Vivendo uma canção escrita por Dessa_Soliman


Capítulo 29
Accidentally in love


Notas iniciais do capítulo

Ei, eu adoro essa música. Quem aqui adora Shrek? além de mim, obviamente.
Enfim, foi relativamente tranquilo escrever com ela tocando constantemente em meu quarto. Baseado em Accidentally in love, do Counting crows
29/09/2014


Só para lembrar, itálico são frases reescritas ou literais da música :D



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Jack não saberia definir quando ele deixou de prestar atenção no trabalho de ambos e passou a encarar Hiccup com tanto interesse. Ele já fizera aquilo inúmeras vezes, mas todas elas ainda eram surpreendentes. Tipo, será que ele conseguiria contar todas as sardas que o amigo tinha? Ou ele saberia um dia definir qual era o verde dos olhos do ruivo? Aliás, ele possuía traços de vários tons de verdes, quando reparava-se neles tão de perto. Ou o próprio cabelo. Aquilo se encaixava no moreno, tipo o seu chocolate, ou aquilo era realmente ruivo? Uma vez ele questionara qual era o verdadeiro tom do cabelo do outro e ele simplesmente dera de ombros, também não sabendo responder.

Ele disse que pensava ser ruivo, mas também ficava em dúvida. Quem diabos ficava em dúvida com a própria cor de cabelo? Hiccup, pelo jeito. E, tá, ele tinha lábios finos, mas ficavam tão sexy nele. Até mesmo o nariz mais gordinho e as orelhas um pouco grandes. Jack não se importava, porque o conjunto inteiro era de uma harmonia radiante.

— Jack? Jack, Jack, Jack? — Hiccup estalou os dedos em frente ao seu rosto, quase no seu nariz, e reparou que ficara tempo demais divagando sobre o amigo. Bem, amigo porque estava chutado na friendzone. — Qual o problema, Jack? — Ele quase soltou um grunhido. O olhar preocupado do outro, disfarçado naquele tom irônico, era tortura para seus ouvidos. Por pouco não se curvou sobre a mesa de sua casa e agarrou os cabelos.

Qual o problema, Jack? Ele perguntava na maior inocência. Qual o problema, Jack? Ainda ousava fazer aquela pergunta. Quantas malditas vezes tentara? Em seus pensamentos, era tão fácil dizer ao outro qual era o maldito problema.

Respirou fundo algumas vezes, sentindo o olhar de Hiccup sobre si. Sorriu, seu melhor sorriso, e encarou o amigo de forma a disfarçar o verdadeiro problema.

— Acho que temos coisas mais interessantes para fazer do que um trabalho de filosofia, Hic. — Ele levantou da própria cadeira e curvou-se sobre o outro. Viu as bochechas do ruivo adquirirem a forte cor rubra que destacava mais ainda suas sardas e não pôde deixar de achar aquilo sexy. Eroticamente sexy.

Sentiu seu estômago apertar e perdeu o sorriso enquanto os lábios de Hic encontravam-se com os seus. Sentiu-se mais pegajoso e quase perdeu o equilíbrio. Suas pernas e braços quase penderam e ele teve aquela emoção toda vez que beijava Hiccup.

Qual o problema, Jack? Ah, não sabia. Talvez ele só esteja apaixonado por seu melhor amigo e seu amante das horas vagas.

...

Acordou inspirado. Ok, era normal eles passarem aquelas noites juntos, mas a última tivera muito significado para si. Não somente significado, tivera cor, sensação, calor, sentimento, realismo. Toque. Sentido.

Ele não conseguia parar de pensar nisso. Era gostoso, na verdade, apesar de o medo estar sempre constantemente com ele.

Mas, ei, ele temia o que?

Hiccup, desde que terminara com Astrid, não tivera mais ninguém em sua vida. A loira até mesmo seguia feliz e contente com o novo namorado, e de vez em quando pegava no pé do outro por ainda estar solteiro. E isso fora o que? Um ano e meio atrás? É, mais ou menos isso.

E ali estavam eles. Desde que o outro levara um pé na bunda que passaram a ter aquela relação. Ok, Jack sempre gostara de garotos, e Hiccup sempre soubera disso. Eram melhores amigos desde o médio, afinal de contas. Conheceram-se e criaram uma amizade inseparável, insubstituível e infindável. Ele conseguia até sentir a bile subindo por sua garganta quando pensava que o ruivo poderia não mais estar com ele assim que abrisse os olhos.

Mas ele sempre estava lá. Ou em um sono calmo, ou com um sorriso que deixavam aqueles verdes ainda mais lindos. Às vezes até mesmo corado, coisa que fazia Jack derreter-se logo que abria os olhos.

Sabia que esses momentos, quando Hic já estava envergonhado assim que levantara, é porque pensava em algo entre eles. Algo que Jack sempre botava esperança, mas que nunca tinha coragem suficiente para sanar sua dúvida. E ele só partia para a ação. Eles não transavam, pelo menos desde o início da relação sexual de ambos. Agora eles faziam amor, e cada vez eram melhores naquilo.

