Vivendo uma canção escrita por Dessa_Soliman


Capítulo 13
Só Hoje - Parte Final


Notas iniciais do capítulo

Décimo terceiro dia de desafio. Só hoje, Jota Quest. Eu amo essa música e cantei ela o dia inteiro, mas, mesmo que eu já soubesse o que devia escrever, ainda assim foi difícil deixar as ideias fluírem plenamente.
13/09/2014



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Jack não sabia mesmo como devia reagir. Hic andava tão distante desde aquele jantar, que ele tinha medo que aquilo significasse o fim. Ele sempre deixara claro que Astrid era somente uma amiga, que o casamento era de fachada por causa de seu pai e sua empresa, mas e se... Ele preferia não pensar no se.

Na verdade, ele tinha medo. Se alguém desconfiasse de algo, como ele imaginava que todos desconfiavam, Hic podia estar em maus lençóis. Ele admitia, fora loucura. Uma loucura maravilhosa, mas que estragara os quase dois anos de discrição. Maldito Hiccup e seus hormônios a flor da pele. Ele era o que, um adolescente? Nem Jack tinha tanto fogo.

Ele respirou fundo várias vezes antes de entrar na cafeteria. O encontro fora marcado há três dias. Hic dera uma desculpa qualquer por não estar conseguindo tempo para o amante. Pelo panteão de deuses nórdicos que seu amante tanto gostava, ele estava com medo. Um maldito medo de perder a pessoa que mais amava.

Mas a mensagem “que tal um café na quinta de manhã?” fora o suficiente para derretê-lo e deixar, levemente, o medo de lado. Até aquele momento, enquanto caminhava pela cafeteria habitual dos dois.

O estilista realmente não se importava de ser para sempre o amante, se isso significasse ter Hiccup. Pegou uma mesa mais afastada das poucas pessoas, próxima a janela, e retirou um livro de sua bolsa, mesmo que soubesse que não prestaria a mínima atenção no que estava lendo.

Ele só queria ver Hiccup. Queria ter o sorriso, as palavras doces, até mesmo o péssimo humor do amante depois de um dia frustrado de trabalho. Só queria se encontrar com ele e continuar com a vida pacata que eles criaram. Nada mais. Era pedir muito?

Talvez fosse.

Talvez, Jack pensou, ele devia terminar com aquilo. Assim sofreria menos, certo? Teria sido ele que se cansara de ser somente o amante, de não ter Hic cem por cento na relação.

Ele suspirou, olhando para a mesma parte do livro.

Quem ele queria enganar? Hiccup era o que mais se esforçava naquele relacionamento. Não era porque Jack era seu amante que o outro não se dedicava plenamente a ele.

Uma moça chamou sua atenção, a atendente de sempre, deixando o menu a sua frente. Ele não demorou muito a pedir um cappuccino e um croissant meio chocolate preto/branco. Precisava de doces como nunca precisara antes.

Não era momento para chorar e nem para pensar besteira. Talvez Hic só estivesse mesmo preso com seus trabalhos.

...

— Ele pediu um cappuccino, certo? — Hic sabia que o agora platinado, era essa a palavra para aquele tipo de cabelo?, estava ansioso, nervoso, pessimista. Ele conhecia bem demais o amante para não reconhecer os sintomas. Certo, fora levemente filho da puta ao afastar-se daquela forma súbita, mas era pelos dois.

Ele chegava mesmo a sorrir.

— Sim. E um croissant, também.

— Poderia fazer um coração no glace? E deixar-me levar para ele? — Ela sorriu, assentindo. A cafeteria era especializada naqueles desenhos. Não era algo anormal, no ambiente, casais de amantes pedirem aquelas coisas. Hic agradeceu e esperou.

Ele encarava Jack. O estilista nem mesmo conseguia concentrar-se na leitura, hora e outra olhando pela janela, apoiando a cabeça na mão e pensando alguma besteira. Hiccup podia até mesmo imaginar o tipo de porcaria que ele pensava. Algo como terminar ou ser trocado, com certeza.

A moça chamou sua atenção e lhe entregou o prato com o croissant e o cappuccino. Hiccup levou-os com um sorriso no rosto, deixando-os em frente a Jack. Ele gostara daquela nova cor de cabelo. Quando ele pintara, não saberia dizer. Fez quase duas semanas que não o via, e que definitivamente sentira tanta falta que quase morrera.

Várias vezes pensou em pular no apartamento do amante só para matar a saudades.

Jack levantou os olhos e Hic não lhe deu chance para assimilá-lo, deixou um selinho em seus lábios e sentou-se a sua frente, vendo-o encarar a xícara e depois voltar o olhar pra ele, sorrindo levemente. Os olhos marejados.

— Gostei. Combina com você. — Ele se esticou, puxando uma mecha branca dos cabelos do garoto, sorrindo para ele. Era a primeira vez que o via de forma tão radical e, apesar de novo, gostara. Fada, ao contrário de Jack, vivia com cabelos coloridos que acentuavam a infantilidade da moça. Devia ser coisa de estilista.

— Obrigado. — Sorriu calmamente, botando a mão esquerda no cabelo. Ele se esqueceu, por alguns segundos, que estava com medo. O sorriso de Hic era tão relaxado que ele sentiu novamente seu peito se afundar naquele amor todo que sentia por ele.

