Vivendo uma canção escrita por Dessa_Soliman


Capítulo 26
Way back into Love


Notas iniciais do capítulo

Hoje consegui postar mais cedo. Palmas pra mim.
A música é super fofa e eu admito que nunca vi esse filme. Então, baseado em Way Back into Love, de algum filme... que eu não faço ideia de qual seja O.o
26/09/2014 ~que também é o aniversário da minha prima...
Feliz aniversário, Du.


OBS: as partes em itálico são frases da música, só que reescritas para o contexto.



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Hiccup não gostava muito de shows de magia, mas ele faria qualquer coisa quando Astrid lhe lançava aquele olhar assassino. Certo, ele negligenciara um pouco os amigos, mas, depois daquele relacionamento horrível que tivera, ele só precisava de um pouco de tempo para si mesmo.

E agora ali estava ele, entre seus amigos. Os gêmeos Thorston, Tuffnut e Ruffnut, estavam discutindo como sempre, quase fazendo sua cabeça explodir. E ele ainda tinha que encarar Astrid e Eret naquele relacionamento meloso.

Depois da separação surpreendente dos pais, Hiccup vivia sempre com um pé atrás no quesito romance. Ele esperava, ansiosamente, aquela descrição que Valka lhe fazia sobre quando conhecera seu pai, mas, até agora, nada.

As luzes se apagaram e um garoto entrou no palco. Ele não podia ser mais velho que seu grupo de amigos. Até mesmo os gêmeos ficaram quietos e, pasmem, Fishlegs não fez nenhum comentário técnico durante a apresentação inicial.

Ele era mesmo bom.

— Senhoras e Senhores, obrigados por vossa atenção inicial. — Ele não fizera quase nada, mas mesmo assim encantara. Talvez fosse sua performance charmosa. — Sou Jack Frost e tentarei entretê-los nessa noite fria.

Hiccup, no final do evento podia dizer que nunca se divertira tanto.

...

Jack caminhava tranquilamente na rua. Ele lia um livro qualquer, mantendo-o baixo e os olhos centrado nele, de vez em quando olhando para a frente e definindo para onde deveria ir, ou para desviar objetos e pessoas.

Ele sempre arranjava uma técnica para disfarçar-se. Não que ele fosse antissocial, ou arrogante. Ele só teria uma desculpa mais tarde por não ter cumprimentado algum conhecido. Dessa forma, passaria somente por distraído e, se alguém o visse e viesse conversar mais tarde consigo, diria: “Você precisa prestar mais atenção, Jack”. Ah, sim, as pessoas tinham o hábito de tratá-lo como se fosse ainda um garoto.

Talvez fosse por sua aparência juvenil ou sua alegria... Ele nunca poderia saber.

Retirou o celular do bolso e encarou a foto de capa. Era ele, sabia disso por ter seu nome, e ao lado Bunny, seu ex-namorado. Ele gostava de encarar aquela foto, constantemente, para se lembrar de quem era e de quem fora.

Ele vivia constantemente com uma sombra sobre si, vivendo no passado, sem conseguir seguir adiante, sozinho por muito tempo. Não era sua culpa, realmente. Ele só não conseguia saber como era amar alguém. E olha que seu relacionamento com Bunny durara muito tempo, e ele nunca passara da amizade com o ex.

Assim que estava próximo a uma esquina, perto de seu apartamento, um corpo arremessou-o para o chão e o livro voou de suas mãos. O ar saiu rapidamente de seus pulmões enquanto a bunda doía pelo forte impacto. Suas próprias mãos ardiam por terem tentado aliviar a queda.

— Me desculpe. — Aceitou a ajuda do outro e foi puxado facilmente pra cima, seu livro voltando para suas mãos. — Eu estava distraído na minha pressa e não vi você. — Antes de olhar para o rosto do outro, fez um check up em sua mente atrás de traços para reconhecimento. — Desculpe, mesmo. — O garoto assentiu, esfregando uma mão na outra antes de encará-las para analisar o estrago. — Você está bem? — Assentiu, olhando para cima. Ele não conhecia a pessoa mesmo, poderia ficar tranquilo. Sua memória apitou o sinal positivo de que não era ninguém conhecido.

