Alvo Potter e o Jardim Maravilhoso escrita por Yomika


Capítulo 6
N'A Segunda Toca


Notas iniciais do capítulo

※ No capítulo anterior… Alvo e Tiago arranjaram confusão ao espionar o professor Ravus e o Elfo Thatcher. O garotinho ouve sobre o misterioso e q pintura no seu quadro sugere que Harry Potter está envolvido no caso... ※

※ Agradecimentos a Anna Elly por acompanhar a história por tanto tempo e comentar o capítulo passado! ※

※ Espero que gostem desse capítulo! ※



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As malas de Alvo, Lily e Tiago já haviam sido levadas para a sala e descansavam perto da maleta da mãe, encostada no sofá.

 

O menino agora pusera-se ao lado da irmã no piano, enquanto a garotinha ruiva tocava uma música rápida e simpática, que fazia Alvo ter vontade de balançar as pernas no compasso. O menino arriscou algumas notas, mas a única coisa que conseguiu foi o esganiçar de um quadro que ficava em cima do piano:

— Pare! PARE! PARE! — A mulher da pintura desapareceu para o lado da moldura, cobrindo os ouvidos com as mãos, tresloucada.

A mãe e a avó dos garotos vieram da cozinha, conversando, absortas, nos detalhes da festa. A senhora Weasley estava excitada com a perspectiva dos enfeites, das pompas e das glórias da festa de arrasa quarteirão. A senhorita, contudo, Potter mostrava-se visivelmente temerosa com o exagero da mãe. Seu desejo era apenas reencontrar alguns amigos em uma confraternização casual, simples, normal...

Gina Potter e Harry Potter faziam hoje, dia onze de Agosto, exatamente quinze anos de casado, que coincidia com o aniversário da senhora Potter. Após muita insistência da avó Weasley, o casal resolveu dar uma festa para comemorar o tempo juntos e chamar alguns amigos que sentiam saudades e gostariam de rever.

A senhora Weasley se comprometeu com os comes e bebes, mas sua filha insistira em preparar um pernil e a torta de doce de caramelo, os pratos sabidamente prediletos de seu marido. Agora, derrotada e mais consciente de seus desastrosos dotes culinários, agradeceu aos céus pela visita de sua mãe. Ambos os pratos ficaram bons, o que seria uma prova cabal para Harry de que a mulher havia trapaceado de alguma maneira.

Por isso - quando a mãe não estava vendo - deixou o fundo da torta com alguns leves focos pretinhos de tostamento e adicionou uma colherada a mais de sal no molho da carne. Nada que comprometesse demais o sabor de ambos: mais para adicionar um toque de veracidade. Harry ficaria lisonjeado com a tentativa da esposa e consideraria o pernil deveras salgado e a torta queimada uma obra prima inspiradora, levando em consideração o peru do Natal passado com o fatídico episódio do acesso de vômito do pai de Gina ao comê-lo. A comida que da mulher agora estava guardada inocentemente dentro de algumas vasilhas de plástico, acima das malas.

— E Harry? — A senhora Weasley indagou repentinamente. — Demorará muito para chegar?

Gina moveu-se incomodamente. Olhou para a porta, depois disse.

— Ele vai direto do Ministério, mamãe. Vai ficar lá até de tarde... Mas ele vem. — acrescentou rapidamente quando viu a mãe empertigar-se como um gato.

— Claro que ele vem... Mas Sharcklebolt poderia muito bem dar uma trégua para Harry! Que coisa! É o dia do seu aniversário de casamento!

— Eu sei, eu sei... Ele vem, só vai demorar um pouco mais. É o trabalho dele... — explicou Gina.

— Uma falta de respeito, é o que digo. Sendo o chefe dos Aurores, Harry deveria ter no mínimo algumas regalias, penso eu. Está se apoiando demais em Harry! Da próxima vez que encontrar Quin irei dizer...

A senhora Weasley continuou a reclamar e reclamar. Quando Tiago descia das escadas com uma vassoura elegante e lustrosa na mão e a mala na outra, a avó ainda falava.

— ... Totalmente desgostosa com a situação.

A voz de Gina então se sobrepôs à da mãe:

— Todos prontos?

— Vamos aparatar? — Arriscou, ansioso, Tiago.

— A gente pode? — Quis saber Alvo.

— Não, não vocês não têm idade para isso. É perigoso. Vamos pela...

— Chave de portal? — Tiago interrompeu-a com uma segunda tentativa de adivinhação.

— Mas a gente tem permissão para...

— Não, vamos pela lareira — a avó Molly interrompeu Alvo. “Que chato!” Tiago resmungava enquanto Alvo se sentia ignorado. — Me ajudem a juntar as malas, sim? Vamos empurrá-las primeiro pela Lareira... Depois vocês vão.

