— Nem que eu tenha que te prender no calabouço do bunker, você nem pense nisso! — Dean esbravejou ao mobilizá-la com facilidade.

— Lavignia, Crowley é o mais manipulador dos seres, e nada pode garantir que seu irmão, mesmo que volte, ou algo semelhante, esteja são como antes — Sam completou, mais docemente que o irmão.

— Vocês não fariam o mesmo pelo outro?

E a torrente de imagens que essa frase desenfreou na cabeça de Dean ardeu todos os sofrimentos na carne e fez com que ele se tornasse ainda mais agressivo, tendo de ser contido por Sam, que o tirou de cima dela.

— Se você tivesse uma ínfima ideia do que é estar no inferno, JAMAIS diria qualquer coisa semelhante! — Dean voltou a gritar do canto do quarto.

Ela secou as lágrimas com o antebraço, sujando o rosto de sangue.

Bem que se quis

depois de tudo ainda ser feliz

mas já não há caminhos pra voltar.

E o que é que a vida fez da nossa vida?

— Vá se lavar, Lavignia. Vocês precisam esfriar a cabeça.

— Não, espera. Deixe a gente sozinho, Sam.

Sam assentiu e saiu, encostando a porta.

— Eu estive no inferno, Lavignia. E foram meses que pareceram anos, e me arrependi no primeiro minuto em que me vi lá, sendo torturado dia-a-dia, só sendo liberado da tortura para ser o torturador e infligir nos outros os mesmo absurdos aos quais fui submetido. Não digo que não faria de novo, se algo passasse a você ou ao Sam, mas não deixaria que ninguém o fizesse, porque sei mais do que qualquer um a dimensão do que é estar lá. E não pense que Crowley não faria o pior a você, porque eu sofri o inominável quando ele era apenas um fazedor de pactos medíocre, e agora ele é o rei do inferno. Eu não sei o que ele viu em você, ou se é você mesmo que ele visa, mas fica longe, o mais longe que você puder… Eu já disse, não vou deixar você morrer e me deixar sozinho.

— O que está acontecendo com você, Dean?

Dean acariciou a marca que queimava cada vez mais fundo na sua pele.

— Seja lá o que for, vai passar logo — ele disse, talvez mais para si mesmo

— Eu vou tomar um banho pra… — Ela mostrou o desenho que eles fizeram no seu antebraço. — Você vem? — convidou-o com um sorriso melancólico.

Dean sorriu-lhe de volta e se precipitou em direção a ela.

Agora vem pra perto vem

vem depressa vem sem fim, dentro de mim

que eu quero sentir

o teu corpo pesando sobre o meu,

vem meu amor vem pra mim,

me abraça devagar,

me beija e me faz esquecer