Não consigo deixar de te amar. escrita por Natalie


Capítulo 1
Happy? Without it, no. — Happy, Pharell Willians.


Notas iniciais do capítulo

"Vou parecer maluco ao falar isso; A luz do sol está aqui, você pode dar uma pausa;Sou um balão de ar pronto pra subir ao espaço;Com o ar, como se eu não ligasse, à propósito, baby..."



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Geórgia, 25 de outubro de 2011.

Eu tive um amor com você... um amor tão bonito...

Minha doce Dixon...

Tem coisas que a gente não esquece... você não merecia tanta dor...

Nossa história foi bonita demais; mas agora, sozinho, percebo a falta que você me faz.

Esconder os sentimentos, esconder a saudade... já não são mais necessários.

Eu quero você de volta.

Mais um dia que se passa, e o telefone não tocou...

Passeiam por a velha sala, as marcas do nosso grande amor.

Pra que tentar fugir de mim? Se eu sempre vou seguir na sua direção?

Pra que tentar me esquecer?

Pra mim só tem você, Carol... O resto é solidão.

Mais um dia que passa, e nada de você voltar.

A vida não tem graça... e eu sinto que vou morrer de tanto te esperar.

Não há lugar no mundo, onde eu não possa te encontrar...

E mesmo nos teus sonhos, você me ouvirá gritar a enorme falta que sinto de você.

Os jogos, as apostas, as bebidas, os vícios, não satisfazem nem metade do êxtase que eu sentia somente quando suas mãos me acariciavam e sua voz transbordava de amor em meu ouvido.

Seus maravilhosos e inacreditáveis olhos azuis... olhando para mim com o amor puro e único que só você poderia atribuir.

Extrapolei diversas vezes com você, e cada dia o arrependimento queima em meu peito... sua voz assombrando-me nos sonhos... nossas lembranças me torturando na velha casa que você preferiu abandonar...

E agora estou sozinho reclamando sua ausência, na esperança dos bons tempos te tocar;

Lembrar de mim e saber que ainda existo, é o desejo mais voraz que ouso pedir a você.

Nossa discussão e o bilhete que você deixara sobre a mesa antes de desaparecer, são a pior lembrança que ameaça tirar toda a minha sanidade.

Carol Dixon... volte para mim. Eu suplico. Não consigo deixar de te amar.

Seu, e somente seu, Daryl Dixon.

Daryl finalizou a tão difícil carta, dobrou-a, e a guardou gentilmente em cima da pequena TV da sala de visitas.

No rádio, “Happy”, de Pharell Willians, começava a tocar.

O silêncio for a completamente preenchido pela velha música.

“It might seem crazy what I’m about to say

Sunshine she’s here, you can take a break

I'm a hot air balloon that could go to space

With the air, like I don't care baby by the way…”

A lembrança da imagem dela nublou todos os pensamentos lúcidos de Daryl.

A canção era facilmente cantada pelo homem, por conta das várias vezes em que ele ouvira com ela.

A amargura era amenizada pela garrafa de álcool quase vazia que Daryl segurava em uma das mãos.

Bebidas, TV, músicas, comida congelada e estado precário de vida, era o dia-a-dia do Dixon. Desde o rompimento com a mulher, ele se descuidara totalmente. Seu rendimento para não morrer de fome, vinha dos serviços que nunca davam certo. Hora ou outra o homem conseguia um emprego na cidade, mas rapidamente era despedido, por conta do descuido e da incompetência.

O sofrimento por conta da ausência de Carol havia levado o caipira à um estado muito grave de depressão.

Seus erros ainda na vida de casado, eram o pior lembrete de que a culpa por sua partida, era total e absolutamente sua.

Dezenas de cartas haviam sido escritas e enviadas para a amada, que morava agora na casa de sua mãe ao leste da cidade, e nenhuma resposta em quase dois meses.

“Here come bad news talking this and that

Yeah, give me all you got, don’t hold me back

Yeah, well, I should probably warn you I’ll be just fine

Yeah, no offense to you don’t waste your time

Here’s why…”

O fim da canção destruía o ânimo do homem.

Não havia mais felicidade. Não sem ela.

Sentado de qualquer jeito na puída poltrona vermelha que atualmente era sua cama, os olhos fixos em lugar nenhum, aparência lamentável e sanidade perdida, Daryl Dixon estava perdido no mundo, em uma torrente de pensamentos desconsolados.

...

A vida da ex Carol Dixon era inundada de afazeres, com uma lista enorme de coisas a fazer em seu novo estágio de enfermeira em Atlanta.

Saíra da casa de sua mãe após a terceira semana sem Daryl, pois precisava recomeçar sua vida.

Nenhuma carta e nenhum telefonema da parte dele.

Provavelmente está melhor e mais feliz sem minha presença. —Pensava Carol, sempre que o silêncio e falta de contato com o ex marido a atormentava.

Mas ela sabia, lá no fundo, que todos os seus sonhos foram jogados para o alto no momento que deixara seu casamento;

Sua única felicidade.

A mulher, não sabia na verdade que sua mãe ocultara todas as cartas desesperadas do homem; para ela, aquele casamento fora a pior escolha que sua filha poderia ter feito, e era melhor que as coisas continuassem como estavam.

...

Quer saber? Foda-se. Preciso tentar, preciso ouvir aquela voz novamente.

Cansado da vida deprimente que levava, Daryl Dixon finalmente reunia todas as forças que tinha para telefonar para sua amada.

Na velha agenda, abandonada no armário empoeirado da cozinha, havia o número de telefone da residência da viúva mãe de Carol.

As lágrimas tomaram conta do homem ao visualizar o número e a possibilidade de ouvi-la de novo.

Com as mãos trêmulas, os números foram discados com uma hesitação torturante;

Ao terminar de discar todos os números, a ligação é realizada quando uma voz suave atende:

— Alô? Quem é?

Silêncio.

Aquela não era Carol, mas Daryl sabia muito bem quem era.

A ligação cai.

Com um suspiro irritado, o caipira deixa cair o telefone celular, derrotado.

Ele não tinha a mínima paciência para discutir com Janine, sua ex sogra.

O desespero e a saudade se abatem sobre ele novamente; era difícil lidar com a decepção de mais uma tentativa mal sucedida de contato com Carol.

#

Com caminhos tão cruelmente cheios de obstáculos, Daryl e Carol Dixon tentavam viver suas vidas de mentira, com a falsa felicidade, a saudade e as questões mal resolvidas pairando sobre seus pensamentos incertos.

...

“Clap along, if you feel like happiness is the truth…”

A melodia soava em diferentes confins do país, fazendo dois corações doerem de saudades, e suas mentes viajarem no tempo, recordando-se da época em que viviam juntos, constatando que mesmo com o relógio e o calendário correndo com tanta rapidez, eles nunca deixaram, e nunca deixariam de se amar.


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