A senhora pegou um punhado generoso de um pó dentro de um vaso de porcelana em cima de uma mesinha que flanqueava da Lareira. Ela era muito grande e espaçosa. Tinha desenhos de serpentes rodeando os tijolos enegrecidos. Depois que todas as Malas estavam divididas em dois montinhos, a avó dos garotos balançou a varinha e murmurou “incendio! “, então um fogo alegre e crepitante surgiu no fundo da lareira. Em seguida, ela atirou o punhado do pó e a chama se assanhou, assumindo uma tonalidade verde ácido, queimando avidamente por todo o espaço da lareira.

Molly falou “A segunda toca” e foi com mala e tudo para a lareira: o fogo as consumiu com ímpeto e a senhora segundos depois havia sumido. A mãe dos garotos empurrou também o resto das malas repetindo as palavras da mãe, então só restavam Alvo e Tiago na sala. O irmão de Alvo deu um sorriso (A segunda Toca!) e se jogou com a sua vassoura para dentro da lareira e sumiu entre as chamas.

Alvo estava irritado. Ninguém ligava para o que ele falava! Pensou em falar “Beco Diagonal” e se esconder em alguma loja. Provavelmente levariam horas para notar que o garoto havia desaparecido.

— A segunda Toca... — porém, foi o que ele disse, entrando na Lareira. O fogo não era quente, mas fazia cócegas. De repente o garoto foi sugado e rodopiou em um espaço de luz confuso. Via algumas lareiras a distância enquanto girava no espaço do éter, mas foi trazido magneticamente até uma especificadamente...

Alvo agora estava adentrando por outra lareira em uma sala grande. O primeiro passo de Alvo fez um barulho de “splash”, porque Tiago havia posto uma bacia de água no chão (era a piada preferida de Fred e Tiago). Xingando baixinho, o garoto tirou o sapato e se sentou em uma poltrona.

A mobília era a mesma da última vez: apesar do enorme espaço, seus avós conseguiram lotar um lugar grande. A parede cheia de Quadros bucólicos. Mas, envidradas como em uma exposição, havia coisas como uma furadeira enferrujada, um quadro contendo uma coleção de tomadas e um tapete de parede inteiramente formado por cartões de créditos. Ao lado dele um relógio com todos os membros da família Weasley no lugar dos ponteiros e as horas foram substituídas por “Trabalho, casa, Perigo mortal, Voltando para casa”. Alvo Reparou que a foto do Pai marcava “Trabalho”.

Na sala, mesas e escrivaninhas espalhadas, decoradas de flores alegres que suspiravam desejosas para o sol que vinha de uma janela ao lado da Lareira. Em cima das mesas também haviam muitos retratos dos membros da família: Gina muito mais jovem, vestindo uma beca vermelha com detalhes dourados e com um distintivo dizendo “chefa dos monitores” ao lado de uma vó Molly ainda ruiva, com um vestido elegante e cheia de si. Gina segurava um pergaminho indicando sua formatura na Escola de Magia e Bruxaria em Hogwarts e sorria, enquanto a mãe batia palmas excitadíssima.

Havia um quadro com seu tio Percy, abraçado com o avô Arthur em um escritório. Um aviãozinho de papel voava e começava a bater na cabeça do tio e ele dava uns tapas nele e voltava a sorrir para a foto, para uma outra vez o avião bicar a cabeça do homem insistentemente. Em uma mesa isolada, um porta-retrato grande continha a foto do seu Tio Jorge, porém muito mais novo. Devia ter uns 18 ou 19 anos. Mas haviam muitas flores próximas dessa foto... Então devia ser o gêmeo do tio, que tinha morrido há muito tempo. Era isso... Ele sorria em frente à insipiente loja das Geminialidades Weasley, que atualmente estava triplamente maior e tinha muitas outras filiais. Outros quadros com membros da família separados em casais, com seus filhos... E, emoldurado, uma foto enorme de todo os membros da família. Alvo estava ali, mirrado e zangado. Lembrava que no dia da foto ele tinha caído da vassoura e se machucado bastante.

O garoto ainda estava retirando o acúmulo de água do sapato quando alguém falou em suas costas.

— Obra do Tiago, imagino?

— Rosa!

Uma menina ruivinha e com o cabelo muito volumoso prestes a estourar em um rabo de cavalo apareceu apoiando-se no espelho da poltrona que Alvo se sentava. A menina deu a volta e sentou-se em um sofá fofo em frente do garoto. Rosa sorriu-se brevemente. Rosa era uma garota que estava sempre animada, mas que trazia alguma tranquilidade com ela. Era a prima favorita de Alvo.

— Papai e o Tio Jorge estão lá na cozinha, conversando com a vovó e a sua mãe. Parece quem nem querem ser incomodados...

