Vivendo uma canção escrita por Dessa_Soliman


Capítulo 20
I will always want you


Notas iniciais do capítulo

Cara, eu me negava a por o título de Wrecking Ball. Tipo, super nada a ver com a fic.
Enfim, baseado na música Wrecking Ball da Miley Cyrus.



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Jack lembrava-se a primeira vez que fora para Berk. Como não se lembrar? Era o completo oposto de sua vila. Eles eram guerreiros naturais, enormes, com grandes armas e não dedicavam-se a agricultura, como seu vilarejo. Eles eram matadores de dragões. Eles realmente tinham dragões.

Jack pulava de um pé para o outro com tamanha emoção. E eles nem mesmo tinham chegado no porto de Berk, e já podiam ver o fogo e ouvir as batalhas. Ao contrário dos outros poucos, que encontravam-se temerosos, o garoto não via a hora de conhecer um... dragão.

— Jack, pare de pular, vai cair dentro da água. — Sua mãe o advertiu e viu-se obrigado a afastar-se da amurada. Ele não podia mais ouvir os berros mesmo, só podia ver o fogo aproximar-se rapidamente.

E logo estavam no porto.

Jack estava maravilhado com toda aquela destruição, mas ele podia ver que seus pais estavam preocupados. Eram de uma vila pacata, em negócios. Mas ele estava adorando tudo aquilo.

...

Hiccup decidiu esconder-se na floresta. O pai parecia mais preocupado com os visitantes que com ele. Dessa forma, podia caçar o Fúria da Noite que pegara na noite anterior. Ninguém de sua vila acreditara nele, como sempre. Mas ele podia provar.

Ele só tinha que matar o dragão.

Estava quase desistindo quando viu rastros. Aproximou-se, cautelosamente, sua faca em mãos, quando viu-o pela primeira vez. Era o dragão mais majestoso que já vira. Suas escamas negras praticamente brilhavam e seus olhos verdes tinham tanta ferocidade e tanto medo que ele conseguiu identificar-se.

E ele não conseguiu matar o dragão.

Ele soltou-o, vendo-o se afastar. Pulou para longe e foi acolhido por braços. Aquilo foi mais assustador que olhar o Fúria da Noite logo a sua frente.

— Ei, você não é o filho do chefe? — Ele prendeu a respiração e pensou que fosse morrer.

...

Com calma, ambos tornaram-se amigos. E se tornaram amigos de Banguela, como Hiccup chamou. O dragão não pudera voar como antigamente, por causa de seu rabo, que fora danificado na queda. Como sentia-se culpado, o Viking tratou de desenvolver algo que ajudasse o outro.

E ele conseguiu.

Sempre na companhia de Jack.

O aldeão era seu único e melhor amigo. Ambos, apesar das óbvias diferenças, davam-se extremamente bem. O mais velho gostava de brincar e era completamente irresponsável, enquanto o menor calculava qualquer movimento e estava constantemente atrás de aceitação.

— Hiccup, estão voando. — Jack pulava no chão enquanto o Viking e Banguela tentavam manter-se no ar. O garoto olhava para baixo e via a alegria e a emoção transbordarem do amigo.

Ele tinha se apaixonado terrivelmente pelo convidado de honra de seu pai.

...

— Suba. — Hiccup deu espaço para que Jack se sentasse logo atrá de si. O mais velho, de cabelos chocolates e macios e os olhos castanhos mais divertidos que o Viking já vira, levantou as mãos, afastando-se rapidamente.

— Não sei se é uma boa ideia, Hic. — Revirou os olhos, descendo do dragão e puxando o outro pela mão.

— Suba logo, Banquela está ficando impaciente. — E para comprovar sua teoria, o dragão meio que se encolheu no chão, ameaçando pular a qualquer instante, enquanto sua cauda agitava-se terrivelmente. — Se não subir por bem, vou fazer Banguela te pegar com as patas.

Jack imediatamente pulou sobre o dragão, e segundos seguintes estavam no ar. Ele grudou-se na cintura de Hiccup, e manteve os olhos bem abertos, encarando tudo ao redor com um encanto terrível.

E ele não podia ver o sorriso de Hiccup, nem suas bochechas vermelhas. Mas ele mantinha um forte aperto e sentia o aroma nos cabelos de Hic. Era salgado, e tinha algo de peixe, e lembrava-lhe tanto o mar que ele sentia-se seguro.

No final, manteve sua cabeça sobre a do mais novo, deixando o aperto em sua cintura tão estreito que Hiccup era obrigado a ficar apoiado em seu peito. O outro não reclamava, porém. Ambos gostavam daquela proximidade.

...

— Não vou voltar. Eu gosto de Berk. ­— Certo, tudo demorou mais do que o esperado. Por causa de uma viagem de Stóico, tiveram que ficar mais tempo na vila do que previram anteriormente. Mas Jack gostava. O garoto amava ficar na companhia de Hiccup, e adorara mais ainda acompanhar a evolução do relacionamento do Viking com um dragão.

Hic era um revolucionário. Ele fora o primeiro Viking a quebrar as regras e se relacionar amigavelmente com um dragão. Um dragão. Que Jack fora com a ideia convicta que eram seres terríveis e destruidores. E logo um Fúria da Noite, o pior entre todos os dragões, o mais temível e ameaçador de todos, mostrava-lhes justamente ao contrário.

Ele só queria atenção.

Como Jack.

Jack entendia a situação dos dragões e também a de Hiccup. Apesar de ser adorado por muitos, o aldeão sentira-se perdido e sozinho por muito tempo. Ele chamava atenção através de suas brincadeiras, e gostava de levar alegria aos outros, principalmente as crianças, mas fora somente com o Viking que descobrira o que era ter alguém realmente.

