Vivendo uma canção escrita por Dessa_Soliman


Capítulo 8
You already know


Notas iniciais do capítulo

Oitavo dia do desafio. Capítulo baseado na música Fancy, de Iggy Azalea.
Eu juro para vocês, não conhecia essa cantora. Mesmo. Tanto que não é meu estilo musical, então se torna até natural eu não conhecê-la. E eu não gostei. Mas escrevi, mesmo que tenha pouco a ver com a música.
Título nada a ver com a música, apesar de ter uma frase assim, mas combina com o capítulo
08/09/2014



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/541650/chapter/8

“-Não, você só pode estar zoando comigo, Haddock.”

Hiccup ainda se lembrava do maldito fora que levara no ensino médio. Pela mesma garota que passava a sua frente, todos os dias, naquela maldita universidade. Fora o maior trauma da sua vida.

–Ei, Hic. – Sentiu um braço passar por seu ombro, e encolheu-se levemente sob o toque. O melhor amigo sorria como sempre, soltando-o para bagunçar seus cabelos.

–Ei, Jack. – Hiccup tentou esconder seus atuais pensamentos através de um sorriso. Ele não entendia muito bem como podiam ser tão amigos, mas agradecia isso infinitamente.

–Você viu a Astrid, né? – Jack soltou-o, caminhando ao seu lado enquanto iam para a sala de aula.

Jack cursava Licenciatura em História, e, Hiccup, em Artes.

Astrid cursava moda.

Por que diabos eles foram parar na mesma universidade?

–Por que diz isso? – Hiccup disfarçou, procurando seu livro dentro da bolsa a tiracolo que sempre carregava junto.

–Pela sua cara de idiota. Cara, aquilo foi no primeiro ano, como você ainda pode sofrer com essa rejeição? – Ele imaginou que mais cedo ou mais tarde Jack ia voltar ao assunto, novamente e mais uma vez. Era uma forma do amigo de tentar animá-lo. Completamente falha, diga-se de passagem.

–Não é sofrer pela rejeição, Jack. É pela humilhação de ser negado pelo meu primeiro amor. Isso magoa, sabia? É como um trauma. – Jack revirou os olhos, com uma careta estranha. Hiccup sabia que ele não ia fazer nenhum comentário. Era deveras estranho.

Jack sempre tinha um comentário.

Mas toda a vez que Hiccup comentava em amor, mágoa de ser chutado, ou algo do gênero, seu amigo ficava estranhamente quieto. E, o pior de tudo, Hiccup sabia porquê, só não queria admitir. Era melhor assim, pela amizade dos dois.

...

–Jack, eu não estou com vontade de sair, ok? – Jack desligou o carro, com um sorriso no rosto. Ele imaginava que Hiccup diria isso, mas não é como se o amigo tivesse escolha. Aquela era a festa do século da universidade, e ele não queria perder por nada.

E, como melhor amigo, título que não agradava muito a Jack, ele decidiu que Hiccup iria com ele, o moreno querendo ou não. Sério, seu amigo precisava, e muito, de uma dose de loucura, com uma pitada de contato social.

E por isso bateu na porta de entrada. Ainda estava com o celular no ouvido quando cumprimentou Valka, que abriu a porta para ele, e passou pela sala cumprimentando Stóico. Fizera propositalmente. Ele ouviu os passos agitados de Hiccup, tanto pelo aparelho em seu ouvido quanto pela madeira do segundo andar. Logo o moreno apareceu no topo da escada com uma cara extremamente engraçada.

Jack ainda estava com o celular no ouvido quando cumprimentou o amigo, casualmente, vendo-o desligar o aparelho e correr de volta para o quarto.

Ele ganhara, como sempre. E dessa vez nem precisara chantagear o outro.

Claro, todos caiam de amores por Jack.

...

Hiccup odiava festas. Ele odiava sentir-se espremido por milhares de pessoas, prensado e esmagado. Ele odiava quando elas, exageradamente bêbadas, derrubavam algo em sua roupa, ou empurravam-no. Ele odiava quando elas ficavam o tocando todas suadas. Ele odiava festas.

E ele odiava mais ainda Jack por tê-lo arrastado para uma. Na casa de Astrid. Que brilhava, como sempre, entre todo mundo. Seu namorado, um garoto que cursava Educação Física, ficou à noite toda perto dela, e os dois combinavam horrivelmente.

E o pior de tudo, ainda, era o ciúmes idiota que tinha ao ver Jack rodeado de pessoas, rindo e se divertindo. E, pior ainda, era quando ele aceitava a paquera de alguém. E, para melhorar a situação, era quando alguém lhe passava a mão.