Alvo nem se impressionou. Sabia que todos estavam cheios de segredinhos.

— E o Tiago?

— Voando com o Fred lá fora. Hugo e sua maninha estão lá também, na sombra deles... Antes eles que eu.

Alvo pensou em ir atrás de Tiago, ver os vôos, talvez pegar emprestada a Firebolt de Tiago, ou a Silver-arrow de Fred, ambas eram ótimas vassouras... Mas, como Rosa dissera, não ia ser sombra do irmão. Então lembrou-se de Hogwarts e perguntou animado:

— Rosa, seus pais vão dormir aqui?

— Sim, Mamãe vai vir. Tá resolvendo alguma coisa no Ministério...

— E vão ficar outros dias aqui, hum?

— Vamos. E sim — Rosa antecipou a resposta para a próxima pergunta de Alvo, como sempre. — Tudo indica que a gente vai fazer as compras juntos pra escola.

— Ainda bem... — Alvo felicitou-se — Não queria ir sozinho... Quer dizer, os meus pais vão, mas...

CRASH!

Uma bola do tamanho de uma maçã atravessou o vidro da sala e atingiu em cheio o quadro do Pai de Alvo, quebrando-o impiedosamente em mil pedaços. Alvo levantou-se irritadíssimo para abrir inutilmente a janela com um arrombo enorme e gritar:

— TIAGO! VOCÊ-QUEBROU-O-RETRATO-DO-PAPAI! — E jogou a bola com força, atingindo o irmão em cheio, apesar da distância impressionante.

“AI! Foi mal!” Ouviu-se a voz despreocupada e distante de Tiago, que imediatamente voltou a voar alto em loops, seguido por outro vulto ruivo.

Irou-se por um segundo depois engoliu em seco. Tiago era assim mesmo: Irresponsável, egoísta, insensato, infantil... Resolveu catar os restos do retrato logo antes que alguém chegue e o acuse do delito.

— O que foi? Ouvi um barulho... — Um homem alto e com os cabelos ruivos, mas ralos e um tanto esbranquiçados entrou pela sala — Rosa? Minha filha, você está bem?

A menina estava pálida, séria... Fitando a foto rasgada que Alvo recolhia agora do chão. O Menino achou-a estranha. Parecia ter o olhar desfocado, por um segundo pensou se não estava hipnotizada ou algo do tipo... Mas a menina rapidamente recompôs-se e disse para o pai:

— Me assustei...

O tio de Alvo, Rony Weasley, aproximou-se para ver o que Alvo tinha em mãos.

— Ah não... Harry adorava esse quadro. Foi quando ele se tornou Auror... Coloca o vidro de volta pro chão, vou dar um jeito — o Tio Rony apontou a varinha e murmurou. — Reparo — e os vidros começaram a se reunir e em um segundo a moldura estava intacta, mas a foto continuava rasgada.

“Acho melhor vocês brincarem lá fora... A avó de vocês vai ficar uma fera quando descobrir...”. Alvo tentou dizer “Mas não fui...” Porém, o tio Rony já tinha rumado ao corredor.

— Você ta bem, Rosa? — Alvo tinha notado que algo havia acontecido com a menina.

— To bem. Quer ir ver o pessoal jogar lá fora?

— Nah...

— Vamos jogar de Xadrez de bruxo?

— Não tem graça, a gente sempre empata...

— Hum, então que tal uma partida de snaps explosivos?

— Não to afim...

Rosa fitou Alvo com significância.

— Já sei. Vamos no Laboratório do vovô?

— Pode ser!

Os garotos saíram da sala e foram para o porão. Rosa destrancou a portinhola de madeira com uma chave cujo chaveiro era a miniatura de um pelúcio.

O local era um santuário para o avô Weasley, isso era certo. Acontece que a menina tinha herdado o gosto por coisas trouxas do avô. E ali ela mantinha a salvo sua coleção de coisas esquisitas, quero dizer, esquisitas para bruxos, pois em casa o tio Rony “Não deixava essas besteiras entrarem”.

Para os trouxas, parecia simplesmente uma oficina, um pouco mais caótica, de fato. Tinha ferrarias e instrumentos de carpinaria, pois o avô Weasley gostava trabalhar com madeira e também metal (isso explicava o solador). Estava cheio de fios elétricos e baterias, e outras coisas perigosas como serras e lâminas que Alvo duvidava que a avó Weasley tinha conhecimento. Prateleiras e prateleiras eram ocupadas por todo tipo de maquinaria trouxa que se pode imaginar: torradeiras, liquidificadores, computadores, além de livros e livros trouxas.