— Estou, obrigado. — Rolou um clima constrangedor. Tentou analisar o rosto do outro, mas não conseguiu marcar os traços de sua face. Sabia que tinha cabelos puxados para o ruivo, e olhos muito verdes. Mas não conseguia ter uma imagem nítida em sua mente quando piscava seus próprios olhos, tentando lembrar-se do rosto do outro.

— Você não é Jack Frost? — Ficou um pouco envergonhado por ser reconhecido, mas sorriu. Não era uma coisa fora do comum, na verdade. Quem mais teria cabelos platinados? Mas a máscara e as lentes disfarçavam um pouco sua aparência. — Jurava que tinha olhos azuis. E sua apresentação foi incrível. — Sorriu de novo, sentindo-se ainda mais constrangido. Como será que era reconhecer alguém por seu rosto?

— Sinto muito, preciso ir. — Ele não encarou muito o outro nos olhos, sabendo que aquilo seria encarado como falta de educação. Mas o outro pareceu entender, esticando a mão para cumprimentá-lo.

— Foi um prazer conhecê-lo. — Aquele sorriso sua mente gravou e, mesmo que não pudesse lembrar-se do rosto inteiro, ele não iria se esquecer daquele detalhe.

...

— O que você está falando? — Hiccup segurou o suspiro, tentando manter-se concentrado em não queimar sua comida e falar com a amiga pelo telefone.

Ela insistia em ligá-lo quase sempre, querendo saber de qualquer detalhe do seu dia. Era pior que sua mãe. As duas deveriam ter algum tipo de trato de qubrar sua privacidade e invadir seu espaço pessoal.

— É o que eu te disse. Esbarrei em Jack Frost e na vida real ele é bem tímido. — Ela soltou aquele som descrente que muitas vezes o irritava.

— Como você era? — Sorriu ironicamente, mesmo que a amiga não pudesse ver e se negou a respondê-la. Experimentou um pouco do molho para sua massa e sentiu os lábios arderem.

— Droga, vou desligar, Astrid. Me queimei aqui. — Ele ouviu a amiga responder um "tá" e mais alguma coisa que não prestou atenção e desligou. Botou a mão embaixo da água e levou aos lábios, aliviando a dor.

Então suspirou, desligando o fogão e misturando a massa, botando-a no fôrno. Botou um casaco para se proteger do frio e saiu, sentindo o vento gelado contra seus cabelos.

...

— Jack, vá para casa. — Ele suspirou. A amiga no telefone parecia preocupada. Não era para tanto. Era só mais uma noite fria entre tantas, e ele não ia demorar-se muito na praça.

— Irei. — Ele subiu em um banco e retirou as luvas. — Logo, prometo. — Logo que ele acabasse de divertir aquelas poucas crianças que se encontravam ali. — Tchau, Tooth. — E nem deixou-a terminar. Sua amiga substituía sua mãe naquela cidade.

...

Hiccup passou pela praça para cortar o caminho. Só não esperou encontrar o garoto daquela manhã brincando de mágica com as poucas pessoas que se atreviam a sair naquele frio. E ele fez uma coisa única. Bateu em seu casaco com desenhos de pequenos gelo e dele fez saltar flocos de neve que derretiam quando as crianças tentavam pegá-los.

E então ele se despediu com um sorriso no rosto, as crianças pedindo por mais. Os pais tentavam acalmá-las enquanto ele vinha em sua direção, o rosto voltado para o chão e um sorriso calmo no rosto.

Ele cumprimentou o outro e viu a expressão surpresa em seu rosto. Um franzir de cenho e um suspiro triste.

— Desculpe, eu não te conheço. — Hic não esperava por isso. Ele fora o cara que derrubara o outro naquela manhã, como poderia já ter sido esquecido. — Eu... eu...

— Hiccup Haddock, te derrubei esta manhã. — Jack segurou a risada com seu nome e apertou sua mão, finalmente encarando seu rosto. Quebrara o gelo entre eles e a vergonha do outro, pelo menos.

Jack reconheceu o tom leve de ruivo e os olhos verdes, mas não via aquele sorriso que marcara o outro naquela manhã.

— Jackson Overland.

...

Hiccup nunca fizera isso, mas ali estava o outro, um completo estranho em sua casa, comendo consigo em um jantar amigável. E estava se divertindo com tudo isso. Mas agora tinha uma expressão surpresa no rosto e um sentimento estranho dentro de si.

