Tom & Mary - jornada musical escrita por IsaOli


Capítulo 1
Feliz


Notas iniciais do capítulo

história inspirada na música Happy de Pharell Willians



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Qualquer coisa poderia acontecer depois disso e Tom definitivamente não se importaria: ela sonhava com ele. Bem, talvez não sonhasse sempre, e talvez fosse um pesadelo, ele analisou pensativamente, mas definitivamente parecia um sonho. Pelo menos para ele. Se manteria positivo.

—Tom, você promete que nunca vai me deixar?— Era o que ela havia balbuciado durante seu sonho, enquanto apertava delicadamente a almofada entre os dedos.

Antes disso, eles haviam tomado o costumeiro chá da tarde, então as crianças entraram e eles haviam passado um delicioso, porém cansativo, momento com elas, que exaustas, também foram levadas pela babá para um descanso. Ela disse que iria se sentar na poltrona de frente para a janela e terminar de ler um livro - aparentemente interessante o suficiente para fazê-la dormir - e Tom disse que iria aproveitar e checar suas anotações feitas sobre alguns rendimentos da propriedade.

Alguns silenciosos minutos depois, Tom ouviu Mary chamar seu nome de forma quase arrastada, e assustado, resolveu se levantar e ir até a poltrona checar se havia algo de errado com ela. Mary dormia de forma quase celestial, seu novo corte de cabelo deixando todo seu pescoço e nuca expostos, de uma forma que Tom não havia reparado até agora, e ele ficou ali parado, hipnotizado, com um sorriso quase malicioso nos lábios apenas observando-a dormir. Ela se mexeu, o que fez ele estagnar de medo, afinal, o que ela iria pensar ao vê-lo ali, prestando mais atenção do que deveria a todos esses belos detalhes de sua fisionomia? Ela apertou a almofada, assim como o lábio inferior entre os dentes, seus olhos se movimentando freneticamente sob as pálpebras e mais uma vez sussurrou: —Me prometa, Tom! Fique comigo. Fique comigo.

Ele sorriu e nesse instante daria a vida para poder de fato estar nos sonhos dela ou talvez, fazer com que os próprios sonhos que tinha a respeito dos dois se tornasse realidade. Resolveu pegar um livro e silenciosamente se sentou na poltrona ao lado, como quem não quer nada, apenas para que a cena não se tornasse estranha para quem entrasse. E a essa hora do dia, qualquer um poderia entrar.

—Tom, me promete que você nunca nos deixará?— Ela disse mais uma vez, dessa vez com uma voz melosa da qual ele já tinha se habituado, fazendo com que Tom não fosse mais capaz de segurar o riso. Não existia nada melhor para um homem do que saber que se está presente até nos pensamentos mais inconscientes de uma mulher.

Ele lembrou de todas as más notícias, de todas as reclamações de Robert sobre a propriedade, de todos os medos que lhe consumia, de não conseguir ajudá-la a manter Downton de pé, e de repente, tudo isso parecia ínfimo perto de toda a alegria que ele sentia nesse momento. Se eles mal podiam se tocar na vida real, talvez em sonho, ele fosse aquela almofada, talvez ele a estivesse a abraçando. Sendo abraçado por ela. Ela estava dormindo, de fato, e ele, sonhando acordado. Seu coração estava aquecido e apertado por um sentimento primitivo e poderoso.

De repente se sentiu como um balão no ar, tão feliz que nenhum problema seria suficiente para acabar com seu bom humor. Quando a única coisa que se pode cultivar dentro de si são esperanças, uma pequena conquista como essa era suficiente para deixar qualquer pessoa feliz por dias e semanas. Sabia que seria um combustível que o abasteceria de contentamento por semanas.

Ele não queria deixá-la sentindo tanto medo, ele não poderia ir embora, não mais. Estava decidido, há muito tempo, embora ele dissesse o contrário. Downton Abbey era agora o seu lugar. Ele também adormeceu, na esperança de que pudesse ir morar nos sonhos dela. E depois de quase uma hora, o gongo soou, fazendo os dois acordarem simultaneamente, nervosos e assustados por terem perdido o horário.

—Por Deus, há quanto tempo estamos dormindo?— Mary disse, ajeitando seu cabelo e passando as mãos por seu vestido enquanto ficava de pé.

—Acho que o suficiente para sonhar. —Tom disse olhando de soslaio para ela.

—Bem, isso é verdade. —Ela sorriu de repente. —Eu tive um sonho maravilhoso.