Eram livros peculiares (que nunca seriam encontrados em qualquer outra casa de bruxo a não ser a do avô Arthur). Avolumavam-se na estante com títulos engraçados para Alvo: “Licença para motoristas - Departamento De Trânsito”, “Biologia para alunos da primeira série - Coltron & Albert”, “Mecânica dos automóveis - Renard & Yuri”, “Guinnessbook: O Livro dos recordes” (uma dúzia de edições atualizadas ocupava um andar inteiro de estante), “Fundamentos epistemológicos da linguística - Orlando Trovsk”. Aberto sobre um andar da estante, jazia um ainda com marca páginas “Brocas: um estudo aprofundado”. Imediatamente ao lado deste, uma furadeira totalmente desmontada, com todas as engrenagens e sistemas elétricos à mostra. A broca da máquina girava preguiçosamente na banda exposta, apesar da furadeira não estar ligada na tomada.

Rosa tinha um condão por química, física e matemática, além de qualquer outra ciência exata troux. Como a menina já estava há algum tempo ali, o livro de Química orgânica (Edição avançada) jazia aberto na mesinha que estava repleta de pecinhas, ao que pareciam ser a carcaça de um controle de vídeogame.

Sim, Rose tinha um vídeo-game trouxa. Segundo ela, era um Playstation de última geração. E seus jogos se acotovelavam em uma caixa perto do sofá que ficava em frente à uma televisão enorme. A garota explicara que conseguia a maioria das coisas com sua mãe, que era nascida trouxa, mas que seu pai sempre reclamava, por isso deixava ali com seu avô, que sempre as achava fascinantes. O avô a estimulava nessa paixão incompreensível para os demais membros da família e ambos ficavam ali naquele porão horas e horas trabalhando em coisas incríveis que os trouxas inventavam. Na manhã daquele dia eles estavam consertando um de seus controles do playstation.

Mas Rosa sabia que Alvo não se interessava por coisas trouxas. Por isso pegou sua mochila roxa cheia de chaveiros com animais fantásticos. A bolsa estava pendurada na parede, junto a alguns casacos grossos de couro e máscaras protetoras para solda. Puxou da mochila tantos livros que o primo teve certeza que ela estava enfeitiçada com um feitiço de extensão de capacidade.

Depois de despejar todos os livros no chão, a menina ligou o vídeo-game e começou jogar um jogo onde trouxas armados matavam zumbis. Alvo sentou-se no chão mesmo e começou examinar a biblioteca particular de Rosa..

— São todos antigos… — Rosa disse displicentemente, enquanto matava um zumbi particularmente nojento. — Mamãe disse que estão ultrapassados, que tem muita coisa nova e por isso são desatualizados... Por exemplo: aquele lá de Feitiços —  Apontou sem olhar para um livro intitulado “Livro padrão de feitiços: volume 1” — Não vai ser usado. Vamos ter um novo professor de feitiços e a carta ainda não chegou... Mesmo assim, dei uma lida nesses aqui. — e apontou distraída com o jogo para uma pilha em especial. —As coisas não podem ter mudado taaanto...

Alvo olhou para a menina boquiaberto.

— Você já leu todos esses livros?

— Não todos... Estou no quarto capítulo do “Mil ervas mágicas e fungos”... E estou achando um tédio esse de História da Magia. Mas não fale isso para minha mãe, ela adora e vai ficar magoada se souber que eu não gosto… Pelo menos ela gostou de saber que eu curto Aritmancia. Só não toque no assunto advinhação...

De repente Alvo se sentiu burro. Havia apenas folheado alguns livros de defesa contra arte das trevas de seu pai. Mas Rosa estava muito na frente. Claro. Ela que tinha razão. Seria um pesadelo chegar em Hogwarts sem saber nem balançar a varinha. Como iria começar a estudar sem ter estudado tudo com antecedência? Como iria ser o melhor aluno, se nem sabia o que era “Aritimancia”? Todo mundo ia esperar grandes coisas de Rosa. Afinal, ela era filha de Hermione Granger Weasley, a bruxa que chefia o Departamento de execução das Leis da Magia, considerada pela Revista “Personalidades mágicas” uma das dez bruxas da Conselho de Morgana. A mulher era agraciada pelo título “Ordem de Merlin” (primeira classe) e ainda por cima, a tia do garoto tinha uma cadeira na Confederação internacional dos bruxos. O pai de Rosa também era um bruxo importante, rico, famoso. Ordem de merlim (primeira classe) e Auror Sênior, aposentara-se para gerir a milionária rede Weasley de comércio de logros, juntamente com seu irmão, o tio Jorge.

