr. Branson veio até a sala da Sra Hughes, ela subiu fez as malas e saiu apressada, eu me despedi dela na escadaria. Algum problema Milady?" Mary achou melhor terminar a conversa ali. "Não, muito obrigada Barrow, agradeceria se você mantivesse discrição sobre nossa conversa" Mary foi falar com a Sra Hughes, ela não mentiria, foi sem rodeios. "Não minta para mim Sra Hughes, a honra dessa família pode estar em jogo - O sr Branson teve alguma coisa com a senhorita Braithwait?" Sra Hughes não sabia o que fazer "Não é melhor a senhora conversar com ele, Milady? É um assunto que diz respeito somente a ele e não gostaria de falar" ela tentou se esquivar, mas Mary percebeu que ela escondia algo "Não sra Hughes, a senhora sabe de algo e precisa me dizer, ele dormiu com ela? Foi por isso que ela foi embora?" A sra Hughes sabia que se fosse Tom a falar, ele se culparia mais do que deveria ao invés de contar as coisas como foi, por isso, decidiu contar, na tentativa de ajudá-lo "Sim Milady, Edna o embebedou e o seduziu, entrou no quarto dele quando estava dormindo e no outro dia começou a chantageá-lo, estava querendo um casamento vantajoso, eu encontrei um livro no quarto dela que ensinava a seduzir homens e a evitar uma gravidez, estava exigindo que ele se casasse com ela, então para acabar com essa confusão a mandei embora." Mary quase bufou, não podia acreditar que isso era mesmo verdade, praticamente tudo era verdade! "Mas você tem alguma prova real de que ela o embebedou e não o contrário? De que não foi ele quem a seduziu para ter uma noite de prazer?" Mary perguntou esperançosa. "Não tenho Milady, mas confio no sr Branson e conheço um pouco Edna, sempre foi ambiciosa." Mary olhou para a carta que ainda estava em suas mãos, olhou de volta para a sra Hughes "Será que conhecemos realmente as pessoas como elas são, Sra Hughes? Obrigada por hora"

Enquanto Mary subia as escadas, foi tentada com o pensamento de querer do que se tratava essa carta destinada para Tom... "Caroline Bell" quem seria? Porque uma mulher desconhecida estaria enviando uma carta para ele endereçada de Londres? Ainda em choque com o que acabara de descobrir sobre Tom, Mary resolveu ler a carta, o selo havia descolado acidentalmente, era só abrir e ler, ela precisava se certificar. Suas mãos suavam frio, andou para lá e para cá até criar a coragem de abrir o envelope e começar a ler.

"Meu caro Tom,

Estive pensando na conversa que tivemos ontem no navio enquanto vínhamos juntos para Londres e aqui nos separamos, aquela conversa sobre romance não saiu da minha cabeça e senti que precisava lhe escrever o mais rápido possível, pois o que é a vida, não é mesmo?

Nós temos sim a oportunidade de uma segunda chance no amor, de vivermos um romance. Somos jovens demais para acreditarmos que a vida tem que seguir sem um verdadeiro amor, depois do que conversamos, acho que ainda existe romance para nós, e se você está apaixonado, não deveria negar isso usando da premissa de que não vai dar certo, isso você só descobrirá depois de tentar.

Quando meu noivado acabou eu achei que nunca mais encontraria o amor novamente, mas hoje eu vejo que estávamos enganados, o amor deve ser sim uma prioridade para pessoas como eu e você, que já sofremos muito pela perda. Já estou trabalhando em um jornal aqui de Londres, mas pedi para o nosso antigo chefe que nos mande jornais lá de Dublin para nos manter informados sobre o que acontece lá.

Gostaria que em breve nos encontrássemos, quem sabe um dia na minha folga posso te fazer uma visita? Pense no que lhe escrevi, estar com você naquele navio me fez pensar um pouco melhor sobre tudo aquilo e gostaria que você pensasse também. Boa sorte por aí com seus problemas pessoais, tenha fé de que logo tudo vai se resolver e você vai poder seguir em frente, saiba que eu também seguirei em frente aqui em Londres.

Afetuosamente,

Caroline."

Mary não suportou, uma lágrima caiu enquanto ela dobrava a carta com cuidado e colocava de volta no envelope. Era a moça que Tom disse ter reencontrado na Irlanda, mas que depois ele havia negado, dizendo que era tudo mentira; Não era mentira, a moça descrevera em suas palavras exatamente tudo o que Tom contou na carta, ela trabalhou com ele, teve um noivo no passado e eles falaram de romance! Sabe-se lá o que aconteceu entre eles no navio... talvez era por ela que Tom voltara para a Irlanda, não só para se despedir, mas para buscá-la e deixá-la mais perto dele, em Londres. Talvez o fato dele dizer que era mentira, era porque Tom ficou com pena de vê-la doente. Talvez ele estava mesmo seguindo em frente, na verdade ele nunca deve ter a amado como uma mulher, já que ele mesmo sempre disse que nunca gostou de mulheres como ela, mas porque ele sempre a olhou daquela forma, disse coisas tão belas, a beijou apaixonadamente?

"Ele quer tudo! Ele quer brincar.... mexeu com a minha cabeça até o ponto de quase enlouquecer! Talvez eu devesse saber que ele sairia por aquela porta de novo a qualquer momento! Disse que não daríamos certo, que tínhamos que acabar com isso, depois foi embora e esfregou na minha cara que tinha conhecido outro alguém, será que ela partiu o coração dele? Por isso de repente ele quis voltar? e pensar que já virei noites pensando nele ouvindo canções, ele não merece saber o que eu costumava pensar dele, que cheguei a escrever em meu diário que ele era perfeito! Mas agora eu não me importo! Ele pode pegar todas as suas palavras e mentiras, porque eu realmente não me importo mais!"

Tom voltou tarde e foi direto para o quarto se arrumar para o jantar, logo que se sentou, percebeu que Mary estava diferente. Ela não queria olhar para ele, evitava conversar com ele, parecia que ela estava mesmo o ignorando, mas porque aquilo? O que ele fez errado na noite anterior? Será que ela achou que ele passara dos limites? Decidiu que pediria desculpas a ela quando estivessem na biblioteca.

"Mary, sobre ontem á noite eu..." ela o cortou "Ontem a noite foi um erro, eu sei... não sei onde estava com a cabeça de ir até seu quarto, isso tem que parar, essas conversas precisam parar, tudo isso precisa parar agora!"

"Eu queria pedir desculpas" ele disse sem entender nada; "Não peça, eu realmente não me importo, eu descobri Tom, que realmente não me importo! Eu entendi que não quero você na minha vida, mesmo se as estrelas e a Lua colidissem eu não iria querer, você pode pegar todas as suas palavras, suas mentiras porque eu realmente não me importo, mesmo que agora você ache que deveria ter ficado, que não deveria ter ido embora, eu não quero você de volta Tom, não desse jeito; Fique tranquilo eu realmente não me importo mais! Hoje chegou essa carta para você" Mary entregou e saiu, deixando Tom sozinho e confuso para trás.

A rainha do gelo havia voltado, e com o coração ferido, nada do que aconteceu entre eles realmente importava mais para ela;


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