Não consigo deixar de te amar. escrita por Natalie


Capítulo 27
Por enquanto.


Notas iniciais do capítulo

Mudaram as estações, mas eu sei que alguma coisa aconteceu...
Tá tudo assim, tão diferente...



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As semanas que sucederam ao acontecimento desagradável com Carol, foram cheias de depoimentos para com a direção da universidade e a polícia; Ed Peletier acabou por ser demitido e teve a licença de dar aulas em outros lugares temporariamente suspensa.

A jovem Dixon não se deixara abalar pelo acontecido, e estava disposta a se formar mais do que nunca; Daryl a apoiou, mas receou em ir embora deixando-a ali novamente, "indefesa".

— Sentirei sua falta. — Ele dissera. — Sabe o quanto?

Carol beijou-o apaixonadamente.

— Acho que muito. — Carol ri, e o abraça forte. — Estarei pensando em você, Daryl.

O caipira voltara para seu emprego no restaurante, e visitava Carol quando podia; seu patrão era totalmente o oposto de Blake; por mais que às vezes fosse demasiado exigente, Daryl o achava uma pessoa decente.

Tudo voltara aos eixos novamente, e o caipira podia respirar aliviado.

Depois de tantas coisas, de tantas discussões e obstáculos, ele estava bem com Carol novamente.

Só havia um problema. Um único e maldito problema.

Daryl queria que Carol voltasse a conviver com sua mãe, Janine. Pensara por vezes em ir até lá, e tentar resolver os problemas com ela — explicando-a o quanto Carol era importante, e que não merecia passar por tudo aquilo — mas sabia que nada iria adiantar.

...

Em um dos raros dias em que seu patrão o dispensava mais cedo, Daryl se lembrou de visitar Joseph.

Seu velho amigo Joseph.

O caipira sabia que seria difícil achá-lo no mesmo lugar do último encontro, então passou a procurar pelas redondezas.

A princípio, fora bem árduo encontrar seu velho, mas após caminhar por entre ruas menos povoadas, acabara por encontrá-lo.

— Dylan? — O velho o avista. — Eu sabia que você viria, rapaz.

Joseph estava sentado em uma velha cadeira de plástico, junto com muitos outros sem-teto; diante de si, uma mesa de plástico e um prato modesto de sopa sobre ela.

O velho amigo se levanta e os dois trocam o que se denominaria por Carol o famoso abraço de homem, e Daryl se senta ao lado dele.

— Quanto tempo. — Daryl sorri.

— Pois é. — Joseph, oferece um pouco da refeição para o caipira, que recusa educadamente. — Você parece diferente, Dylan.

— D.a.r.y.l., Joseph. Daryl Dixon. — Daryl se diverte. — Diferente como, homem?

— Menos deprimido. — Ele olha seriamente para Daryl. — Você a encontrou, não é?

Daryl se surpreende com a pergunta.

Joseph se lembrava de cada detalhe, percebia tudo.

— Sim. — Daryl sorri. — Estamos juntos novamente, Joseph.

O velho aplaude, sorrindo como uma criança que acabara de ganhar seu brinquedo, e Daryl pode ver em suas mãos, queimaduras vindas do frio; seu rosto está mais enrugado do que quando Daryl viera visitá-lo a última vez.

O tempo estava começando a desgastar o velho amigo.

— Parabéns, rapaz. Já estava na hora. — Ele saboreia mais uma colherada da sopa. — Traga-me Carol, faz tempo que não a vejo.

— Ela está na universidade. — Daryl pensa por um minuto. — Por que você mesmo não vem jantar conosco um dia desses?

Joseph sorri, feliz. A felicidade em seu rosto era pura, era única. Daryl tinha orgulho em conhecer o homem, que carregava várias histórias heroicas em seus anos de vida.

— Eu irei, Dylan. — Ele diz, ainda sorrindo. — Se eu sobreviver até lá.

A alegria some de seu rosto, como as nuvens cinzas chegam para destruir um belo dia ensolarado.

— Como assim? — Daryl se altera.

Joseph cruza os braços e encara Daryl.