Mas Alvo era filho de Harry Potter. Também da Ordem de Merlim (obviamente do mais alto grau), o pai do garoto era nada mais nada menos que o Chefe dos aurores; chamado de “O eleito”, grande herói do povo bruxo, por derrotar O bruxo das trevas mais poderoso que ouviu falar: Lord Voldemort. Mas não parava por aí: Harry colecionava mandados de prisão para qualquer bruxo ruim que brotava por aí, tornando-se “A mão que captura” ou “O Martelo dos Bruxos” do ministério da Magia. Por essas e outras Harry tinha lugar no conselho mundial dos mágicos e era praticamente venerado por todos os bruxos. Sua mãe era a queridinha das Harpias de Holly-head, o venerado time de quadribol formado apenas por mulheres. Ganhadora 4 vezes consecutivas do prêmio de melhor artilheira do ano e fora condecorada ano passado com o prêmio de “pesquisadora quintano”, junto a Senhora Lovegood ao provar as propriedades do Uruyandir na proteção contra ferimentos causados por criaturas mágicas venenosas.

Se fosse pensar bem, sua família carregava um peso enorme. Todos eram verdadeiras celebridades. No último campeonato de Quadribol na Patagônia, ele e seus familiares causaram um alvoroço tremendo. A simples presença dos Potter e Weasley fez com que uma multidão quase invadisse o camarote do qual viam o jogo. Alvo lia os jornais e sempre encontrava aqui e acolá assuntos particulares de sua família destrinchados pelos ácidos escritores do Profeta diário, o jornal dos bruxos... “Os filhos de Harry Potter” eram citados com grande pompa. Todo mundo esperava que Alvo, Tiago e Lily demonstrassem grande poder mágico, que fossem autores de façanhas inacreditáveis, que solassem aventuras indizíveis. Alvo sentia que todos estavam um tanto decepcionados que Tiago não tenha encontrado dois lordes das trevas para derrotar assim que pisou em Hogwarts.

Mas tornou-se de conhecimento geral dos bruxos ingleses de que Tiago era um geniozinho peralta. O primogênito de Harry Potter era pintado nas páginas dos jornais como “O garoto prodígio, príncipe dos bruxos”, o que fazia, se é possível, Tiago adquirir prepotência em dobro. O garoto ia bem em praticamente todas as matérias da escola e ainda tinha tempo para estrelar as traquinagens mais clássicas em Hogwarts. Todos achavam que o garoto era espantosamente inteligente, famoso e carismático...

Mas Alvo ainda era uma incógnita para a imprensa. O garoto sentia que todas as penas dos escritores de todos os jornais estavam a postos, e quando o menino pisasse na escola iam disparar furiosamente a descrever com detalhes tão minuciosos que Alvo não surpreenderia ao chegar a ler na manhã seguinte a notícia sobre a cor da cueca que usou ao chegar em Hogwarts.

Naquela tarde, ele ficou um bom tempo perguntando coisas para Rosa, pedindo conselhos sobre quais matérias deveria dar mais valor, consultando livros e pedindo emprestado alguns. Alvo estava decidido a recuperar o tempo perdido. Afinal, ele estava falando sério quando dizia para si mesmo que iria ser o número um de Hogwarts.

Quando Rosa já desistira de seu jogo para socorrer Alvo e estava mostrando um livro intitulado “Poções muy potentes”, um garotinho muito ruivo e sarnento entrou no quarto, parecendo ofegante..

— Mana... Vovó mandou chamar vocês pra ajudar lá em cima... — Considerando o recado dado, Hugo desapareceu de vista o mais rápido que pôde.

Alvo olhou para o relógio da parede e notou que pulado opulado o almoço. Passou bastante tempo olhando os livros que esqueceu das arrumações. Os garotos subiram as escadas e tomaram rumo.

A sala, antes vazia e cálida, agora estava tão movimentada quanto o cruzamento trouxa que viram de manhã. Parentes e gente desconhecida iam e voltavam, cadeiras, vasos e caixotes flutuando para lá e para cá. Em meio aquele mar de pessoas, uma menina de pele morena e cabelos muito encaracolados da idade de Alvo e Rosa foi desviando até o pé da escada e encontrou os garotos.

— Ei, Al, Rosa! Tudo beleza? Tia Fleur quer que a gente ajude a ela a fazer os arranjos de flores...

— Papai já chegou? — quis saber Alvo.

— Olha, Acho que não.... Só vi sua mãe falando com a vovó... Não parece muito contente — disse Roxanne guiando os três para fora de casa — A Tia Gina ta achando isso tudo um exagero. Mas a vovó e a tia Fleur estão querendo fazer uma festa de arromba...

O jardim dos Weasley normalmente era um espaçoso recanto elegante de árvores frutíferas que enfeitavam os caminhos verdes e vivos, junto às moitas floridas e podadas de maneira arquitetônica. Agora o local estava mais aberto, recheado de mesas, onde toalhas brancas iam sendo postas e cadeiras iam chegando flutuando e postavam para rodeá-las.

