Vivendo uma canção escrita por Dessa_Soliman


Capítulo 17
Pra Ser Sincero


Notas iniciais do capítulo

Eu amo Engenheiros, mesmo. Mas ouvi tanto esse música antigamente que me saturei dela. Minha preferida é e sempre será Dom Quixote *-*
Baseado na música Pra Ser Sincero, Engenheiros do Hawaii.
17/09/2014



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— Ei. — Havia uma época que Jack nunca esperaria cumprimentar Hiccup com um aperto de mãos. Foi uma época em que eles tinham uma amizade muito mais íntima, quando abraçavam-se ou davam tapinhas nas costas.

Tudo isso mudou depois do acidente e quando o moreno saiu da cidade com a família, cuja qual ele nunca ficou sabendo onde era e onde estavam.

Agora ali estavam eles, se encontrando no além, em frente a uma lancheria qualquer. Ele nem mesmo tinha conhecimento de que o outro voltara para a cidade, e não era uma cidade muito grande.

— Jack, quanto tempo. — Mas o outro ainda tinha um sorriso incrível. Ele estava maior, também. Deixara de ser a criança desajeitada de sempre e o garoto não pode deixar de olhar bem para o corpo da criança que agora era um homem. — Desde quando você é tão radical? — Hiccup ameaçou puxar uma mecha de seu cabelo, descolorido há poucos meses, e ele esquivou-se elegantemente, evitando contato.

— Não faz muito. — Sorriu meio envergonhado, passando a mão esquerda no cabelo, a direita ainda segurando uma pasta comprida. Hiccup pareceu não saber o que dizer. — Como você tem passado? — Jack não pode deixar de pensar no acidente, aquele que comera metade da perna esquerda do outro. E engoliu em seco, sabendo que por baixo da calça existia uma perna falsa.

E ele sentia-se culpado.

— Bem, está tudo legal. — Eles ficaram novamente em um silêncio, porém curto, desconfortável. — Mamãe e papai decidiram voltar para a cidade agora que se aposentaram. — Ele deu de ombros, como se o fato não importasse muito.

Mas Jack lia no olhar dele a dor de se reencontrarem. Ouviu alguém chamar seu nome e olhou para trás, vendo Bunny acenar para ele. Sorriu levemente, pedindo, com um sinal de mão, que ele esperasse um segundo.

— Espero que esteja tudo bem... Sabe, entre nós. — Ele esticou a mão, como que para selar um acordo. Eles podiam tentar, ao menos tentar.

— É, ok. — Hiccup apertou a mão. Fortemente.

Sua vontade era de dizer que sentia falta do amigo. Do seu melhor amigo.

E ficou ainda uns segundos encarando Jack se afastar e deixar que o outro garoto, que o esperava, o abraçasse pelo ombro, beijando-lhe a testa. Abriu a porta da lancheria e entrou, a mente ainda pensando na cena dos dois juntos.

...

— Ei, qual a pressa? — Bunny não estava conseguindo entender Jack nos últimos dias. Desde que o amigo de infância voltara que ele ficava agitado, tentando pensar em diversas maneiras de se encontrar com o moreno de forma natural, ao mesmo tempo que ficava com receio de fazê-lo sempre que tinham oportunidade.

— Desculpe. — Se aproximou do namorado e beijou os lábios dele com pressa, ao mesmo tempo em que tentava fechar os botões de sua camisa. Pegou o moletom esquecido no chão e botou-o rapidamente, deixando o capuz sobre sua cabeça mesmo. — Hic e eu marcamos de sair, como antigamente. — Jack sentou-se na cama, pegando seus calçados e botando-os com pressa. O outro sentiu-se traído com aquela frase, e somente jogou-se na cama, respirando fundo.

— Ok, vai lá. — Ele, ainda assim, não queria deixar transparecer o que sentia, e optou pela espera. Logo saberia se aquilo tudo estava bem ou se havia um eminente término. Antes mesmo de o outro voltar, ele sentia que Jack nunca estava cem por cento com ele.

Ele sempre sofria muito pelo que acontecera ao amigo de infância e primeira paixão. Porque sim, Bunny sabia da antiga paixão de seu namorado pelo Haddock.

— Nos vemos à noite? — Bunny sorriu com a pergunta, assentindo. Ele deixou Jack beijar seus lábios e viu-o saindo pela porta. Suspirou novamente, encarando o teto. Ele só podia esperar.

...

— Não, definitivamente não. — Jack não podia deixar de dar risada com aquela situação. Ambos estavam sentados na velha cabana que encontraram ainda quando eram crianças. Ela parecia mais velha ainda, mas possuía os móveis de antigamente. Bebiam algumas cervejas enquanto encaravam o céu cheio de nuvens daquela tarde amena. Não era quente, mas o sol batia constantemente o que dava a sensação de menos frio, apesar do vento sempre constante.

— Estou falando sério. Fomos para Berk, o fim do mundo virando a esquina. Eu demorei meses para me acostumar com a perna por causa de todo aquele gelo. Constantemente caía de bunda por ser escorregadio. — E Jack continuou a rir, mesmo o assunto sendo levemente delicado. Ele gostava de ver como o amigo tratava aquilo com tanta naturalidade. O silêncio alastrou-se por vários segundos, mas ambos ainda tinham um sorriso no rosto.

— Eu senti sua falta. Sabe, logo depois de tudo. — Jack não pode deixar de comentar. Ele sentia que aquele momento era ideal para desabafarem sobre o passado. Não sabia se haveria outro, tinha de aproveitar o agora.

