Não consigo deixar de te amar. escrita por Natalie


Capítulo 3
Can't Remember To Forget You


Notas iniciais do capítulo

A maneira como ele me faz sentir, sim, tenho que me segurar
Eu nunca conheci alguém tão diferente
Oh, aqui vamos nós
Ele é uma parte de mim agora, ele é uma parte de mim
Então, onde você vai eu sigo.



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Quatro meses.

Se era possível decair mais, ele mesmo não sabia.

A cada hora que passava, ele tinha menos esperanças de ter Carol só para si novamente.

Ao se completarem quatro meses sem a amada, o homem olhava-se no espelho e não reconhecia seu próprio reflexo.

Cabelos descuidados e sujos, barba por fazer, corpo magro e rosto desolado. Seus olhos estavam por vezes inchados das lágrimas que lhe atormentavam.

Há um ano atrás, Daryl se encontrava exatamente o oposto do que estava hoje. O casamento com Carol mudara drasticamente sua vida, até... até começarem as brigas constantes.

Em toda sua vida, Daryl crescera em uma família desunida, cercada de problemas; seu pai, bêbado, agredia à mãe e os dois filhos, Daryl e Merle Dixon.

Com a morte da mãe, a situação na casa piorou drasticamente; Daryl apanhava constantemente todos os dias do pai, e quando não era o mesmo que chegava bêbado, era Merle.

Não havia romance, não havia amigos, não havia felicidade ou alegria em sua infância ou adolescência. Com toda essa situação, o homem aprendera a se fechar em seu próprio mundo interior, aprendendo a esconder suas emoções de todo o perigo ao redor, e isso o impossibilitou de viver experiências prazerosas em seu futuro.

Para conseguir finalmente dizer à Carol que a amava e que queria tê-la só para si, o homem enfrentou inúmeros conflitos emocionais. Ele estava confuso, e tinha medo de que ela lhe escapasse antes mesmo de poder se declarar.

Seu sucesso fora grandioso. Não havia homem mais feliz que Daryl Dixon, quando a doce Carol proferira a palavra ‘sim’.

Carol era a melhor pessoa que ele já conhecera, e seria a melhor, até seu último suspiro.

Com a separação, sua vida voltou ao que era antes: um verdadeiro vazio infinito.

A diferente personalidade de ambos raramente interferia no relacionamento;

Carol, com seu hobbie de leitura, a crescente sabedoria e a grande determinação; Daryl, com propostas a saídas noturnas, passeios, vídeo games, TV e muita baderna.

O velho ditado de ‘Os opostos se atraem’ se encaixava perfeitamente em seu noivado/casamento.

O verdadeiro motivo das brigas que sempre colocavam um muro de tensão invisível entre eles, eram o começo do vício de Daryl em apostas.

As economias do homem para melhorar a casa, foram gastas em apostas inúteis com Axel — seu companheiro do antigo emprego. Quase sempre os jogos não davam certo, e Daryl perdia todas as finanças.

Quando finalmente Carol achava que o homem sossegaria, Axel propunha a Daryl novas jogadas, influenciando-o a gastar mais dinheiro;

A mulher sempre lhe avisara sobre Axel; os constantes avisos que ela lhe lançava sobre o homem eram sábios, mas dificilmente o mesmo a ouvia.

Tudo terminou drasticamente quando Axel convencera a Daryl — desesperado por novas apostas — a gastar o dinheiro que Carol economizara para comprar o primeiro carro do casal. Para a moça, aquilo foi a gota d’água. Posteriormente, Carol lhe deixara a carta de despedida, e se fora.

...

Quatro meses.

Quatro meses sem Carol Dixon.

Daryl se recusava em aceitar que a doce Carol não era mais uma Dixon; ela seria sempre, não importava o que um papel insignificante com os dizeres ‘divorciados’ lhe dissesse. A lembrança de sua história de amor, permaneceria no coração do homem até o último instante de sua vida.

#

Carol acordara com a voz da secretaria principal, falando através da caixa de som dos corredores dos dormitórios.

Hoje haveriam atividades de lazer, e todos os universitários deveriam se encontrar no refeitório, para o show musical.

Todas as vozes estavam animadas; todos bebendo, brincando e relaxando.

A banda que contrataram para entreter os estudantes, era muito boa, mas a mulher não fazia muita questão de se enturmar com os demais.

Ao som de “Can't Remember To Forget You”, Carol não suportou as lembranças que a atacavam, e retornou ao seu quarto.

...

Deixei um bilhete na cabeceira da minha cama

Disse para não repetir os erros de ontem

O que eu costumo fazer quando se trata de você

Eu vejo apenas o bom, memória seletiva...

A música reverberava pelos ouvidos de Carol, trazendo-a lembranças de sua partida, e as lágrimas vieram com rapidez.

Pessoalmente, ela se achava uma tola sensível, por chorar quase todo o tempo, mas quem se importaria?

Se recompôs e decidiu ligar para sua mãe.

O telefone celular chamou cinco vezes antes de sua mãe atendê-lo.

— Mãe?

— Carol! — Ela disse com doçura.

Silêncio.

— Como estão as coisas? — Sua mãe lhe pergunta.

Silêncio.

Carol pensa se não deveria contar a verdade à sua mãe, mas acaba por entender, que ela não lhe compreenderia, afinal para ela, Daryl fora um erro. Então, ela simplesmente responde:

— Bem.

Silêncio.

— Mamãe... algum notícia dele? — Carol não consegue evitar a pergunta, a dúvida a torturava.

— Pelo amor de Deus, não, Carol. — Sua mãe suspira, com impaciência. — Esqueça-o.

Silêncio.

— Tudo bem, mãe. — Ela lhe diz, derrotada. — Preciso desligar, eu te amo.

— Eu te amo mais.

A ligação se encerra.

...

Nenhuma notícia. Nenhuma carta.

Parece que deixá-lo fora a escolha certa.

Eu continuo esquecendo que eu deveria deixar você ir.

Será que se rendera às apostas mais uma vez, com Axel? — Carol pensava.

Não havia muitas esperanças mais, em seu coração.


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Notas finais do capítulo

Comentem, por favor! Até amanhã, beijos!