Capítulo 9 - Você me fez sentir

By: Hinamori
Like a Virgin

Até que enfim eu consegui sair da minha turbulência de pensamentos. Solta e liberta depois de alguns meses sem vê-lo ou ouvi-lo. Sinto-me, curada.

Eu não sabia o quão perdida eu estava. Nem mesmo o quão longe do caminho eu andava. Eu estava vencida, enganada, totalmente exausta e deprimida comigo mesma; até você reaparecer para mim.

Pode ser irônico, já que você sempre esteve comigo desde que eu me lembro, mas — ainda sim — você ressurgiu para me salvar e me tirar daquele buraco.

Você me salvou, Shiro-chan. De tantas formas e maneiras que nem tenho como dizer com simples palavras. Me resgatou todas as vezes que precisei, e sei que o fará quantas vezes mais forem necessárias.

Meus medos vem sumindo gradualmente sempre que estou perto de você. Me sinto suave, leve. Tudo isso por simplesmente poder estar com você.

Sempre fomos opostos: você sério como o gelo, e eu atiçada como o fogo. Como opostos, nos alfinetávamos, brincávamos, tínhamos divergências de opiniões, mas no final era essa oposição que fortaleceu o que somos hoje.

Ontem, depois daquele beijo eu tive certeza absoluta que estava totalmente encantada por você, Shiro-chan. Aquele beijo, ainda que rápido, mexeu comido de um modo tão doce e quente que sinto meu coração palpitar forte somente com a lembrança e o gosto cálido de seus lábios.

Com isso você ajudou a derreter parte do que eu havia congelado. Engraçado, pois quem deveria ter o coração cálido seria você, mas o seu é tão quente quanto o sol de verão; tão quente quanto o por do sol que sempre víamos sentados na varanda. Você derreteu o que ainda estava cogelado pelo medo; medo da rejeição e falha.

Hoje eu sei, com todas as certezas, que quero somente estar ao seu lado. Sem preocupações, medos, incertezas. Só momentos entre nós, quentes e ao mesmo tempo frios — homogêneos — como aquele beijo; Um choque térmico.

Acabei deixando o dia todo passar, pensando o resto do dia e a noite toda no beijo e na surpresa. Pensando em como poderia chegar em você e dizer a mesma coisa que você demonstrou naquele momento.

Agora eu simplesmente estou aqui, em frente ao décimo esquadrão à alguns minutos pensando em como entrar e falar com ele. Talvez eu estivesse aguardando a hora de sua saída e o encontrasse em sua casa. Quer fosse isso, ou não, foi o que fiz.

Aproveitei a falta de movimentação e rumei para sua casa. Com o coração quase saindo pela garganta, forcei o passo até parar em frente à sua porta. Nervosa, consegui depois de minutos ensaiando mentalmente o que iria dizer, bati duas vezes e o chamei. Minha voz trêmula e nervosa.

Ele abriu com o olhar terno. O olhar que sempre fazia quando conversávamos.

— O que faz aqui, Hinamori? — perguntou-me casualmente. Nem mesmo pareceu envergonhado ou com lembranças de ontem.

Pensei em dar meia volta e deixar tudo por aquilo mesmo, mas não poderia. Não me perdoaria em não insistir nele; não insistir no amor que sinto pelo meu melhor amigo.

Abri o meu sorriso mais singelo enquanto entrava em sua casa.

— Então? Aconteceu algo? — agora com mais preocupação, insistia em me fazer perguntas. Somente neguei com a cabeça.

— Só... tenho de te dizer uma coisa. — falei por fim. Ele pareceu entender, já que somente acenou com a cabeça aguardando minha fala.

Esperei, inspirei e disse engolindo a vergonha que sentia, afinal, era o Shiro-chan.

— Eu te amo, Shiro-chan! — Saiu. Consegui dizer sem repetir sílabas ou desviar o olhar de seus olhos penetrantes e verdes.

Ele pareceu assustado. Naquele instante pensei que ele fosse dizer algo que me rejeitasse, mas o que ele fez foi corar de modo fofo e desviar por alguns segundos o olhar.

Acabei deixando um sorriso escapar. Estava envergonhada demais para dizer qualquer outra coisa, então somente fiquei ali, sorrindo abobada e torcendo para não desmaiar.

— Hinamori. — Voltei meu olhar para ele que estava monstruosamente perto: — Sua idiota. — disse somente isso antes de me beijar, dessa vez de forma mais longa.

Segurou minha cintura enquanto encerrava aquele beijo cálido e confortante:

— Também te amo, Momo.

A quantos anos eu queria ouvir ele me chamar pelo primeiro nome. Principalmente ouvindo dizer aquilo que mais me aquece:

Eu te amo!