Luz e Trevas escrita por Mesprit


Capítulo 18
Say Something


Notas iniciais do capítulo

Boa noite!
A música de hoje é tão linda... Da vontade de chorar ;-;
O capítulo ficou muito dramático hehe
Boa leitura!!



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Os olhos azuis lentamente se abriram, ainda estava difícil ver o que estava ao redor devido o fato de recém ter acordado, mas ele sabia onde estava, não poderia esquecer aquele local jamais, aquela vara de pesca escorada na parede próxima a porta de saída do aposento, a pequena mesa onde estava uma foto dos dois, as suas roupas espalhadas por todo o chão.

Lentamente se virou para o outro lado, com cuidado para não derrubar o lençol que cobria seu corpo nu, e se deparou com a imagem que já imaginava que veria, ele parecia um verdadeiro anjo enquanto dormia, os cabelos completamente bagunçados, o grande pano branco cobrindo apenas suas partes íntimas, dando uma visão perfeita de seu corpo altamente definido.

Tentou esticar sua mão até o rosto do moreno, mas ao realizar tal ato, sentiu uma imensa pressão sendo exercida sobre o seu braço, fazendo descê-lo e apenas continuar observando o garoto dormir sem nenhuma preocupação.

Era de certa forma irônico, enquanto ele estava se remoendo de dúvidas, angústias e desesperado com o que podia acontecer, o outro estava ali na sua frente como se não desse importância para nada. Mordeu com um pouco de força o lábio inferior com os dentes, aquilo não era bom, não podia ficar naquele lugar por muito tempo, caso contrário, nunca mais conseguiria seguir em frente.

Com toda a força que ainda restava em seu corpo, se levantou da cama e andou até o meio do quarto, começou a lentamente recolher cada peça de roupa que lhe pertencia, ao ir em direção a última, sua cueca, tropeçou nos resquícios da sua calça que ainda rastejavam no chão e rapidamente caiu no chão, olhou para o lado e checou se o outro havia acordado com o ocorrido, ainda estava em completo silêncio.

Engatinhou até a pequena roupa e a pegou com a mão que estava livre, olhou fixamente para cada uma, e se deu conta que tinha pegado, na verdade, as roupas do garoto que ainda dormia, ele acabou realizando até esse erro. Sentou sobre seus pés e não se conteve ao abraçar fortemente aqueles pedaços de pano, como se fossem o dono, elas ainda tinham o cheiro dele, era muito bom, mas ao mesmo tempo fazia o seu coração doer muito.

Apesar de todo e sofrido esforço que ele tinha realizado os seus sentimentos não conseguiram atravessar a barreira que estava posta em frente ao sincero coração do amigo. No fim, tudo o que havia acontecido na noite passada foi apenas uma calorosa noite de sexo. O que naquele momento foi ótimo, agora estava corroendo seu corpo, sentia-se impuro, sujo, amaldiçoado, como se esse peso ficaria em cima de si para o resto de sua vida, o pesar de não ter ido embora antes que isso acontecesse, ele realmente queria, mas nunca passou por sua cabeça que o sofrimento que viria depois seria imensurável como está sendo.

Com pouca força, largou as roupas do outro no chão e se levantou, andou cambaleante até onde estavam as suas e se abaixou para pegá-las. Ao terminar esse ato se dirigiu até o pequeno banheiro que havia dentro do quarto do outro. Chegou lá e jogou suas roupas sobre a pequena mesinha que ali estava, se virou para a pia e encontrou seu rosto pela primeira vez no dia. Ele estava horrível, estava com olheiras tão escuras e não conseguia distinguir quantas lágrimas haviam secado em sua face.

Ligou a torneira e botou suas mãos em baixo da água corrente, estava tão gelada, mas não se comparava ao seu espírito, completamente congelado. Abaixou o rosto e o molhou com o líquido, passando sua mão delicadamente com a intenção de deixá-lo um pouco melhor. Ao terminar e erguer o rosto se deparou com o chuveiro, um banho poderia ser de grande ajuda nesse momento. Se direcionou até o a porta corrente do Box e a puxou, entrando no espaço no interior do cubículo. Com sua mão direita alcançou a válvula e a girou, fazendo a água cair sobre si, ao contrário da torneira da pia, esta estava quente e aconchegante, capaz de fazê-lo esquecer dos seus problemas por um tempo.

Algum dia você abandonará Gon.

A lembrança da senhora falando isso veio até seu coração como uma lança o perfurando, mesmo sendo um pensamento, sentiu tremenda dor a ponto de cair de joelhos no chão duro do banheiro. Lentamente levantou sua cabeça, a água ajudaria a disfarçar as lágrimas que escorriam pelos seus olhos azuis. Ele tinha tanto medo de que esse dia pudesse vir a chegar. Em sua mente, sempre teve absoluta certeza de que teria seguido o outro para qualquer lugar, e agora estava diante dessa situação, sentia-se de certo modo, derrotado, um fracassado.