Ele lembrava-se bem que a primeira vez fora somente um alivio. Hiccup precisava de novas experiências para esquecer a ex, Astrid, e Jack precisava de alguém para transar, porque... Entendam, Jack estava sem namorado há uns três meses já e estava enlouquecendo sem sexo. E não venham com essa de que poderia substituir por brinquedos, porque, puta que pariu, brinquedo nenhum substituiria o calor do momento. Aquela coisa de ter outro corpo e aquela vontade de receber mais, ao mesmo tempo em que dá-se prazer ao outro... Isso era único.

Jack gostava de sexo como todo ser humano normal, mas não ia atrás de qualquer pessoa. Hiccup fora a saída perfeita para o momento. Eram amigos há anos e se conheciam, podiam muito bem manter aquilo entre eles e serem recipientes de prazer mútuo.

Jack só se esqueceu que ele poderia se apaixonar. Ele apegava-se facilmente nas pessoas que gostava, e ele sempre gostara muito de Hiccup. A paixão foi o passo seguinte e ele se viu preso ao outro de uma forma que nunca estivera antes. Porque nunca houvera amizade nos seus antigos relacionamentos. Ele conhecia a pessoa, se davam uns pegas e então estavam namorando. Era durante o namoro que passava a conhecer o novo amante e era ai que vinham os problemas.

Com Hic foi diferente. Eles já se conheciam. Bem demais, na verdade. E era fácil imaginar uma relação entre eles porque, bem, ia ser adicionado o amor e o carinho, mas a amizade e o companheirismo já existiam.

Beijou os cabelos de Hic antes de levantar-se sobre o cotovelo, passando a brincar com os fios ruivos. Ele ficava feliz com aqueles simples momentos. Coisas que só aconteciam com o outro. Aquela sensação que invadia todo seu ser e quase o fazia gritar para todo mundo que amava Hiccup Haddock.

Suspirou, lembrando-se que ainda existia uma unilateralidade naquilo tudo. Ele não teve a intenção, mas também não havia escapatória para aquele amor. Sorriu, resignado com o veredito final.

— “Qual o problema, Jack?” — Ele imitou a voz de Hiccup enquanto se levantava, falando baixo ao mesmo tempo em que continuava indignado com aquela situação. — Idiota, ainda me pergunta qual o problema. Eu não sei, Haddock, talvez eu esteja apaixonado por essa pessoa desastrada que você é. — Vestiu sua calça, ainda pensando em como a vida é uma grande queda livre.

Ele sabia, uma queda livre com um gigante céu azul e um maldito amor brilhante como o sol. Quase chorou de frustração enquanto saia de seu quarto e caminhava em direção a cozinha.

Foi fazendo o café da manhã que sentiu o abraço quente em sua cintura ainda desnuda e beijos estalados em suas costas e ombros. Chegando a nuca, não pôde deixar de se arrepiar e um pequeno suspiro escapou.

Nós acabamos acidentalmente apaixonados, hum? — Segurou com mais força o liquidificador e o abraço impediu-o de virar-se para encarar Hiccup. Como assim, que porra era aquela? Seu cérebro passou uma mensagem de alerta enquanto tentava respirar normalmente. — Você podia ter dito antes, assim teríamos pulado esse sofrimento dos últimos meses. — Virou-se, com um sorriso enorme, enquanto encarava os verdes.

As bochechas estavam rosadas, mas ainda tinha aquele sorriso lindo que ele tanto amava. Meio entre o encabulado e o encantado. Ele quase teve uma hemorragia nasal de tão fofo que seu amante estava poderia ser.

Beijou-o, lentamente, degustando aquele primeiro beijo entre amantes declarados.

— Que tal deixarmos as formalidades de lado? — Empurrou-o para cima da pia e beijou o pescoço dele, sabendo o quão arrepiado e, por que não?, excitado Hiccup já estava. — Quer que eu peça de joelhos ou você já acha o suficiente eu pedir assim, entre suas pernas? Uma declaração mais formal ou aquela serve? — Porque sim, ele fora descuidado e era óbvio que Hiccup já estava acordado naquele momento. — Um sussurro ou quer que eu grite? — E a risada do ruivo misturado com seus gemidos quase o deixavam em êxtase. — Aceita namorar comigo, Hiccup Haddock? — E parou, encarando o rosto corado e a respiração ofegante do outro, reparando o quão magnifico aquela imagem era aos seus olhos.

— Podemos tentar de todas essas formas, e mais algumas outras, Jack Frost. — Hiccup beijou-o, ardentemente, e esqueceu-se inclusive que estava fazendo o café de ambos. Aquilo era um sim, claro, com certeza. Palavras tornavam-se desnecessárias, de vez em quando.

Terminaram a primeira transa oficial como namorados no sofá, mesmo.


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Notas finais do capítulo

Yeah, penúltimo dia. Agora que estou no fim dos meu trabalhos, a coisa alivia .-. eu já estou começando a sentir saudades.
Mas vou deixar despedidas oficiais para amanhã.
Beijos a todos e até.



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