Ele queria dizer tanta coisa e tinha tanto medo. Encarou o cappuccino com um coração desenhado e sentiu pena de tomá-lo. Era tão bonito que se tornava quase impossível fazê-lo. A atendente, já conhecida dos dois, levou o café preto de Hic e deixou a frente do moreno, piscando para ele. Aquilo deixou Jack intrigado, lembrando-lhe de seus medos. E o infundado ciúmes.

— Desculpe pelas últimas semanas, Jack. ­— Jack assentiu, sentindo que essa era a oportunidade de falar. Ele fez um bico, que Hiccup achava adorável, e então umedeceu os lábios com a ponta da língua.

— Senti sua falta. — Não era bem isso que ele gostaria de dizer, mas foi o que saiu. E era sincero, apesar de tudo. Hic sorriu, estendendo a mão e botando-a por cima das de Jack, que ainda segurava a xícara quente, roubando o calor do cappuccino. — Senti realmente sua falta, Hic. — Ele sentiu o carinho de seu amante em sua mão, mas não o encarou. — Eu, hãn... — Ele parou, e sorriu daquela forma que Hiccup sabia reconhecer como falsa. — Estou feliz por estar aqui hoje. — Não era só isso, mas, por enquanto, Jack estava bem com aquilo.

Hic estava ali, tomando café com ele, dedicado como sempre, e isso significava que estava tudo bem. Sorrisos, bebidas quentes, palavras e carinhos trocados. Por enquanto ele se contentaria com esse pouco.

O mais velho suspirou, claramente frustrado. Ele saiu de sua cadeira e puxou-a para o lado de Jack, forçando-o a olhá-lo. Ele tinha um maldito hábito de não dizer o que realmente gostaria, relevando seus próprios sentimentos por ele. Sofrer sozinho.

Assinara o divórcio na tarde passada. Enfrentara o pai durante aquela semana. Ele encaminhara tudo para aquele momento. Ele não ia permitir que Jack ficasse se agonizando.

Ele não queria Jack somente como seu amante. Ele queria Jack inteiramente.

— Jack, o que você realmente quer? — O outro baixou a cabeça novamente, e dessa vez Hic não o forçou a encará-lo. Beijou-lhe a testa delicadamente, sentindo os braços do outro ao seu redor. — Porque eu quero mais, Jack. Eu quero apresentá-lo a sociedade como meu namorado, futuramente meu esposo. Quero ter uma casa nossa e quero poder andar de mãos dadas na rua com você. Quero beijá-lo todas as manhãs e chamá-lo de meu oficialmente. Quero-o mais que meu amante. Mas quero estar sempre com você, e voltar para nossa casa no final do dia. E com várias das nossas crianças. — O mais novo começou a chorar no meio do abraço, não sabendo se ficava feliz com aquelas palavras ou se sentia-se ainda mais machucado. Ele apertou os braços ao redor da cintura de Hic e continuou ali, tentando abafar seus soluços. — Será que você pode olhar pra mim, rapidamente. — Assentiu, secando os olhos antes de encará-lo, tentando não chorar muito. — Eu me mantive afastado nas últimas semanas para te fazer uma surpresa. Eu me separei de Astrid ontem, oficialmente. Alguns detalhes levaram mais tempo do que eu desejava. Como ela ficou com a casa, acho que vou ter que me mudar. Seu apartamento por enquanto, pode ser? — Jack estava surpreso, realmente surpreso. Hiccup não conseguiu segurar a risada com aquela expressão tão adorável no seu amado. Ele segurou novamente as mãos do mais novo, vendo-o assentir freneticamente, quase sem acreditar. Puxou uma pequena caixa de dentro do paletó e abriu-a, uma das mãos ainda segurando a do platinado. — Que tal namorarmos oficialmente?

Jack o abraçou, gritando um sim de forma aguda, não conseguindo segurar sua emoção. Hic segurou-o com força e riu junto com o mais novo. A aliança de compromisso foi posta logo em seguida e, no meio da cafeteria mesmo, beijaram-se, com algumas poucas pessoas os aplaudindo. Principalmente a atendente, que acompanhara o relacionamento dos dois há um tempo já. Visto que aquele ambiente era discreto para ambos.

E não pode conter as lágrimas com aquele final tão lindo entre os dois.

Oficialmente namorados. Primeiro café como namorados. Primeiro dia. Primeiro passo para uma vida juntos.


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Notas finais do capítulo

Yeah. Oficialmente terminado. Eu gostei, até.
Vou pensar o que fazer a seguir.
Meu Gêmeo disse que adorou o Hic seme/ativo dessa forma. Eu achei sexy. Porque me inspirei no Hiccup do segundo que, definitivamente, é o que fica por cima nessa relação.
E eu adorei escrever esse Jack fofinho e sentimental. Porque ele é naturalmente fofo, então eu achei que combinou com ele, apesar de ter nublado outras características. Mas em um universo alternativo tudo é válido, então está ok.
Ah, criei vergonha na cara e comecei a usar travessão. Obrigada, Anne :D
Então, sem mais delongas e não muito o que falar, até amanhã