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A noite estava escura, mesmo que o céu estivesse estrelado. A lua não estava no céu, chamavam de lua nova ou algo assim, Paul não sabia dizer, estava bêbado e a única coisa que pensava naquele momento é que não deveria estar. E que estava sem Verônica.

Estava encostado na sacada de um quarto de hotel, sua banda conseguira entrar em uma turnê e agora estava finalmente ganhando alguma coisa com o que fazia. Sabia que estavam prestes a estourar, escreveram ótimas músicas nos últimos tempos e o álbum deles ficaria incrível. Ele sentia-se orgulhoso porque ele escrevera praticamente todas as músicas. O único problema é que não tinha como comemorar já que mais da metade eram para ela e a outra metade era sobre como era estar sem ela, mesmo que não desse para perceber. O fato é que ele sabia que era isso, aquele álbum era para ela e aquilo machucava pra caralho.

Mas o que mais machucava é que naquela noite não tinha nenhuma lua de prata no céu, nem um rosto encantador como um verão ou lábios para lhe dar beijos doce. Não havia nada, só ele, o copo de uísque e as estrelas.

“Onde será que ela está?” pensou sentindo as lágrimas começarem a cair. E será que importava? Se perguntasse saberia, mas não queria saber ou doía demais saber ou uma mistura das duas coisas.

Verônica sentiu o corpo tremer, mas não era de frio ou de êxtase e sim de cansaço, estivera treinando. Aonde mais estaria? Não tinha ninguém que a controlasse, ou pior: Não tinha ninguém que sentisse a necessidade de controla-la, quando mais treinasse melhor ficava e mais dinheiro ganhava. Ninguém se importava mais.

E a única pessoa que se importava estava longe, em um lugar que nem ela sabia dizer ou ninguém mais. Pau e a banda se mandaram em uma van por aí, talvez estivessem ganhando dinheiro, ela não sabia mais, essa última informação recebeu sem querer de alguém. Não estava mais falando com ninguém da sua antiga cidade, não tinha mais tempo ou talvez não queria mais ter tempo para pensar em Paul.

Saiu para a sacada da academia e foi para lá, na verdade não era bem uma academia e sim um lugar que arranjaram para ela treinar enquanto ficassem por ali. Respirou fundo, encostando-se a beirada. Olhou para as estrelas. Era uma noite estrelada e sem lua.

E ela estava sem seu amor. E nem sabia se queria o procurar, mas sabia que precisava dele ao seu lado nem que fosse para dizer quando parar. Respirou fundo, deu uma última olhada para as estrelas e voltou para dentro.

Ao menos treinando não pensava nele e nem em nada. Nem que seu corpo ficasse cada vez mais exausto com isso.

Hoje a noite não tem luar

E eu estou sem ela

Já não sei onde procurar

Onde está meu amor?