A vó Molly ia gerindo a arrumação de uma enorme tenda bege elegante que ia flutuando sob a varinha dos tios Rony, Jorge e Gui. Agora posta e montada, ela cobria parte de uma área grande de ladrilhos circular do jardim, onde no mínimo umas vinte mesas estavam já prontas. Alvo notou que fios com algumas bolinhas peroladas iam sendo penduradas pelo fundo do teto da lona, mais à frente um pequeno palco havia sido montado.

Gina olhava para tudo pasma, numa mescla de aborrecimento e incredulidade. Alguns homens apareceram com pranchetas, pedindo para a mulher assinar a chegada de caixas que, quando ela abriu, descobriu uma coleção de brindezinhos de quatroze anos de casados: duas vassouras Firebolt cruzadas de onde coraçõezinhos intrépidos saiam do ramo espocando em bolinhas de amor.

— Mamãe! Acho que isso passou dos limites!

— Eu também acho isso — uma mulher alta, loira platinada e lindíssima (uma verdadeira modelo que qualquer um daria vinte e cinco, apesar de indicar ter trinta, mas na verdade ter seus trinta e cinco) aproximou-se dos entregadores, dirigindo-se a eles com um trejeito austero — Os souvenires deveriam ter chego no mínimo três horas atrás? Um Ab-sur-de! — Os homens não pareciam sequer ouvir uma palavra dela, mas concordavam energicamente; um fiozinho de baba vinha descendo de suas bocas idiotamente entreabertas — Ah! — Exclamou Fleur ao ver Rosa, Roxanne e Alvo observando a cena de uma distância segura — Vocês, venham!"

A tia Fleur explicou que deveria ser um trabalho manual a preparação do arranjo de flores (Nenhuma varinha faz arranjos melhor que as mãos...) que deveriam ficar sob as mesas como um enfeite “superbe”. Margaridas, tulipas, rosas de todas as cores, violetas, orquídeas, girassóis, delicados copos-de-leite, todas as flores deveriam ser postas nos vasos de porcelana fina em um número, ordem e padrão específico, exatamente como a tia havia informado.

— Tia Fleur, onde tá a Dominique, a Victoria e o Louisinho?

— Ah. Eles voltam hoje de viagem. Estão em Brasili com seu tio Carlos... Mas à noite devem estar aqui, hm?

Fleur se retirou graciosamente com os cabelos platinados esvoaçantes, para agora criticar a maneira que algumas guirlandas de Goivos iam sendo postas na entrada da casa enquanto a vó Molly comandava emocionada a colocação de um arco de ramos primoroso à frente ao local em que os convidados deveriam chegar. Gui comentava animado com Fred o poder que as festas tinham sob a mãe Molly e a sua esposa Fleur: normalmente as duas tinham discordâncias clássicas, mas era unidas e gêmeas no quesito comemorações. Gina parecia que ia desfalecer quando viu uma carruagem pousar com uma quantidade exorbitante de bebidas para serem guardadas a feitiço resfriante até a hora da festa.

A medida que Lily, Rosa e Roxanne iam terminando os arranjos, Tiago, Fred, Alvo e Hugo iam levando-os para as mesas dentro e fora da lona. Tiago reclamava por que eles não podiam simplesmente fazer os vasos flutuarem até as mesas, ao invés de fazer trabalho de trouxa. Rosa ponderava que os adultos estavam ocupados com outras coisas e que não se podia fazer feitiços fora de Hogwarts.

Algumas mesas longas foram postas próxima ao fundo da tenda, onde provavelmente os comes e bebes seriam servidos. Os garotos resolveram voltar para a casa, desviando-se das dezenas de véus que iam sendo levantados, cortando a enorme lona de um lado a outro.

Já eram por volta das três horas da tarde quando um homem muito alto e tão ruivo quanto os demais tios Weasley, apareceu acompanhado por três garotos loiros platinados. A mais velha tinha dezessete e era tão bela e magra quanto a mãe. E o casal de crianças pareciam atores mirins e geminares (o menino um pouco mais novo que a menina), com os cabelos ainda mais brilhantes e os olhos tão azuis quanto uma lagoa particularmente límpida. Victorie, Louis e Dominique foram beijar as bochechas de Fleur e beijar também o pai (não ligavam para algumas cicatrizes que ele tinha no rosto). Gui acompanhou Carlinhos para a cozinha, onde os adultos estavam.

