A porta da sede foi aberta bruscamente e Sam viu a figura de Lavignia ser lançada porta adentro.

— E quem disse que eu queria vir com você?! — ela gritou enquanto tentava se firmar e não cair.

— Ah, você queria ficar com o demônio do Crowley! Claro, ele ter matado seu irmão e quase ter matado você foi quase um favor que ele lhe fez!

Lavignia correu os olhos das manchas vermelhas que tinha no braço para Dean, parado a poucos metros de si. Não que ela não tivesse deduzido que tipo de criatura Crowley era no final das contas, porém não queria sabê-lo em voz alta. Estava tão perdida naquela confusão de entidades não-confiáveis que só podia acreditar na sua intuição. De todo jeito era um disparate concluir isso, ela que sempre fora tão cética… Toda aquela iluminação racional não passava de uma ilusão de óptica que a impedia de ver o quadro tão maior que era a realidade…

Respirou fundo antes de dizer o que ia dizer:

— Tudo bem, Dean. É melhor eu ir embora e esquecer esse seu mundo tão estranho. Afinal, é pra isso que vocês lutam tanto, não é?, para que pessoas como eu possam viver tranquilamente a vidinha de sempre…

Saiu de cabeça baixa em direção ao quarto, torcendo para que os cabelos escondessem os olhos marejados. Dizer aquilo sem vacilar já parecia muito; que ambos percebessem a sua vergonha e sua humilhação seria um golpe insuportável, só não mais do que a ideia apavorante de deixar Dean e voltar para aquela realidade partida, medíocre que tinha antes… Retomar o irremediável…

E foi com essa mesma força que ele abriu a porta e a abraçou por trás, com força desesperada, sendo aquele que sempre tinha sido. Pensou, e não quis pensar na razão para isso, que essa era uma tentativa de ele dizer o que ela esperou pelo caminho. Deixou-se estar por um momento, porque precisava disso desde aquele dia em que saíra escondida da sede, disposta a conhecer e entender o mundo dele para merecê-lo.

Assim que o dia amanheceu
Lá no mar alto da paixão
Dava pra ver o tempo ruir
Cadê você? Que solidão!
Esquecera de mim

— Pensei o pior, Lavignia. No dia em que tive aquele pesadelo, vi nitidamente como termina essa nossa história: você morta e eu despedaçado como nunca. Quando descobri que você estava com Crowley… não parei um minuto sequer de me lembrar desse sonho e de como as coisas estavam fora do meu controle com tudo o que está acontecendo...

Enfim, de tudo o que há na terra
Não há nada em lugar nenhum
Que vá crescer sem você chegar
Longe de ti tudo parou

Lavignia levantou as mãos e afundou-as no cabelo dele que se aninhou ainda mais nela:

— Você não está nada bem, sabe disso, não é?

— Sei… Mas vai passar logo, ainda mais sabendo que você está bem, que está aqui comigo.

— E você não pode controlar tudo, seu idiota. Quem dera se pudesse, mas não pode. Sou eu quem decido o que fazer com a minha vida, eu que escolho pelo quê viver e pelo quê morrer. Eu.

Dean virou-a pela cintura enlaçando-a forte e aproximando seu rosto do dela:

— Não seja egoísta desse jeito em querer morrer por mim e me deixar sozinho.

Ninguém sabe o que eu sofri
Amar é um deserto e seus temores
Vida que vai na sela dessas dores
Não sabe voltar, me dá teu calor

— Você é quem não pode ser egoísta e querer viver a sua vida e a das pessoas que você ama.

Ele beijou-a faminto e foi empurrando-a de leve para a cama enquanto ambos se livravam de qualquer jeito das roupas que os estorvavam. Dean montou-a, imobilizando-a e percorreu-lhe o corpo com os lábios, mais agressivo do que apaixonado, porém ela não seria capaz de julgá-lo naquela altura. Abandonou-se a ele como sabia que lhe aprazia, mas deliciou-se com a maneira com que ele a tomava para si e a subjugava, quase dizendo-lhe entredentes que nenhuma outra seria capaz de descontrolá-lo daquela maneira.

Vem me fazer feliz porque eu te amo
Você deságua em mim, e eu, oceano
Me esqueço que amar é quase uma dor
Só sei viver se for por você!