Hiccup pegou um copo e virou-o, arrependendo-se ao sentir o amargor e a queimação na garganta. Procurou por outro e repetiu o processo, mas, dessa vez, lentamente.

Ele sentia-se tão humilhado no meio daquelas pessoas e, principalmente, encarando seu primeiro amor tão tranquilamente, como se nunca houvesse acontecido aquela cena. Não, ele estava mentindo para si mesmo, ele sentia-se um idiota por ignorar os sentimentos de seu melhor amigo.

...

–Você tinha que beber exageradamente, Hiccup? – Jack apoiou o amigo no ombro, tirando-o de seu carro. Com uma calma tirada da puta que pariu, conseguiu arrastá-lo para seu apartamento.

Hiccup ganhara músculos desde o primeiro ano. Ficara mais alto que ele e mais bonito. E Jack adorava todas essas mudanças no amigo, que o deixavam ainda mais encantador aos olhos do garoto.

Mas ele odiava ter de carregá-lo, porque agora ele era mais pesado e se tornara mais complicado de subir as escadas. Ou de andar. Ou de simplesmente aguentar seu peso.

Fez um malabarismo para retirar a chave de seu apartamento do bolso, enquanto Hiccup parecia soltar ainda mais seu peso sobre seu corpo, e abriu a porta com dificuldades, jogando-o imediatamente no sofá, assim que entrou.

Respirou fundo, aliviado, e alongou-se, esticando os músculos doloridos da curta caminhada com peso que tivera de fazer com Hiccup. Bem, o peso sendo Hiccup.

O amigo murmurou algo que não entendeu, e decidiu que deveria banhá-lo antes de pô-lo na cama. Era seu dever, afinal de contas. Já fizera isso inúmeras vezes, seria só mais uma. E óbvio que ele não se importava de fazer mais uma vez. Entre as tantas que fizera. Entre as tantas torturas. Uma tortura a mais.

Hugh, Jack já conseguia se ver de pau duro antes mesmo de tirar a roupa de Hiccup.

Levantou o amigo, ouvindo-o reclamar novamente, e o carregou até o banheiro. Sentou-o no vaso e tirou sua camisa grudada de bebida e suor. Retirou seus jeans, sapatos e meias. Tudo de uma vez. E não, ele não tirou a cueca. Enfiou-o debaixo do chuveiro e abriu a água gelada.

Hiccup imediatamente acordou. O pulo que deu quase terminou em uma queda, se Jack não tivesse o segurado, entrando, infelizmente, debaixo d'água.

–Porra, Hiccup. Não era para me molhar. – O amigo não respondeu. Óbvio que não.

Depois do banho, Jack deixou que o amigo se secasse e procurou uma roupa dele, perdida ali desde sempre. Sentou-o em sua mesa e preparou um café forte. Muito forte. Forte pra caramba. E sentou-se em frente a Hiccup, esperando que ele terminasse de bebê-lo. Encarando os lábios dele ao redor da xícara. A forma meia preguiçosa de fazer tudo. Ainda tonto do álcool em seu sangue. E não pode deixar de sentir o peito apertar e de sorrir. Mesmo que fosse contraditório.

–Se sente melhor? – O amigo assentiu, olhando-o finalmente. Hiccup pulou umas cadeiras para perto de Jack e acariciou o rosto do outro.

Ele estagnou. O que maldições Hiccup estava fazendo? Ainda estava alcoolizado?

Levantou-se rapidamente e puxou Hiccup, levando-o para seu quarto e deitando-o em sua cama. Antes de se afastar, o amigo apoiou-se sobre a cama, desajeitadamente, e puxou Jack para perto, deixando que seus lábios se tocassem em um selinho.

Jack sabia que isso ia acontecer. Isso sempre acontecia quando Hiccup bebia.

–Durma, Hic.

Saiu do quarto, fechando a porta e indo deitar-se no sofá. Os olhos fecharam-se e ele segurou fortemente as lágrimas.

No dia seguinte Hiccup não se lembrava de nada, ainda antes de saírem da festa. Jack já sabia que isso iria acontecer, mas ele não pode deixar de dar aquele sorriso triste ao ter a confirmação.

Hiccup reparou, mas ele continuou ignorando os sentimentos do amigo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Ah, eu realmente disse que tinha pouco a ver. Me inspirei um pouco no vídeo, e a festa e tals... e, desculpe-me, Astrid, sinto muito por fazê-la uma patricinha mimada.
Que é a minha visão da menina do vídeo.
Sinto muito se ofendi quem por acaso gosta dela.
Beijos, até amanhã