Os primos Potter-Weasley se juntaram numa sala espaçosa, onde havia uma grande mesa de madeira lustrosa e estantes tomando toda a parede. Via-se livros de culinária verdadeiramente bruxos: “Mágica na cozinha — Anabeth Yoringal”, “Pouco tempo muita fome — Palomo Dowell”; também livros de auto-ajuda e autores consagrados da bruxindade: “Meu Eu Mágico Esquecido e Relembrado - Gilderoy Lockhart” e “Aposentadoria: Tempo de sobra e pouca obra? - Malevilia O’Jhonson” e "Ascenção, Queda, Nova ascensão e Nova queda da Magia Negra - Deirdre Bagshot.

Tiago e Fred pegaram em um armário no fundo da sala um tabuleiro de xadrez e puseram-se a jogar num ponto da mesa, com as pecinhas que se moviam sozinhas, travando batalhas um tanto violentas. Do lado oposto da sala, Louis mostrava para Hugo e Lily um Cocar verde amarelado que conseguira no Brasil: toda a vez que ele o colocava na cabeça o chapéu se tornava um Papagaio escandaloso, que ficava repetindo esganiçado “QUERO CAFÉ CAFÉ CAFÉ CAFÉ...” e parecia que não tinha limite para fôlego nem enjoava-se de pedir café.

Alvo, Rosa, Roxanne e sentaram-se em outra área da mesa com Dominique, ouvindo a menina falar entusiasmada:

“Visitamos a Amazônia, paraa ver a escola de bruxaria de lá. A maior é a que fica no interior da floresta, chamam de Castelobruxo... Eles têm um centro de pesquisa enorme. Estudam muito mesmo sobre Hebologia e Zoomagia... Vocês não têm ideia dos animais que vimos... Acreditam que ainda tem Entes por lá? Os chupa-cabras são meio ariscos... E Tem uma serpente dracônica que eles chamam de Boiúna... Enorme! Até o tio Carlinhos ficou com um pouco de receio de chegar perto...”

Eram por volta de cinco horas da tarde quando a senhora Weasley entrou na sala, falando consigo mesmo, parecendo distraída. Quando avistou os garotos, desesperou-se.

O-que-estão-fazendo-que-ainda-não-estão-vestidos?

Todos os primos subiram rapidamente para se trocarem. Os garotos desceram pela escada algum tempinho depois, trajando roupas elegantes, mas um tanto esportivas. As garotas voltaram horas mais tarde, com vestidos bonitos. Todos os mais jovens já reunidos na sala do Hall; Os familiares passavam para lá e para cá. De vez em quando sobressaltavam-se com os sons de “cracs” que vinham da cozinha, denunciando aparatações e desaparatações.

Quando os garotos já se sentiam monótonos, viram a lareira incendiar-se e de lá sair um pequeno grupo. Os garotos receberam um homem ruivo e esguio, com óculos quadrados encarapitados na ponta do nariz. Ele vestia um terno avermelhado de camurça e tinha sua esposa nos braços, guiando-a como quem traz a rainha aos súditos. A mulher era branquíssima ao ponto da porcelana (tinha uma pintinha pitoresca na maçã do rosto) e com a cabeça formada por caprichosos cachos...Vinha de vestido de gala, com ares austeros (talvez pensasse que iria em uma cerimônia de coroação, não em uma Boda). Atrás deles, os dois filhos Molly e Lucia. Tio Percy cumprimentou os sobrinhos com certa pompa e logo após quis saber onde estava o Pai de Alvo. Depois de receber a vaga informação de Thiago que o Harry deveria chegar logo, ele e a esposa saíram para o jardim, para se juntar com os demais adultos.

Molly, uma menina ruivinha e muito sarnenta da idade de Tiago se juntou ao grupo dos de idade intermediária, enquanto Lúcia, uma moça que se parecia muito mais com a mãe foi se juntar a Victoria, as quais já em poucos minutos estavam absortas em conversas e risinhos.

Os garotos foram chamados para fora pelo Tio Gui, que já tinha uma taça de vinho branco nas mãos, um tantinho sorridente demais. Quando cruzaram a porta d’A Segunda Toca, encontraram o Jardim totalmente mudado. Vários lampiões flutuavam magicamente como balões pálidos à uns quatro metros de altura. O noctívago clima das seis horas e meia (um céu púrpuro indeciso entre seguir anoitecendo ou retornar ao dia que ia morrendo no oeste) ficava mais misterioso e bonito com os reflexos das luzes sob a calçada ladrilhada. Os lampiões se enfileiravam em par, formando um caminho que dava na enorme entrada da tenda de tecido branco fluorescente, com outras aberturas periódicas, nas quais alguns convidados já eram vistos sob a lona, conversando em mesas brancas, cada uma com um vaso de enfeite que os primos haviam preparado sob as ordens da tia Fleur.