— Desculpe. Você deve ter sofrido também. — Hic encarava-o. Intensamente. Como ele sempre fora, mas dessa vez sem a timidez da infância. Jack não pode deixar de ficar preso naqueles olhos tão verdes. — Também senti sua falta, Jack.

E foi assim, com um “também senti sua falta, Jack”, e logo os dois estavam beijando-se alucinadamente, como se não beijassem ninguém há eras. Hiccup logo se encontrava entre as pernas de Jack, forçando-o para baixo enquanto ainda se beijavam. No meio do nada, em uma cabana abandonada e cheios das lembranças da infância.

E aquilo era putamente excitante a ponto de Jack gemer, descaradamente, somente com os apertos de Hiccup e a língua dele em sua boca. Ou a língua dele em seu pescoço. Aquilo também o fazia gemer de forma não controlada.

Então Hiccup já pegava-o no colo e entrava na cabana, fechando a porta. Tudo acontecia de modo rápido. Fora apoiado contra a mesa frágil e sentiu ela pender levemente com seu peso. Deram risadas juntos enquanto ainda se beijavam, correndo as mãos por seus corpos.

Hiccup já tirara a parte de cima de suas roupas e logo retirava as de Jack quando a mesa cedeu sob o peso de ambos e quebrou. Não puderam conter a risada e agora, com mais calma, continuaram o que tinham começado sobre o plaino da madeira.

Com calma, de uma forma que ambos matassem a saudades.

E então Jack abandonava um Hiccup dorminhoco com um aperto no peito e um sorriso idiota no rosto.

...

Era difícil encarar Bunny. Ele gostava do outro, realmente, mas de uma forma que nunca permitiu entregar-se. Era um gostar amigável, mais entre irmãos que entre namorados.

E isso era tão feio. Mas ele tentou, como prometera no início da relação. Ele tentou realmente aquilo, gostar de Bunny. Ter uma relação legal com ele. Mas agora falhara.

E ele não pensou que seria tão rápido. Foi um “Jack, vamos sair?” e ele sabia que já não conseguiria mais ficar com o atual namorado. Era sujo, nesse sentido. Podia simplesmente ter tentado mais um pouco, mas ainda tinha aquele sentimento forte pelo amigo de infância.

— Desculpe, Bunny. — O outro parecia até tranquilo com aquela situação. Estava em pé, a sua frente, os braços cruzados, mas a expressão não perdera a habitual preocupação. Ouviu um suspiro e logo a cama cedeu ao seu lado.

— Está tudo bem. Pensei que isso fosse acontecer, mais cedo ou mais tarde. Você sempre estava com ele, Jack. Não seria feliz comigo se não botasse os pingos nos i’s. — Jack sorriu para o ditado idiota, e encarou o amigo que ainda sorria. Não pode deixar de abraçá-lo, chorando em seu ombro.

— E o que vai ser agora, Bunny? — Ele ainda chorava enquanto sentia o abraço quente do ex-namorado.

— Você vai continuar, como sempre.

...

Batiam em sua porta no meio da madrugada. Meio, da, madrugada. Quem diabos era imbecil a ponto de fazer isso?

Ainda meio grogue levantou-se, coçando os olhos e tateando o corredor atrás das luzes.

— Já vai, já vai. — Ele ainda estava meio cansado de tanto chorar. Mesmo depois que Bunny fora embora, continuou chorando pela maldita confusão. Abriu a porta e logo tentou fechá-la, não conseguindo. — Você não era tão forte antigamente. — Cruzou os braços, levemente irritado, ainda encarando a figura a sua frente.

— Desculpe decepcioná-lo. — Deu passagem a Hiccup, revirando os olhos enquanto via-o entrar. — Você podia ter me esperado. — Sentiu um arrepio, como se aquilo fosse uma espécie de sermão.

— Tinha que resolver umas coisas. — Hic vasculhava sua minúscula sala com curiosidade. Como ele descobrira onde morava, não tinha certeza. Talvez tivesse procurado Fada, ou até mesmo Norte. O velho com certeza ia ficar feliz em falar ao garoto de ouro onde a ovelha negra se escondia.

Aquilo quase o fez sorrir.

— Ajeitar as coisas com o namorado? — Ele viu que Hic encarava uma foto dele com Bunny. Ainda não tivera tempo para reformular sua decoração. Sentiu um pouco de raiva com aquela forma de falar, meio possessiva.

— É, talvez. — Botou a chaleira no fogão e esperou que a água esquentasse, já sentindo dor de cabeça. Viu Hic deixar o porta retrato de lado e logo ele se aproximava.

— Desculpe, talvez seja melhor eu ir. — E ele viu a mágoa no rosto do outro. Segurou suas mãos por puro impulso e sentiu Hic acariciar seus pulsos depois de um tempo em que o silêncio reinou entre eles, cada um esperando as palavras do outro.

— Está tarde. Pode ficar aqui, se quiser. — Ele nunca pensou que seria ele a pessoa que se envergonharia de algo. Hic sorriu, brilhantemente, aproximando-se o suficiente para beijá-lo.

A água foi desligada e os dois se aqueceram entre as cobertas. Muitas noites seguidas depois daquela


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Notas finais do capítulo

Enfim, como eu já tinha ambos prontos, atualizei de uma vez, recuperando o tempo do desafio. Espero que tenham gostado. Eu adorei escrever esse cap, baseado nessa música. Saiu de forma super natural.
Até amanhã :D



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