— Há algum tempo, venho sentido muitas pontadas de dor na cabeça. — Ele diz, passando as mãos da nuca. — Uma mulher que serve a comida das quartas-feiras, me arrastou ao pronto-socorro mais próximo quando tive o pior dos ataques, e... — O coração de Daryl acelera, e ele prende a respiração antes de ouvir sentença final. — Eu estou com um tumor maligno no cérebro.

A visão de Daryl fica embaçada imediatamente; seu coração se quebra, e ele esconde seus rosto por entre as mãos, procurando acalmar sua angústia.

Joseph, um homem tão bondoso, tão modesto... com câncer! Não! Não! Não! Oh, maldito Deus...

— Há quem culpe Deus por isso. — Joseph interrompe os pensamentos de Daryl, como se os adivinhasse. — Mas isso pode ser um teste para ver se quando as piores dificuldades aparecem, desistimos Dele.

— Que merda, Joseph! Você não! — Daryl agora está gritando, as lágrimas amargas banhando suas bochechas e barba. — Já fiz tanta coisa errada nessa vida, e porque logo gente como você tem que sofrer isso?

— Às vezes, satanás nos dá uma vida perfeita, para que não precisemos recorrer à fé, ou praticar boas ações, ou procurar a religião, qualquer que seja ela, antes de ser tarde demais. — O homem afaga os ombros do amigo. — O pecado que nós dois vivíamos naquele maldito cassino era como o paraíso, não precisávamos sair, nunca. Mas e depois? Não saímos daquela vida à tempo. Carol o deixou, Mary me deixou, e tivemos de nos contentar com a vida que nos fora dada. — O velho sorri. — Graças ao bom Deus, você a encontrou e está feliz novamente.

Daryl se cala diante do discurso sábio que o amigo deixara no ar.

Que seja...

Por favor... por favor! Não leve Joseph embora! — Daryl suplicou silenciosamente aos Céus. Nunca fora muito bom com orações, mas neste momento apelou. Apelou pela vida de seu grande e velho amigo, a quem confiava sua vida.

— Você não está feliz? — A voz de Daryl está rouca.

— Ora, Dylan! — O velho ri. — Claro que eu estou! Para que chorar e me remoer pelos cantos? Tenho essa gente para ajudar, e conto com todos! — Ele empurra o prato de sopa para longe, agora que esfriara. — Apenas traga-me Carol, para que eu possa vê-la.

Daryl assente, prometendo fervorosamente a si mesmo que buscaria Carol daquela faculdade quando tivesse a chance, e a traria para visitar Joseph.

...

Daryl percebe mais uma vez que o tempo voou, e que o céu já está escuro; na manhã seguinte teria de acordar cedo, mas não se importava nenhum pouco. Seu tempo com Joseph era indefinido, e ele ficaria a noite inteira ali, se necessário.

Um som estridente de apito chama a atenção de todos; a mulher que sevia a refeição do dia os avisava que o abrigo da noite já estava aberto, e Joseph levantou-se rapidamente.

— Tenho que correr para conseguir uma boa cama. — Ele murmura, alegre, dando uma piscadela para Daryl. — A gente se vê, Daryl Dixon.

Daryl o abraça, um pouco triste com a repentina despedida, e lhe dá tapinhas nas costas, encerrando o abraço de homem.

— A gente se vê, velho. — Ele caminha para longe.

Daryl fora mesmo ingênuo por achar que teria Joseph para sempre ao seu lado; as estações mudavam, o tempo mudava, os anos avançavam, e as pessoas que amava iam embora para longe. Era inevitável.

— Dylan? — Joseph o chama.

— Sim? — Daryl se vira, nervoso, saindo de seus devaneios.

— Não a perca novamente, por favor. — Ele diz, voltando-se para a enorme fila de sem-tetos que já se formara.

Jamais a perderei novamente. Eu prometo. — Daryl sorri, dando-lhe as costas.


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Notas finais do capítulo

Aí... eu chorei demais ao escrever esse capítulo... :(
Espero que gostem dele. Até amanhã, leitores maravilhosos, a quem eu tanto amo. ♥