Tentou se recompor, e lentamente se reergueu, encontrou os produtos que o amigo usa na hora do banho, pegou o pequeno sabonete e começou a passar por todo o seu corpo, era uma sensação estranha, de algum jeito, era como se o garoto estivesse passando as mãos por todo o seu corpo, sentindo cada parte dele, assim como havia feito na noite passada, agora analisando melhor, ele tinha deixado algumas marcas, um tom roxo tão forte que fazia contraste com a pele pálida que tinha, bem, não havia problemas em relação a escondê-las, mas enquanto elas estivessem ali, seria impossível se esquecer do ocorrido.

Largou o sabonete no local onde havia o encontrado e pegou o frasco de xampu, leu os detalhes do produto, sempre acreditou que os tipos de cabelo dos dois eram diferentes e agora tinha certeza de que estava certo, talvez isso traria alguns problemas futuros, como deixar os seus cabelos brancos um pouco rígidos, mas estava pouco se importando com isso nesse momento, abriu a tampa do frasco e o virou direcionando a abertura para a palma de sua outra mão, deu uma leve apertada e pode ver a substância incolor cair lentamente sobre sua pele. Levou sua mão até os cabelos e começou a esfregá-los, o fez até formar uma boa quantidade de espuma e então levou sua cabeça até de baixo do chuveiro, onde a água quente levou todos os fluídos que estavam presentes ali.

Sentia-se muito mais leve, percebeu que não tinha pego uma toalha para se secar, olhou para os lados e viu que o garoto tinha deixado a sua dentro do banheiro ainda, mesmo com sua tia dizendo para estender o objeto sempre depois de sair do banho. Não tendo opção, teve de pegar aquela toalha, mas ao encostar o pano no rosto, pode sentir novamente, o cheiro do moreno invadir suas narinas de um jeito que o fez se descontrolar psicologicamente, aquilo estava sendo muito difícil.

Balançou a cabeça com a intenção de afastar todos esses pensamentos inadequados para o momento e voltou a se secar. Passava a toalha por cada parte do seu corpo, sem conseguir tirar da mente a ideia de ser o outro no lugar do pedaço de pano que estava fazendo isso. Assim que seu corpo não estava mais molhado, jogou a toalha apressadamente para qualquer canto do banheiro, olhou para suas roupas, estava no momento de vesti-las novamente. Com calma foi colocando-as de uma em uma. Após estar pronto, saiu do pequeno banheiro e se deparou com novamente com a visão angelical do outro dormindo.

Era incrível que com mesmo todo o barulho que havia feito tomando banho o outro não tinha acordado, andou lentamente até a direção daquela cama e ficou de frente do garoto, encontrou um pequeno espaço onde ele poderia se sentar para ficar do lado dele e assim o fez. Podia sentir o calor emanando do seu corpo, do mesmo modo que era reconfortante era perturbador. Levantou a mão direita e a depositou calmamente sobre o abdômen do moreno, deslizou a mão clara por todo seu corpo, sentindo-o pela última vez, por último, a levou até a mão esquerda do garoto, que estava praticamente do outro lado da cama devido o comprimento de seu braço estirado no colchão, fechou sua mão com a do outro e apertou com força.

Com uma certa dificuldade e cuidado, inclinou sua coluna e começou a levar seu rosto em encontro dos lábios avermelhados e convidativos do maior, se aproximou a ponto de ficar apenas alguns centímetros sobrando entre as duas bocas. Era possível sentir a respiração e o hálito quentes que emanavam de suas respectivas aberturas. Iria ceder à sua tentação por uma última e duradoura vez. Sem receios selou os seus lábios com o do outro, sabia que não seria correspondido pelo fato dele estar dormindo, mas era mágico, assim como o primeiro beijo que tiveram naquela noite.

Após um longo tempo naquela situação, percebeu que era hora de ir, ergueu o rosto e detectou algumas lágrimas escorrendo de seu rosto e caindo diretamente no do amigo, passou a manga da blusa que vestia pelos seus olhos para secá-lo e se levantou da cama rapidamente, começou a andar até a porta de saída do quarto, aquela porta não só significaria que ele saiu do cômodo como também teria desistido da vida que poderia ter ao lado do outro. Embora seus passos fossem lentos, ele sentia como se estivesse atravessando um imenso corredor, que aparentava nunca ter fim, mas de algum jeito ou de outro, conseguiu levar sua mão até a brilhante maçaneta.

Respirou fundo e engoliu seu orgulho, passar por aquele lugar era mesmo certo? Sim, ele sabia que nada mudaria o destino que viria a acontecer no futuro. Não havia nada que o outro pudesse dizer que o faria mudar de ideia, que o faria desistir dessa bobagem, não é? Lentamente, começou a girar a maçaneta, a porta das mudanças estava se abrindo, na sua mente, começou a passar todas as vivências que teve ao lado do garoto de uma maneira incrivelmente rápida. Era o fim, estava na hora de dizer adeus.

Fique.

O que não esperava, era que o simples fato de ouvir a voz do outro, sentir o tom de tristeza em que estava sendo pronunciado, seria forte o suficiente para no mesmo instante, desistir totalmente da ideia de abandoná-lo, virou o rosto repleto em lágrimas em direção ao do outro, e percebeu como a bobagem que estava fazendo era grande. Ele ainda estava aprendendo a amar, mas naquele momento percebeu que sempre teria Gon ao seu lado.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, eu pessoalmente adorei escrever este capítulo



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