– Qual o problema Killua?

Estavam sentados do lado de fora de uma sorveteria qualquer, esperando pelo tal alimento gelado, quando Gon direcionou essa pergunta para o albino, que de início apenas se espantou com o questionamento. Mas após parar para pensar, não tinha na cabeça nenhum problema.

Bem, talvez estivesse apaixonado, não, ele tinha certeza disso, ele pensava sobre isso o tempo todo, simplesmente não conseguia tirar essas ideias de sua cabeça. Era um sentimento forte demais, e ele implorava por uma cura, pois ignorar o amor em que estava aprisionado não era uma possibilidade.

Esta situação fazia-o se virar e encarar a si mesmo. Ele nunca havia amado, era uma coisa totalmente nova em sua vida, e ele tinha medo, temia todas as coisas que poderiam acontecer se resolvesse, num súbito ataque de ousadia, revelar seus sentimentos para o outro.

Olhou fixamente para os olhos do moreno, aquele tom de caramelo reluzia diante da luz do sol, como se fossem relâmpagos, e faziam-no acreditar que nunca se separariam, e que Killua jamais precisaria temer ficar sozinho novamente. Ele acabava entrando em conflitos consigo mesmo, pensando se a melhor coisa a se fazer era revelar o que sentia, ou enterrar esse sofrimento na cova mais funda do seu coração.

A garçonete chegou trazendo o sorvete que ambos tinham pedido anteriormente, na frente do albino foi depositado uma taça com uma enorme bola de chocolate, coberta com confeitos e outras decorações comestíveis, definitivamente, algo de estilo do garoto. Já para Gon, uma simples bola rosada de sabor morango. Killua observava atentamente para o alimento, aquele rosa meio avermelhado o lembrava o típico coração que simbolizava o amor.

O que mais o chocou, foi perceber que ao contrário do sorvete, seu amor nunca viria a desaparecer, era forte demais, e de certa forma era bom, o fazia se sentir mais leve e todo o brilho que emanava do outro o fazia sorrir. Por fim, se rendeu, não havia como escapar do amor que sentia.

– Acho que... Sem querer, me apaixonei.

Depois de muito relutar consigo mesmo, acabou por dizer. Após se confessar, foi atingido pelo nervosismo intenso, e se limitou apenas a começar a comer o sorvete de chocolate. Gon apenas o observava sem dizer nada, talvez ainda estivesse a processar tudo o que acabará de dizer. Após um tempo, o moreno mudou seu foco para alguma outra parte do rosto de Killua e aparentou ter achado graça de algo, se levantou da sua cadeira e inclinou-se em direção ao albino, passando sua língua muito próximo dos lábios do garoto, removendo uma pequena quantidade de sorvete que havia ficado no local, sujando seu rosto. Após voltar para seu assento, deu uma leve risada.

– Engraçado, eu acho que também me apaixonei, sem querer.

Killua, um pouco surpreso de início, arregalou os olhos quando se deu por conta do que o outro estava querendo dizer, mas após o choque primário, não pode deixar de sorrir, o amor, embora às vezes fosse complicado de lidar, ao lado de Gon tudo seria, de fato, cintilante.