Tom  corou, para seu pesar, e seu coração quase saltou pela boca, consciente do significado das palavras e do sorriso quase provocador dela.  Ele se virou e foi rapidamente até a janela. Porque suas mãos queriam responder de outra forma, a puxando contra seu corpo. Mary não fazia ideia do que ele havia ouvido e ele estava fazendo um esforço descomunal para que ela continuasse sem saber, porém, aproveitou que ainda estavam sozinhos e quando ela começou a caminhar em direção à porta, Tom pediu para que ela esperasse, pois havia algo que gostaria de lhe dizer.

—Mary, quero aproveitar a privacidade do momento para lhe confidenciar algo. Eu sei que tenho deixado vocês todos desconfortáveis com o discurso de que em breve irei embora de Downton, e de que aqui não é meu lugar.

Mary se aproximou dele, nervosa —Ah não, Tom, por favor, não estrague meu apetite com essa conversa, eu já te pedi para esperar mais um pouco, logo Sybbie vai fazer aniversário e— 

—Não, Mary, não é isso— Tom pausou o sermão com um aceno de mão. —Eu queria dizer que eu não vou mais embora, eu vou ficar, algumas reflexões me mostraram que aqui é o meu lugar. — Tom disse isso com uma segurança que Mary jamais ouvira, então ela teve certeza de que ele falava sério. Alívio a percorreu.

—E isso é uma promessa?— Mary exigiu, apenas para poder ser completamente feliz, sem abrigar nenhum receio. Embora continuasse com o rosto impassível. O resultado de anos de treinamento para ser a perfeita dama inglesa que era.

—Sim, eu prometo, juro diante de testemunhas, caso você queira.— Ele disse sorrindo.

—Sua palavra é suficiente para mim. —E ela sorriu de volta para ele, não resistindo em arquear uma das sobrancelhas. —Agora vamos subir e nos trocar, ou a vovó não vai nos perdoar por mais um atraso! —E ela virou o rosto, tentando esconder o fato de que  estava prestes a explodir de alegria. Nada nesse mundo poderia colocar sua felicidade abaixo ou desmantelar seu pequeno sorriso vitorioso.

No jantar, Mary não disse nada, queria que George e Sybbie fossem os primeiros a saber. Quando os dois subiram para dar um beijo de boa noite nas crianças, ela enfim contou a novidade para eles. Seus filhos ficaram tão felizes, que começaram a bater palmas e a pular, Mary acompanhou as palmas e chegou inclusive a exclamar:

—Não é maravilhoso, filho? Sybbie e tio Tom ficarão conosco! — E nesse momento, eram 4 almas felizes, tão felizes que nada poderia lhes estragar a noite. Tom se lembrou da pressão na almofada, da voz melosa de Mary pedindo para que ele ficasse e um contentamento o invadiu. Viu Sybbie e George batendo palmas de alegria, Mary com um sorriso enorme no rosto, um sorriso tão sincero e generoso, que ele sabia que poucas pessoas no mundo já haviam desfrutado, que poucas pessoas no mundo seriam capazes de ver nos lábios dela, e realmente se sentiu o homem mais sortudo da Terra.

Se aproximando dos três, Tom disse:

—Aqui é o nosso lugar. É aqui que pertenço e quero pertencer. A momentos como esses. Sem se conter, deu um  breve beijo na testa de Sybbie, um no topo da cabeça de George e afastando com dedos trêmulos a franja do rosto de Mary, pressionou os lábios na testa dela.

Ela momentaneamente abaixou a cabeça, sem saber o que fazer, com mais medo do que sentiu ao ser beijada do que surpresa pelo o que ele fez. Porque parecia certo, assustadoramente certo e encaixado. Mas tinha tocado seu âmago e desestabilizado seus joelhos. E a vontade de levantar o rosto para que ele lhe tocasse os lábios e não a testa, tinha sido tentadora. Quando Tom já ia começando a se desculpar, Mary segurou o queixo dele e lhe deu um beijo suave na bochecha, olhando em seus olhos quase desafiadoramente para lhe dizer:

—Sim, aqui é o seu lugar. A momentos como esses— Então saiu sorrindo do quarto, sabendo que a partir daquele momento nada mais seria como antes. Contudo, isso pouco importava, pois nada poderia lhe tirar a felicidade que tudo isso a fazia sentir.

Talvez ela não dormiria essa noite.

Talvez Tom também não.

Mas o que importava agora?! A felicidade era real, a felicidade estava ao alcance, e eles sentiam que era isso que queriam fazer. Viver a felicidade dos pequenos momentos, isto é. Juntos. Sabendo que um sonho poderia ser sonhado em conjunto. Que poderiam se abrigar nos sonhos um do outro e torná-los reais.


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Notas finais do capítulo

Espero que vocês gostem, estou um pouco cansada para revisar, mas espero que a história tenha sido bem escrita e interessante, eu sei que "Mary e Tom" é um casal meio difícil, por eles serem cunhados viúvos, mas acho essa história bem interessante caso venha se tornar canon....comentem.



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