O Viking quebrara suas defesas e se infiltrara dentro dele de uma forma que nunca tinha imaginado acontecer.

— Jack, está tudo resolvido. É hora de voltarmos. — Seu pai ainda o tratava como criança. Ele tinha quase dezessete. Quase dezessete. Ele tinha o direito de decidir algo, ao menos uma vez na vida.

— Eu não vou voltar. — E dito isso ele saiu da cabana onde estavam alojados, e correu. Ignorando seus pais e os outros que tentavam pará-lo. Ele precisava falar com Hiccup, o mais rápido possível.

...

— Pensei que estaria aqui. — Hiccup abaixou-se, ficando a sua altura. Ele tinha chorado, mas não queria que o outro soubesse disso. — Seus pais estão preocupados. Meu pai liderou um exército atrás de você. — Jack sorriu, mesmo que o Viking pudesse reparar que não era completo.

— Eu não quero voltar, Hic. Você é o único que me entende. — Viu as bochechas do mais novo coradas e ficou encantado, como sempre, com aquela visão. Os verdes do outro pareciam ainda mais belos naquele dia frio em especifico.

— Você deve, Jack. Por seus pais. E por sua irmãzinha. Não sente falta dela? ­— Acenou positivamente. Realmente sentia falta da irmã menor. — Vem, você decide o que vamos fazer hoje, Jack. — O moreno levantou-se, com um sorriso enorme e de dentes tortos. Estendeu a mão e ajudou o mais velho a levantar-se, já vendo o sorriso enorme dele.

— Vamos ao lago.

...

Hiccup tinha um péssimo sentimento. Jack possuía uma espécie de calçado com lâminas embaixo, coisa que o viking nunca vira antes. E ele patinava elegantemente no lago congelado, o que fez o mais novo tremer.

— Jack, eu não consigo.

— Deixa disso, Hic. Me dê sua mão. — Jack aproximou-se do viking, pegando ambas as mãos do menor. Em pouco tempo eles conseguiram equilibrar-se e patinavam, ainda de mãos dadas. E riam, escandalosamente.

Jack parou, e ficou encantado, novamente, com o sorriso enorme de Hiccup, os olhos verdes tão chamativos. Ele não soube quando, mas logo se beijavam.

Separaram-se rapidamente ao ouvirem os estalos de algo abaixo deles. Jack viu o gelo rachar e, antes mesmo de Hiccup poder assimilar o que acontecera, jogou o outro com força para trás, afastando-o o máximo possível do gelo quebradiço do local. O Viking só pôde ver o corpo do amado cair na água gelada. Berrou seu nome, com todas as forças que tinha, e dentro de alguns minutos seu dragão estava nas proximidades, assim como diversas pessoas de sua vila.

Banguela pulou na água gelada e puxou o corpo de Jack para fora. Ainda conseguiu convencer o povo a ajudá-lo com o dragão, alegando que ele salvara o convidado de honra da aldeia.

Mas era tarde demais.

Jack morrera. Congelado.

...

Hiccup gostava de tirar um tempo para sentar-se próximo ao lago, que agora já descongelara, mas que continuava gelado. Ele sentia-se bem, ao mesmo tempo que uma saudade absurda dominava-o. Jack conseguiu quebrá-lo em questão de segundos, mas ao mesmo tempo não conseguia pensar em como teria sido sem aquele beijo.

Era como ainda ter a sensação dos lábios do mais velho contra os seus.

Ele sempre iria querer Jack. Sempre. Graças a Jack, de uma forma inconsciente, ele conseguiu mostrar e provar suas teorias sobre os dragões. Ainda teve que enfrentar aquele dragão enorme, que tirara metade de sua perna, mas isso não era nada se comparado a morte prematura do mais velho.

Tudo aconteceu tão rápido que ele nem teve tempo para entrar no luto devido.

Mas ele era feliz, apesar de tudo. A aldeia o amava agora e ele era como um herói. Vikings e dragões, vivendo juntos, como ele e Jack conversaram diversas vezes em companhia de Banguela.

— Eu te amo, Jack. — Levantou-se, assobiando para Banguela o acompanhar. Cinco anos desde que o outro morrera, e mudanças radicais ocorreram, mas seu sentimento ainda era o mesmo.

Do outro lado do lago, ele não podia ver um menino de cabelos brancos e olhos azuis, com um sorriso tranquilo nos lábios, apoiado em um cajado de madeira. Parecia tão despreocupado que quase se misturava a paisagem que deixava de ser o inverno e dava lugar a próxima estação.

— Obrigado, Hic. Também te amo. — Um vento gelado passou por Hiccup, fazendo-o estremecer ao mesmo tempo que sorria novamente.

Jack sentiu a brisa suave chamá-lo. E ele seguiu-a, prestes a levar a neve para outro lugar e brincar com outras crianças, criar outras confusões.

Ele era o espírito do inverno. Ele era a alegria. E ele amava Hiccup Haddock de uma forma pura, como sabia que demoraria para amar um outro alguém.


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Notas finais do capítulo

Foi complicadíssimo escrever esse cap, então apreciem-no. Não que a música seja ruim, ela é legalzinha, mas alguém, por favor, avisa essa menina que ela não é sexy e que esse vídeo me brochou completamente? Eu fiquei em uma terrível crise só de pensar nela lambendo aquele martelo, ou tentando ser erótica deitada em meio a destroços, e melhor ainda, sentada em uma bola. Mesmo, por favor, que eu nunca mais tenha que ver isso da minha vida, ou é ai que não terei vida sexual nenhuma.
Ignorem meu mal humor.
Até amanhã, porque ainda é 23:50 u.u



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