— Espera, está dizendo que você não reconhece as pessoas? — Jack encarou seu prato, brincando com a comida. Da leveza de assuntos foram parar naquele clima estranho.

— Não é que eu não as reconheça. Eu não lembro faces. Nem da minha própria. É uma doença chamada Prosopagnosia. Por isso não te reconheci. — Era estranho. Hiccup só conseguia imaginar que era como se as pessoas não tivessem rostos, como o Slenderman. — Eu acabo reconhecendo as pessoas pelo cabelo, olhos e principalmente pela voz.

— Por isso você é tão tímido. — O outro assentiu, envergonhado.

— É vergonhoso passar por alguém na rua e não reconhecê-la. Por isso ando sempre de forma distraída. Assim tenho uma desculpa. E tenho um pequeno círculo social, também. Para não ter que guardar muitas coisas e acabar enlouquecendo. — Ele parecia tão pequeno. Hic sentou-se ao seu lado.

— É uma comparação estúpida, mas é tipo como se você fosse cego de faces. — Levou as mãos de Jack ao seu rosto e o outro riu, mas acabou decorando os traços do outro através do toque.

— É uma comparação idiota. — Suas mãos permaneceram no rosto do outro e ele sentiu-se estranhamente quente. Um segundo depois estavam se beijando. Levantou-se abruptamente e se afastou, pegando suas coisas rapidamente. — Desculpe, tenho que ir.

Os dois ficaram presos na surpresa que somente aquele único beijo causou em ambos.

...

Hiccup esperou que o show de Jack acabasse. Ele ainda esperava, no frio da noite, quando a porta lateral abriu-se, revelando um garoto encasacado que queria sumir entre as pessoas.

Se eu abrir meu coração pra você, eu realmente espero que me mostre o que fazer depois. — Deixou que o outro assimilasse sua voz e então viu a expressão surpresa dele. Pegou suas mãos e levou-as a seu rosto, tendo uma desculpa para tocá-lo.

Você é mesmo real? — Eles se sentiam quentes. Jack reconheceu aquele sorriso e não pôde deixar de sorrir junto com o outro.

— Podemos descobrir juntos. — Beijou Jack novamente, dessa vez impedindo que ele se afastasse.

...

Toda vez que se encontravam, Hic, antes de qualquer coisa, beijava o namorado. Ele sorria entre o beijo e passava os braços ao redor do outro. Agora encontravam-se deitados na cama de Jack, embaixo das cobertas, enquanto assistiam Para Sempre, em que o marido tentava reconquistar a esposa que perdera a memória desde que os dois estavam juntos.

— Jack, como você me reconhece? — O garoto, nem tão garoto assim, deitado em seu peito somente riu, ajeitando-se mais contra seu corpo.

— Quem mais me beijaria ao me encontrar? — Era uma verdade. E Hiccup realmente esperava que ninguém mais fizesse isso. — Mas não é só isso. É a forma como você beija. E o seu cheiro. E tem seus olhos verdes, que são únicos e os cabelos desgrenhados e ruivos. Pelo toque, eu sei que tem uma cicatriz no queixo, que sua mãe fez em você sem querer quando era mais novo, e lábios finos. Um nariz gordinho, também. — Jack apertou o nariz de Hiccup e voltou a deitar-se. — E sua voz. Principalmente sua voz.

Ficaram em silêncio, somente curtindo a presença de ambos e o filme clichê com sorrisos idiotas e apaixonados no rosto.

Hiccup sabia o que Valka sentia quando estava com seu pai e ele faria de tudo para não acabar como eles, agora que o amor estava de volta em sua vida.


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Notas finais do capítulo

Yeah. Interessados na Prosopagnosia?
Titia Super Interessante pra vocês: http://super.abril.com.br/saude/prosopagnosia-eu-te-conheco-447889.shtml?utm_source=redesabril_jovem&utm_medium=facebook&utm_campaign=redesabril_super

Admito que não sei se é dessa forma que a doença funciona.Fanfics não precisam seguir a realidade, mesmo u.u além disso, ficou fofa e é isso que importa.
Fofura é a alma do clichê e de clichê eu entendo :P
Beijos, até amanhã.



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