Algumas mesas pontuais ficavam do lado de fora da tenda enorme, mas eram totalmente iluminadas pelos lampiões que maninham-se vigilantes metros acima delas. Alvo seguiu o grupo de primos pelo ladrilho dos lampiões, adentrando a tenda.

Identificou a mãe sentada junto aos tios de alvo. O garoto identificou uma cabeça branca e muito barbuda se sobressaindo aos demais em alutra: era seu padrinho Hagrid, conversando, emocionado, com o tio Rony. O avô e a avó Weasley estavam ali também. Todos muito elegantes, rindo e conversando despreocupadamente com outros senhores de idade. A maioria das mesas estavam desocupadas, com exceção de dois ou três com pessoas que o menino nunca tinha visto. Absortos em seus assuntos, bebericando coisas leves antes da festa começar de fato. Mas algo incomodava Alvo. E ninguém parecia notar! Sua mãe agora estava rindo de uma piada que o tio Jorge tinha acabado de contar, como se nada estivesse acontecendo! Os primos já começaram a falar entre si, assuntos tediosos e pachorras. Mas será que eles não sentiram falta de ninguém? Será que eles não percebiam? Como eles não poderiam notar que Harry Potter não estava por ali?

Isso tudo era muito estranho. Afinal, era aniversário de quinze anos de casados! Como sua mãe poderia estar tão bem com o fato do marido ainda não ter chegado, sendo que o relógio já ameaçava marcar as oito horas? Uma musiquinha antipática tocava no fundo... Mais e mais desconhecidos chegavam, procurando seus lugares... Mas Alvo não queria saber deles. “Onde está o meu pai?”

— Eu preciso... Eu vou ali.

Alvo levantou-se e foi para um pequeno coreto que ficava mais para o fundo do Jardim. O lugar tinha uma mesinha onde seu pai costumava sentar para observar a copa das árvores se unir ao horizonte. Sentou-se e fitou o céu. Ele estava de um tom azul marinho, salpicado de muitas estrelas. Um céu sem lua.

— É certeza que aconteceu um roubo no Ministério... — Afirmou o garoto para si mesmo — O quadro disse que encontrou meu pai por lá, parecendo ocupado. Claro. Ele é o chefe dos aurores, ele tem que estar lá.

Alvo agora levantou-se e começou a andar em círculos no coreto fracamente iluminado.

— Tia Hermione também ainda não chegou... — Ponderou — ela é a chefa do Departamento de execução das Leis da Magia... — agora Alvo estava sentado novamente, com a mão na cabeça — mas o que isso tem a ver com o papai? Por que ele tá lá o dia inteiro? Ele poderia deixar alguém por ele... Sei lá...

Não era normal ele se sentir assim. Parece que a noite tinha trazido toda a preocupação que o dia não lhe inspirava. Ele estava demorando demais... Será que alguma coisa tinha acontecido? Não. O pai de Alvo era bom demais. Ele era o melhor auror. Não tinha como. Mas por que ele se sentia estranho, com algo preso na garganta? Toda a história do Professor Ravus, do Elfo Tatcher, do quadro... A mãe estava precisamente preocupada naquela manhã. Ele tinha notado isso. Mas agora ria de piadas, enquanto seu marido ainda estava em algum lugar resolvendo problemas de um roubo de sei lá o que...

“Crack”.

Um ruído seco ecoou pela escuridão. Alvo estacou. Ele conhecia esse som. Alguém havia acabado de aparatar ali. Quem era? Sentiu medo.

O garoto abaixou-se lentamente, procurando não fazer ruído algum. Deitou-se no chão do coreto para observar entre as frestas do corrimão, tentando localizar quem estava andando ali, no meio da noite...

Os passos iam em direção ao coreto. O coração do garoto tamborilava, mas Alvo procurava não respirar, com o rosto no chão áspero e gelado. À porta do coreto, os passos pararam. Deveria gritar socorro agora?

Hominius revelius. Lumus.

Uma luz ofuscante se espalhou por todo o local, deixando alvo cego por alguns segundos. Alvo ficou ali no chão, com a mão no rosto para se proteger da luz que ardia nas suas pupilas.

— O que você está fazendo aí? — A mão forte do homem ajudou o garoto a se levantar. Alvo corou.

— Eu caí.

— Por que você caiu?

— Eu não caí porque quis!

— Boa resposta... — O homem dobrou os joelhos para ficar no mesmo nível de olhar com Alvo. A varinha dele tinha um globo de luz na ponta, que iluminava os dois pares de olhos verdíssimos que se encaravam em meio ao resto todo breu fora do coreto. Ele sorria. Alvo sorriu de volta e o abraçou.

— Eu vim aqui ver o senhor. Sabia que viria para cá...

Harry sorriu para o filho e ambos foram rumo ao jardim.


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Notas finais do capítulo

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※ Até o próximo e YO! ※